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Reportagem: Earthless, MaidaVale e The Black Wizards @ Hard Club, Porto - 15/05/2022


Earthless e MaidaVale regressaram a Portugal, depois de em 2019 já terem partilhado o cartaz do festival Sonic Blast. Trio americano e quarteto sueco voltou assim a pisar terreno nacional.
Naturalmente que Earthless eram o alvo das atenções. Com «Night Parade of One Hundred Demons», o disco mais recente, o grupo voltou a marcar posição. Talvez por isso, as três faixas do disco, tivessem servido para abrir o concerto. Isaiah Mitchell surgiu naturalmente, a dominar plenamente a guitarra, tirando notas atrás de notas das seis cordas. Por vezes usando slide guitar, outras recorrendo a efeitos dos pedais, o músico é um virtuoso do instrumento. Não no sentido de shredder, mas no de alguém que toca com sentimento, criando emoções a cada nota que produz. Os restantes músicos também não ficam atrás, embora não sendo virtuosos. Mike Eginton é um exemplo de solidez, usando o seu instrumento quase como um contrabaixo. Aliás, a sua postura é muito jazzy, na forma como aborda o baixo para fazer deste a trave mestra do ritmo. O baterista Mario Rubalcaba fica entre os dois. Por vezes sólido, num ritmo quase monolítico, noutro brincando nas peles e criando ritmos desafiantes para Isaiah.  Tudo resulta naquele trio e a música praticamente prescinde de letra, para ela própria fazer sentir o desenrolar de uma narrativa.
Com as suecas MaidaVale, o jogo é outro. Há ali rock, psych, mas também uma piscadela ao pop, principalmente na multifacetada Matilda Roth, vocalista, mas também teclista, guitarrista e percussionista. A secção rítmica é puramente rock, mas sempre discreta. Também a guitarrista Sofia Ström se manteve quase sempre apagada, embora seja a mais musical de todas. À sua compenetração, associa bons acordes de guitarra. Se MaidaVale conseguiu prender a atenção nesta noite de guitarras, muito o deveu a ela. Na abertura, e apenas para a data nacional, The Black Wizards. 
Era o fim de uma longa digressão europeia, realizada sob a forma de trio. Na bateria, a regressada Helena traz sentimento, onde anda havia tecnicismo. Não resulta melhor, nem pior, apenas diferente, porventura mais adequado a este formato que subiu ao palco do Hard Club. Joana Brito fica um pouco só na guitarra, ou pelo menos assim pode parecer, para quem conhecia a banda em formato de quarteto. O impacto resulta mais atenuado, porque o baixista Zé Roberto é mais interventivo. O seu baixo não se limita a marcar o ritmo, mas assume também algum do protagonismo que antes estava nas seis cordas. É o contraponto que a guitarra de Joana precisava, servindo também de frontman em certos momentos. O novo disco, resultou plenamente neste formato, em particular o tema «Kaleidoscope Eyes». Resta esperar pela evolução natural do agora (?) trio.

Texto e fotografias por Freebird
Agradecimentos: SonicBlast Fest