Com o álbum Confrontation a fazer 5 anos, a Metal Imperium esteve à conversa com Luiz Arantes, o simpático guitarrista dos Yellow Dog conspiracy, em busca de novidades, mas também de algumas curiosidades relacionadas com o álbum de estreia.
M.I. - Antes de mais, o nosso agradecimento por nos concederem esta entrevista. Para quem possa ainda não vos conhecer, quem são os The Yellow Dog Conspiracy e quais as vossas influências?
Luiz Arantes: Olá, eu sou Luiz Arantes, guitarrista dos YDC e será um prazer responder às vossas perguntas. Os YDC são uma banda portuguesa de Hard Rock cantado em inglês. Todos nós membros dos YDC, somos roqueiros desde tenra idade e apreciamos muito todo o tipo de Rock, seja ele mais comercial ou mais alternativo. A banda em si foi formada pelo Vice (Vocals) com amigos dele, amadores no princípio, depois passou por várias formações até chegar a formação atual, que conta com músicos profissionais e também amantes do bom Rock. As nossas influências em comum passam pelo Hard Rock californiano, pelo NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal). Para citar alguns nomes: Guns N Roses, Motley Crue, Van Halen, Kiss, Def Leppard, Iron Maiden e também AC/DC e guitarristas virtuosos em geral.
M.I. - Ouvindo o vosso álbum, Confrontation, percebe-se claramente que não se trata de uma banda de jovens músicos curiosos em busca de uma qualquer sonoridade. Vocês têm o vosso som bem definido e sabem a que público querem chegar, correto?
LA: Pode parecer clichê mas na verdade nós não temos esse objetivo comercial de agradar as pessoas de um público específico. Nós fazemos a música que gostamos, para chegar ao ponto máximo de qualidade na criação/arranjo/produção dos temas. E isso tem que nos agradar. O público alvo somos nós mesmos. É a forma mais genuína que conhecemos para dar o nosso melhor. E aí sim, se nós nos orgulharmos do resultado final, talvez hajam mais pessoas com a mesma sintonia e esses serão também apreciadores do que nós fazemos.
M.I. - Como foi trabalhar com Mike Clink?
LA: Foi um processo divertido porque ele estava sempre a pedir mais takes, mais guitarras, mais solos… e fez magia! Acho que o talento do Mike Clink não é obra do acaso. Ele conseguiu arranjar espaço para encaixar as diversas linhas de guitarra sem tornar os arranjos densos. O tratamento dos timbres dos instrumentos e das vozes estão exactamente como nós sempre sonhamos desde miúdos a ouvir as bandas que referi acima. E a parte divertida era sempre a surpresa quando ele enviava os temas misturados. Eu próprio duvidava que ele usasse tanto material de guitarra que eu gravei ao mesmo tempo. Eu julgava que ele iria “escolher” mais e “somar” menos. Confesso que aprendi muito com isso tudo.
M.I. - “Reaching for the Stars”, o single que lançaram em 2020, é um digno sucessor do vosso álbum de estreia. É também um indicador do que está para vir?
LA: Sim! O Reaching é mais um tema de Hard Rock melódico que como a maior parte dos nossos temas nasce na cabeça do Vice, cria forma e depois é estruturado e amadurecido por mim, mas na verdade eu não altero muita coisa. Acrescento umas partes e trabalho as partes das guitarras. Essa foi basicamente a fórmula para o Confrontation. Há mais temas, prontos a serem gravados e esperamos lançar um segundo álbum em breve, onde o Reaching vai fazer parte.
M.I. - Com tantos músicos experientes na formação, é por vezes difícil reunir a banda?
Sim… todos nós temos imenso trabalho fora dos YDC e nós não temos uma rotina fixa de ensaios. Nós trabalhamos por fases. Estávamos focados em tocar mais ao vivo quando entrou a pandemia e arrefeceu as nossas ideias. E tudo isso não nos deixou motivados para trabalhar num novo disco, mas agora com a esperança de voltarmos a viver normalmente vamos nos organizar para concretizar o nosso segundo disco e também retornar aos concertos ao vivo. E nós só nos preocupamos em nos reunir para trabalhar ou ensaiar quando temos uma perspectiva de alguma coisa, seja um disco ou um concerto importante.
M.I. - Para quando um novo álbum?
LA: 2023 certamente.
M.I. - Um tema cantado em português, está fora de questão?
Não faz sentido para nós. Os YDC são uma fantasia nossa, é quase como manter acesa a chama que nos empurrou para o universo do Rock, a sonoridade das bandas que sempre gostámos, etc… E tudo isso é em inglês. Quando fazemos música, gostamos de ter a sensação que essa música poderia ter sido posta no mundo através de uma das super-bandas que nos inspiram. No entanto, como a filosofia da banda é fazer o que nos deixar feliz, um dia quem sabe um de nós apareça com uma música em português. Mas acho difícil…
M.I. - Atravessado este período de restrições, podemos esperar assistir em breve a concertos vossos?
LA: É a nossa vontade. Estamos agora a trabalhar com um novo manager/booking agente. Isso deve significar novos concertos para breve.
M.I. - Um enorme agradecimento pela vossa disponibilidade. Existe alguma mensagem que queiram deixar aos nossos leitores
LA: O agradecimento é nosso. É sempre uma honra poder divulgar o nosso trabalho, que é tão precioso para nós, conforme tive a oportunidade de explicar.
A mensagem que posso deixar é simplesmente ouçam a música que gostam. Não se deixem levar pelo que a mídia nos impinge através de rádio, televisão e internet com as suas redes sociais altamente manipuladas e as grandes mentiras sobre os números de visualizações dos youtubes e spotifies da vida. Nada se torna viral espontaneamente, todos os fenómenos culturais que vivemos são orquestrados. E nesse momento vivemos um processo de “emburrecimento” cultural, onde as artes foram vandalizadas, em particular a música. Música boa é restringida e posta de parte ou “escondida” pelas plataformas enquanto a música que serve a interesses obscuros se impõe e se apresenta como “nova tendência” cultural… ou no caso “descultural”. Em resumo, temos de criar a nossa própria frequência para não nos deixar contaminar. E isso passa por selecionar muito bem tudo o que vemos e ouvimos diariamente. Cuidem-se! A saúde cultural também requer manutenção assim como a saúde física. Um grande abraço a todos!
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Entrevista por António Rodrigues