About Me

Entrevista aos SteelAwake


Estivemos à conversa com João Mourata, vocalista dos SteelAwake, para ficarmos a saber um pouco mais desta banda do Barreiro. A sua formação, projetos para o futuro e ainda a opinião sobre o estado da música em Portugal. Estes e outros assuntos nas linhas que se seguem:

M.I. – Muito obrigado por aceitarem o nosso convite para esta entrevista. Podem falar-nos um pouco sobre vocês? Quem são os SteelAwake?

Os SteelAwake são da margem sul, mais concretamente do Barreiro. Somos uma banda de heavy metal formada em finais de 2014, não com a formação atual e na altura não era este som que tínhamos, mas as bases fundamentais já lá estavam.
É composta atualmente por João Mourata na voz, Tiago Vilar no baixo, Filipe Freire na bateria e Tó Pê Félix na guitarra. 
Da formação original contamos com a presença do Filipe e do Tó Pê.


M.I. – No que diz respeito a influências, que bandas poderão influenciar a vossa sonoridade?

Não referindo bandas em concreto, as influências giram em torno de bandas de rock e metal desde os anos 70 até às bandas mais contemporâneas. Cada um de nós têm influências semelhantes, mas também temos outras completamente distintas e talvez seja aí que a fusão resulta bem e no som que temos.


M.I. – Esse primeiro álbum, em que estado se encontra?

É vontade comum fazermos o álbum e temos definido as músicas que queremos lá colocar. No entanto falta-nos tempo e disponibilidade financeira para fazer aquilo que realmente queremos. Conciliar a vida pessoal de cada um de nós com a banda muitas das vezes é complicado.
É complicado por vezes termos tempo para ensaiar, mas por amor ao que fazemos não temos desistido, apesar que em diversas alturas se ponderou fazer isso.
Gostaríamos de responder que temos uma previsão de quando irá ser feito o álbum, mas de momento não está definido.


M.I. – Nós estivemos presentes recentemente no vosso concerto com os Rebellion, logo seguido da primeira parte com os The Chapter, ambas boas atuações, parabéns. Se esta atividade toda existe ainda sem o álbum, quando ele sair, podemos esperar ainda mais concertos vossos?

Claro que sim! 
Apesar de não termos nada agendado de momento, temos intenção de voltar a tocar em palco.
Agora que há mais liberdade após a pandemia, as pessoas querem voltar a ter eventos de música ao vivo e nós fazemos certamente parte daqueles que têm vontade de mostrar o trabalho que fizemos.
Se bem que o pessoal ainda torce um bocado o nariz quanto às bandas de originais porque não conhecem o material ou acham que não vai ter público e por vezes acabam por privilegiar bandas de covers ou de tributo. 


M.I. – Podem descrever o vosso processo de composição?

A nível melódico a maior parte do trabalho é feita pelo Tó Pê. Aconteceu bastantes vezes trazer já melodias de casa a fermentar. Quando estamos na sala de ensaios facilmente se junta o resto dos ingredientes e entre nós chegamos a um consenso do que fica melhor ou não. 
Muitas vezes também surgem de " jams " e como gravamos todos os nossos ensaios conseguimos extrair de lá diversas ideias.
As letras, todos nós contribuímos também. Depois é só uma questão de fazermos uma música para essa letra ou tentar encaixar uma letra numa música que ainda não a tivesse.
Felizmente temos um grupo coeso e trabalhamos bem em conjunto.


M.I. –Cantar em inglês foi sempre a opção lógica?

Nunca excluímos o português, mas foi sempre de opinião geral escrever em inglês.
Escrever em português exige que seja algo muito bem escrito com pés e cabeça, com uma linguagem mais elaborada. Se assim não for, caímos no risco de soar vulgar ou iria soar a pimbalhada com riffs de metal por trás.
Quando escrevemos em inglês também temos cuidado com o conteúdo e esforçamo-nos para que além de soar bem, também esteja bem quando se lê.
São histórias contadas, algumas delas com a devida encenação teatral e não apenas palavras em inglês despejadas à toa só para soar bem.


M.I. – Que impacto tiveram as restrições pandémicas nos SteelAwake?

Visto que isto não é o nosso "ganha-pão" sinceramente não nos afetou muito. Apenas contribuiu para um atraso em mostrar o trabalho novo. 
A formação sempre contou com dois guitarristas, mas em 2018 saiu um e andamos um bocado à deriva sem saber ao certo que direção havíamos de tomar.
Acabamos por concluir que foi uma mudança positiva e delineamos o que havíamos de fazer. 
Conseguimos fazer um trabalho bastante diferente do que fazíamos, mantendo o conteúdo do heavy mas com um " flavour" diferente. 
Quando finalmente estávamos prontos para apresentar o nosso trabalho, surge a pandemia. 
Portanto, teve que ser tudo adiado até outubro do ano passado que foi quando tocamos no Hollywood Spot e finalmente aparecemos como quarteto!


M.I. – Qual a vossa opinião sobre o estado atual da música em Portugal? O que entendem estar bem e o que deveria ser alterado?

Por um lado, felizmente temos excelentes artistas a fazer boa música.
Por outro lado, não têm o devido mérito atribuído. 
Pelo meio, alguns tendem a iludir-se com programas caça-talentos à espera de terem sucesso da noite para o dia.
O mercado está saturado de artistas bons e outros não tão bons. 
A oferta é mais que muita e vê-se bem isso pelo YouTube e redes sociais.
O público gosta de ver e ouvir as bandas, mas quando chega a altura de pagar já não acham tanta piada. 
Há excelentes bandas de originais a ir tocar por remunerações baixíssimas que por vezes mal cobrem os custos inerentes.
Muitas bandas ficam pelo caminho, uma ou outra conseguem chegar mais longe e outras vão se mantendo porque gostam realmente do que fazem e é um gosto fazer música e mostrar os frutos de horas e horas dedicadas a compor.  


M.I. – Alguma mensagem que queiram deixar aos nossos leitores?

Apoiem as bandas nacionais porque não são só os artistas internacionais que fazem boa música.
Participem nos eventos, ouçam as novidades! Ainda temos muitos bons artistas a compor como deve ser!


Entrevista por António Rodrigues