No passado sábado houve um excelente festim de metal nacional, no RCA Club, com a apresentação de, não um, mas de dois álbuns de duas bandas mais que consagradas do death metal nacional; os Sacred Sin, que trouxeram consigo o seu mais recente trabalho “Storms Over a Dying World” e os Bleeding Display, que nos presentearam com o seu “Dawn Of A Killer”. Coube aos Last Piss Before Death e dos Speedemon as honras de fazerem a abertura do evento.
Com Last Piss Before Death a iniciar o que seria um excelente serão, o som começou logo por ser frenético e ritmado, com aquela pitada de power que tanto se deseja no metal. Edgar Alves trouxe-nos a sua irreverência habitual, tanto na sua prestação durante os temas, como nas alturas em que se dirigia diretamente ao público, que aparentava alguma relutância em se juntar à festa. Edgar lá desafiou o público descendo do palco e juntado-se ao mesmo, o que fez com que existisse uma maior interação. Foram deixados os habituais agradecimentos a todos os envolvidos. Esta é uma banda que tem sempre uma enorme boa disposição e entrega quando estão em palco e que esperamos voltar a ver num futuro breve.
Era então altura de entrarem em cena os Speedemon que iniciaram o seu espetáculo com “Thunderball”. Apesar de alguns problemas técnicos, a entrega do grupo não foi afetada, tendo ainda existindo muito circle pit ao som de temas como “Wall Of Pain”, “Road To Madness” e “Words Of Pain”. Esta, que é uma banda com créditos firmados no panorama da música pesada e no underground nacional, ofereceu aos espectadores uma atuação forte, recheada de velocidade, adrenalina e muita fúria (da boa). O público respondeu-lhes com bastante alegria e energia: circle pits, stage dive e crowdsurfing e muitos sorrisos à mistura.
Tempo então para a entrada em cena dos Bleeding Display - que são sempre uma massagem da boa para os nossos ouvidos - que estavam ali para apresentar o seu mais recente trabalho “Dawn Of A Killer”. Já tínhamos escutado, mas tínhamos alguma curiosidade em ver e ouvir a sua apresentação ao vivo. Pontos altos na sublime tortura sónica com que nos presenteiam: “Basement Torture Killing”, “The Skin”, dedicada a Fábia Abenta; a visita ao álbum "Deviance" e claro, com o tema “Ways To End”, com a participação especial de dois antigos membros da banda, João Ferreira e Alexandre Ribeiro. Sérgio Afonso continua a ser aquele frontman que se transfigura em palco e traz consigo toda a loucura e psicopatia de um qualquer serial killer, tanto na voz, como na sua teatralidade, coberto de sangue e especialmente quando vai buscar aquele machado enorme e o gira e movimenta como se nos fosse despedaçar ali mesmo. Encerraram a noite, que infelizmente foi encurtada, com “Hungry Beast”. Foram sonicamente demolidores, como nós tanto gostamos.
Para o término de uma noite que nos pareceu passar num ápice, foi a vez dos Sacred Sin nos presentearem com temas do seu mais recente trabalho e sétimo álbum, “Storms Over The Dying World”. Como podemos descrever a prestação desta noite? Costa, Tó Pica, Coelho e Ricardo presentearam-nos com um delicioso menu de death metal, do mais puro e clássico, que jamais se perderá nas areias do tempo, que nos transporta para uma qualquer cena da nossa juventude. Mesmo contando já com valentes anos de carreira, continuam a soar frescos e dinâmicos, principalmente para quem os começou a escutar mais recentemente. Arrancaram com “Last Man”, mas foi com aquela melodia tão melancólica de guitarra, tocada por Tó Pica, no tema “Storms Over The Dying World” que a técnica e a destreza de cordas começou a desfilar, também não ficando para trás a bateria que é sempre cadenciada, impiedosa e ressonante, tudo nas mãos de músicos experienciados. O público respondeu com muito mosh, muita cantoria e muito headbanging. Tempo para uma pausa e Costa falou em inglês, uma vez que na plateia estava um amigo vindo da Ucrânia e que lhe seria dedicado o tema “Vipers (Rise from the underground)”, que aborda o tema da união. Foi pedido aos espectadores para fazerem uma (mini) wall of death e assim que arrancou a música estabeleceu se um grande circle pit e muito mosh entre o pessoal. Para fecho de noite, nada como irem buscar “Darkside” com toda a sua brutalidade, que motivou aqueles circle pits furiosos, como se pedem que sejam. Encerraram a noite com chave de ouro com “The Seal Of Nine”, ferozmente cantada em uníssono entre a banda e os seus fãs. Esta foi uma noite que passou a correr, mas que prova que o nosso underground ainda tem muito para dar, seja com bandas sobejamente conhecidas, seja com bandas mais recentes. Um menu variado, com sonoridades distintas, mas que nos prendeu do princípio ao fim. Agradecimentos aos Sacred Sin e a todos os envolvidos pela oportunidade de podermos registar aquilo que foi uma excelente noite!
Texto por Sabena Costa
Fotografias por Rita Almeida
Agradecimentos: Sacred Sin