Nova passagem dos Sick of it All por Portugal. Oportunidade que foi aproveitada por muitos para ver, ou rever, estes gigantes da cena hardcore nova iorquina. Sem nenhum álbum novo para apresentar (Wake the Sleeping Dragon data já de finais de 2018), isso não se revelou impeditivo para uma tournée de sucesso, como a que estão a levar a cabo. Este concerto foi exemplo disso mesmo. Sala praticamente esgotada a uma quarta-feira, num concerto que contava ainda com os Crab Monsters e os Trinta e Um.
Quem assiste a um concerto dos Crab Monsters não consegue ficar indiferente à descarga de energia que tem lugar no palco e fora dele, invariavelmente. O vocalista Granada e restante banda oferecem atuações de grande qualidade, provando serem uma das melhores bandas nacionais no que diz respeito a concertos. O Espetáculo destes nortenhos foi semelhante à sua música: curto e direto. Foram 30 minutos de punk/hardcore sem interrupções, tempo para quase uma vintena de temas retirados dos seus dois trabalhos: High on Guts, de 2019 e Piss Wizard, do passado ano. Apesar de a sua atuação ter sido para meia casa, podemos dizer que a segunda metade do set foi de altíssimo nível, conseguindo pôr todos os presentes a mexer.
Ninguém quis perder o concerto dos Trinta e Um. Afastados dos palcos há algum tempo, tiveram o privilégio de no seu regresso, voltar e encontrar uma sala cheia, desejosa de reviver os seus temas, alguns deles clássicos como “O Cavalo Mata”, ou “Coma 85”. A própria banda estava com “fome de palco” e Zé Goblin admitiu mesmo ter bastantes saudades daquele ambiente. Foi notório algum descontentamento pelos 35 minutos a que tiveram direito - pareceu realmente pouco - tendo em conta o clima de festa que se vivia no RCA. O stage diving nesta noite começou mesmo ao som de “O Cavalo Mata”, para nunca mais parar. O hardcore de Linda-A-Velha e também nacional, não podia estar mais bem representado. Os Trinta e Um fizeram jus ao seu lema e foram “até ao fim”, pelo menos no que à entrega diz respeito. Existe algo inerente a este género musical que dificilmente se conseguirá explicar. Sempre que “toca a unir”, os apreciadores de punk e hardcore fazem questão de dizer “presente”. Volto a lembrar que estamos a falar de uma noite de quarta-feira e o RCA estava “ao barrote”.
Os Sick of it All são também um nome sonante dentro do género e as suas visitas ao nosso país são sempre sinónimo de bom espetáculo. “Death or Jail” deu início a uma hora de atuação, que deu para percorrer a sua longa discografia, com especial destaque para o já velhinho Blood, Sweat, and No Tears de 1989, de onde saíram malhas como: “Clobberin´ Time”; “Rat Pack” e “My Life”, por exemplo. Que dizer do público? Bem, este mostrou-se conhecedor dos temas e ajudou a cantar praticamente todos eles, havendo ainda lugar a Stage diving e mosh pit, sem interrupções. Quanto à banda? Esta mostrou-se irrequieta e enérgica, sobretudo os irmãos Koller. Os 35 anos que levam a fazer isto não parece cansá-los ou aborrecê-los. Para o final ficaram: “Machete”, “Good Lookin´ Out” e “Scratch the Surface”. Sem teatros de saída e reentradas em palco, a banda de Queens anunciou que iria tocar o último tema e esse foi “Step Down”.
Mais uma aposta ganha da Hell Xis Agency que continua a trazer grandes bandas ao nosso país. Venham muitas mais noites assim.
(ver mais fotografias do evento, aqui)
Texto por António Rodrigues
Fotografias por Sabena Santos Costa
Agradecimentos: Hell Xis Agency
