Mais um concerto da Hell Xis Agency, mais uma grande banda a visitar o nosso país e mais uma casa cheia. Esta fórmula tem resultado com sucesso e promete continuar a garantir bons resultados para gáudio dos apreciadores de punk e hardcore. Desta vez foram os The Toy Dolls e logo com duas datas, Lisboa e Porto, respetivamente. O motivo desta tournée, que arrancou no passado dia 13 de maio na Holanda, prende-se com a celebração dos 42 anos dos Toy dolls enquanto banda (40 + 2, para sermos mais precisos). Nestas duas datas em Portugal estiveram presentes os veteranos Mata Ratos, também eles a celebrarem 40 anos de atividade.
Dá gosto ver uma sala bem composta de publico logo quando a primeira banda começa a sua atuação. Foi o que aconteceu com os Mata Ratos que, ao subirem ao palco pelas 21h50 encontraram um LAV cheio, aguardando pela sua música infame. Esta iria ser uma noite de clássicos, garantidamente, e os Mata Ratos também tinham os seus para descarregar na sala lisboeta. “Napalm na Rua Sésamo” parece ter ganho lugar cativo no topo da setlist, tantas vezes é a escolhida para iniciar os seus concertos. O público conhece as letras e não se fez rogado, cantando este e outros temas com a banda. É complicado destacar uma, ou outra música, tal a quantidade e qualidade das mesmas, mas estaríamos a mentir se não referíssemos que aquelas em que houve uma maior participação foram: “Outra Rodada”, “C.C.M.”, “Amor Eterno” e “Leis de Merda”, tema que encerrou o concerto. Muita agitação em frente do palco, do princípio ao final dos 45 minutos de atuação, sinal claro de que estes portugueses também tinham o seu publico na sala.
Muita curiosidade para assistir ao regresso dos Toy Dolls ao nosso país. Apesar dos inevitáveis adiamentos o concerto lá se realizou e o público acudiu à chamada, quase esgotando a sala LAV. Esta lendária banda inglesa que toca, o que muitos designam por “fun punk”, apresentou-se com uma indumentária apropriada ao seu estilo musical, onde não faltavam os óculos escuros com uma armação fluorescente. A imagem e a coreografia em cima do palco são muito importantes para este trio, sobretudo para Tommy e Olga que conseguem enchê-lo, através das suas constantes corridas de uma ponta a outra. No que diz respeito à música, sejamos claros, o público ansiava pelos clássicos e a banda sabia disso, não sendo surpresa nenhuma que o álbum mais visitado nesta noite tenha sido precisamente o primeiro, Dig That Groove Baby, lançado no longínquo ano de 1983. Após uma curta introdução onde se ouviu a tradicional “Happy Birthday to You”, logo seguida de um excerto de “Hello”, de Lionel Richie, a banda atacou de imediato com “Fiery Jack”, o que fez estalar o rebuliço entre o público. Sempre agradecendo com um muito bem pronunciado “obrigado”, o concerto foi decorrendo com muito crowdsurfing entre a assistência. A temperatura subia na sala e após “Dougy Giro”, todos os músicos se libertaram dos casacos e gravatas. Olga disse estar com sede e foi-lhe trazida uma garrafa de plástico maior que ele – só aceitou esse tamanho – que, ao ser aberta, libertou confettis para a assistência, estava dado o sinal para “The Lambrusco Kid”, que foi seguida por “She´s a Worky Ticket”. Se existe um tema que não pode faltar nos concertos de Toy Dolls ele é “Nellie the Elephant” e o público cantou-o de ponta a ponta, tal como o fez em “She Goes to Finos”. Após uma espécie de “drum solo”, em que Olga aproveitou para distribuir pelo público alguns exemplares de óculos iguais aos que estava a usar e também para trocar de guitarra, assim como Tommy trocou de baixo, a banda interpretou um tema dos The Surfaris, “Wipe Out”, com a curiosidade de os instrumentos de cordas agora usados rodarem, muito ao estilo dos mariachis mexicanos, em mais um momento divertido deste concerto. Ao voltarem para o primeiro encore, Olga trazia uma guitarra de três braços (não me perguntem porquê, pois ele apenas usou um), para tocar a tão aguardada “Dig That Groove Baby” e a sala parecia vir abaixo. Depois de nova saída do palco os Toy Dolls voltaram para um segundo encore. Desta vez para tocarem: “Glenda and the Test Tube Baby”, com toda a sala a cantar e, por fim, “Idle Gossip”, que pôs fim a mais de uma hora de concerto onde foram tocadas mais de vinte músicas, se lançaram muitos confettis e até balões.
Mais do que um concerto, este espetáculo foi uma autêntica festa de onde todos saíram divertidos, animados e com vontade de repetir numa próxima oportunidade.
(ver mais fotografias do evento aqui)
Texto por António Rodrigues
Fotografia por Joana Alexandra
Agradecimentos: Hell Xis