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Reportagem: Tim “Ripper” Owens, Toxikull e Speedemon @ RCA Club, Lisboa – 02.10.2022


Mais uma noite dedicada ao heavy metal clássico, a vivida por todos aqueles que se deslocaram ao RCA para assistir ao regresso de Tim Owens (Ripper para os amigos), ao nosso país. Acompanhado por uma banda composta por músicos de excelência, todos eles de nacionalidade espanhola, este concerto inserido na Screaming Iberia 2022 tour, tinha tudo para correr bem. 

Foi o que aconteceu. Mas a história desta noite começou a ser escrita pelos nacionais Speedemon. Depois da aventura em Wacken, onde foram mais uma das bandas nacionais a marcar presença na edição deste ano daquele mítico festival alemão, estes thrashers de Vila Franca de Xira têm estado incansáveis a espalhar a sua música pelos palcos nacionais. Uma semana depois de terem atuado nesta mesma sala, eis que regressam para abrir o concerto de uma das melhores vozes do heavy metal. A setlist assentou, como já vem sendo hábito, no seu álbum de 2019, Hellcome. Este trabalho está repleto de boas “malhas” que resultam muito bem ao vivo. Sobretudo porque os Speedemon as interpretam com bastante energia, tal como o fizeram nesta noite. Está apenas a faltar um novo álbum para que possamos assistir à interpretação de temas novos.

Depois do speed thrash dos Speedemon, era a vez dos também nacionais Toxikull, com o seu heavy metal, também ele speedado o quanto baste. A banda de Cascais vai fazer “mais uma” tournée europeia e embora só volte a tocar em Espanha no próximo dia 28, fez questão de afirmar que este era o espetáculo de arranque da digressão. Na bagagem levam uma mão cheia de temas muito bons. Sobretudo os que têm sido editados sob a forma de singles e que são isso mesmo, temas muito fortes e que valem por si só. O início da atuação foi, no entanto, feito com “Nightraiser”, logo seguido de “Speed Blood Metal”, para uma sala que estava muito bem composta. “Nascida no Cemitério” tem o condão de colocar o público a participar no refrão, gritando 666, para chegarmos a um dos momentos altos da noite com “I Will Rock Again”, que é um autêntico hino ao heavy metal. Outro dos momentos altos foi a interpretação da cover dos Motorhead, “Killed By Death”, que resultou também muito bem. “Metal Defender” e “Cursed and Punished” encerraram mais uma excelente atuação dos Toxikull.

Eram 21h45 quando a banda qua acompanha Tim “Ripper” Owens nesta aventura europeia entrou em palco. Os primeiros acordes de “One On One” começaram a ser escutados e foi sobre fortes aplausos que ele próprio se apresentou. Com um currículo invejável, este americano já emprestou a sua voz a bandas como Judas Priest, Iced Earth e Yngwie Malmsteen. Tem participação ativa em inúmeros projetos, sendo que um dos mais recentes é, nada mais nada menos, com K.K. Downing. A noite prometia, portanto. Os temas de Judas Priest foram-se sucedendo, não apenas aqueles referentes ao período de 1996-2003, em que fez parte da banda inglesa, mas também clássicos como “The Ripper”, que não podia faltar e “Metal Gods”. Foi preciso esperar pelo quinto tema para que emergisse algo da sua fase nos Iced Earth. “When the Eagle Cries” teve o condão de acalmar os ânimos e provar que o Senhor Tim continua detentor de uma poderosa voz. “The Green Manalishi”, tema dos Fleetwood Mac imortalizado pelos Judas foi o tema seguinte, logo seguido da surpresa “Hellfire Thunderbolt”, tema da referida parceria com K. K. Downing e que foi antecedido de alguns solos de guitarra arrepiantes. Tim, sempre simpático, ia cumprimentando o público e fazia caretas para os fotógrafos. Foi altura de lembrar Ronnie James Dio (ele também tem uma banda de tributo a Dio) e o tema escolhido não poderia ser melhor, “The Last in Line” deu para matar saudades daquele pequeno, grande cantor, que Tim afirmou ser o seu vocalista preferido. “Breaking the Law”foi praticamente cantada pelo público e um majestoso solo de bateria serviu de entrada a “Hell Bent For Leather”, que foi seguido por “Electric Eye”. Estávamos a chegar ao final do espetáculo e sem necessidade de fantochadas, o vocalista anunciou que iria cantar os últimos dois temas da noite sem abandonar o palco para voltar a ele no minuto seguinte. “Heaven and Hell”, tema dos Black Sabbath da fase em que Dio era o vocalista foi o primeiro tema escolhido e resultou na perfeição. A atuação de 75 minutos terminou com mais um clássico dos Judas Priest. “Living After Midnight” teve as honras de encerrar em beleza mais um magnifica noite de heavy metal, proporcionada pela Metal´s Alliance.


Texto por António Rodrigues
Fotografia por Tânia Fidalgo
Agradecimentos: Metals Aliance