O projeto de Cavernância pode não encaixar no que Wiegedood faz na atualidade, mas como que completa perfeitamente o rooster sonoro que a Amplificasom tem vindo a instituir ao longo destes anos em que marca terreno na cena nacional.
Drone instrumental, one man only project, viajando por tapetes instrumentais. Com apenas dois lançamentos, ambos em tape, o também fotógrafo Pedro Roque trouxe uma atuação assente no recente «Manto». Entre o operador de cabina e o feiticeiro dos ficheiros wav, Pedro manipulou os sons e deixou-se tomar por eles, numa aparente derrota e nascimento de um caos que concluiu a performance e o levou a abandonar a sala enquanto ecoavam os últimos decibéis. Catártico e experimental, resultando numa boa introdução para o que aí vinha.
Quando se tem um dos melhores discos de black metal do ano, até ao momento, e quando nele se encontra um malhão como «FN SCAR 16», é natural que se queira deixar de reserva para o final do concerto. Com o trio belga não foi assim que aconteceu. Logo na abertura, tal como no álbum, meteram a faixa a rolar. Foi uma forma de dizerem ao que vinham, ou de preparar o público para o que vinham. Wiegedood já tiveram mais gente a assistir aos seus concertos no Hard Club, mas este foi, sem dúvida o mais intenso, fruto do conteúdo em «There's Always Blood At The End Of The Road». Quase tudo se baseou neste disco, praticamente tocado na integra, com excepção de «Wade» e «Theft And Begging», substituídas por dois temas do segundo álbum da banda, incluindo a faixa título.
«Noblesse Oblige Richesse Oblige», marcou o regresso ao disco e sumarizou a perfeita harmonia entre black metal cru e o novo som, com momentos atmosféricos, que caracteriza o estilo nesta década. Ao vivo, o tema ainda se revelou mais visceral e terá sido uma das melhores faixas de uma noite que pode ter terminado sem encore, mas foi, sem dúvida, intensa.
Reportagem por Emanuel Ferreira
Agradecimentos: Amplificasom