Nova passagem por Portugal dos californianos Ignite, nesta sua tournée europeia de 2022. Álbum novo e sobretudo um novo vocalista, eram motivos de interesse extra para assistir à atuação dos Ignite. Oportunidade também para assistir aos nacionais Deadly Mind e aos Artigo 21.
O público começou a aparecer cedo e aquando da atuação dos Deadly Mind, já a sala do RCA se encontrava bem composta. A banda do Seixal encontra-se bem ativa no que a concertos diz respeito e este foi mais um. Isto pode ter soado mal, mas para que fique claro, apesar da quantidade, todos esses concertos são dados com alma e muita entrega. Recognize the Threat, álbum de estreia dos Deadly Mind lançado este ano, é um bom trabalho de hardcore e continua a ser o mote para as suas atuações. Com a particularidade de terem dois vocalistas, malhas como “Yes We Can” e “The Way of the Brave” foram cantadas a plenos pulmões e muito bem recebidas por quem assistia. Numa das raras paragens, a banda aproveitou para agradecer e afirmar “sentir muito orgulho por fazer parte disto”. “Not Meant to Be” encerrou a atuação dos Deadly Mind.
Seguiu-se o punk rock dos Artigo 21.
A celebrarem dez anos enquanto banda, a sua sonoridade continua a convidar todos os que assistem, a acompanhá-los a cantar os temas.
A banda lisboeta prometeu novidades para breve, mas por enquanto, foram os temas do homónimo álbum de estreia e de Ilusão que entretiveram (e de que maneira) o público presente no RCA.
Muita animação durante os cinquenta minutos de concerto que teve uma ponta final de luxo com: “Fantasma”, “Espera Por Mim” e “A Nossa Voz”.
Os Ignite não vieram a Portugal provar nada. Bem conhecidos do público português, vieram quando muito, comprovar que continuam a dar bons concertos. Logo que se deu a sua entrada em palco, a loucura tomou posse de um RCA que se encontrava muito bem composto. Uma loucura saudável, daquela que leva a assistência a cantar os temas da banda. São já trinta anos de Ignite, com muitos temas que se tornaram clássicos como “Let it Burn”, ou “Bleeding”. Esta era apenas a segunda data da tour, mas bastaram meia dúzia de temas para que o novo vocalista, Eli Santana, afirmasse que a fasquia tinha ficado alta para o resto da tournée. Não foram apenas os temas antigos a conquistar o público, também os do homónimo novo trabalho o fizeram, com destaque para “The Butcher in Me”. Mesmo a cover dos U2, “Sunday Bloody Sunday”, resultou na perfeição. O baixista Brett, único membro da formação original, recordou a todos a sua primeira passagem pelo nosso país no longínquo ano de 2001 e convidou todos a uma viagem no tempo. Primeiro com “Embrace”, que nos levou a 1998 e de seguida com “Turn”, tema composto em 1993. “Live For Better Days” parecia dar por concluída a atuação desta noite, mas houve ainda tempo para o tradicional encore. “Banned in D.C.”, original dos Bad Brains, seguido de “Veteran” que concluíram um fantástico espetáculo da banda norte americana. Vinte e dois temas ao longo de uma hora e quinze minutos, foi obra.
Mais um excelente concerto promovido pela Hell Xis, conseguindo aliar, como sempre, o que de melhor se faz no estrangeiro, mas também no nosso país.
Texto por António Rodrigues
Fotografia por Rita Almeida
Agradecimentos: Hell Xis