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Reportagem: Sacri Monti, Kaleidobolt e It Was the Elf @ RCA Club, Lisboa – 19/05/2022


Era grande o entusiasmo em torno deste concerto, tivesse ele ocorrido durante um final de semana e a aderência do público seria muito mais significativa. As razões para tal sentimento eram várias: poder assistir a um concerto dos It Was the Elf na grande Lisboa não acontece todos os dias e merece ser devidamente aproveitado; o regresso dos Kaleidobolt a Portugal, cinco anos depois e sobretudo, os cabeças de cartaz, Sacri Monti, que têm vindo a acumular fãs no nosso país a cada passagem por terras lusas.
Diretamente da Serra da Estrela vieram os It Was the Elf, com o seu stoner rock salpicado aqui e ali de alguns blues. Musicalmente muito interessantes, este quarteto teve uma atuação muito positiva, iniciada com “Nature´s Son”, retirada do seu mais recente trabalho, Ancestors. Na verdade, todos os temas interpretados esta noite foram provenientes desse álbum, exceção feita para “The Mountain´s Elder”. A ausência de público que se fazia ainda notar não beliscou a forma como a banda se entregou ao espetáculo desta noite, de corpo e alma. Após os 30 minutos a que os It Was the Elf tiveram direito, chegou a vez dos Kaleidobolt.
Eram 21h15 quando este trio finlandês começou a debitar os seus temas. Com o novo álbum lançado já no decorrer deste mês, era respeitável que o público fosse presenteado com muito material novo, mas tal não sucedeu. Sampo, Marco e Márten optaram por uma atuação segura, onde não faltaram malhas como: “Deadpan Blues” e “I Am the Seer”, que teve honras de abertura. O rock progressivo e psicadélico dos Kaleidobolt é uma autêntica viagem numa montanha-russa. A sua música está cheia de curvas apertadas, inversões de sentido, não nos deixando antever o caminho que vão seguir, que é como quem diz, que notas vão tocar. “I Should Be Running” é um perfeito exemplo disso mesmo. Foi o tema mais pesado da noite, com um solo de baixo e um trabalho de bateria fenomenal. “Another Toothpick” encerrou um espetáculo de 45 minutos, nos quais os Kaleidobolt ganharam mais seguidores, seguramente.
Faltavam os Sacri Monti para encerrarem esta fantástica noite promovida pela Amazing Events. Contando nas suas fileiras com o baixista Anthony Meier, que muitos podem conhecer dos Radio Moscow, as visitas destes californianos ao nosso país criaram uma empatia com o público português que foi perfeitamente visível logo que o espetáculo teve início, pelas 22h25. Recheado de excelentes músicos, a banda conta na sua discografia, para além do célebre e homónimo álbum de estreia, com Waiting Room for the Magic Hour, lançado em 2019. Foi do primeiro que saiu um dos melhores momentos da noite, “Sitting Around in a Restless Dream”, com um sintetizador a fazer recordar os míticos Hawkwind, os Sacri Monti são mesmo um nome de respeito no que diz respeito a rock psicadélico. Por esta altura já o público pedia um solo de bateria, e teve direito a ele, momento aproveitado para, inclusive, a troca de uma corda de guitarra e um pezinho de dança com o vocalista dos Kaleidobolt, que subiu ao palco para esse fim. Uma atuação de mais de hora e meia recheada de boa música, que serviu até para a interpretação de temas novos, sinal claro de que um novo álbum se encontra a caminho.


Texto por António Rodrigues
Fotografia por Igor Ferreira

Agradecimentos: Amazing Events