Esteve para ser um dilema de difícil resolução, poder assistir ao concerto destas duas bandas este ano. Os mais atentos devem estar lembrados que, numa primeira fase, estes artistas foram anunciados para o mesmo dia, em salas diferentes. Felizmente, a Everything is New conseguiu juntar estes dois gigantes num evento único, inserido na Top Of the World Tour e resolver assim um problema que aflige os comuns mortais, o de não conseguir estar em dois locais ao mesmo tempo.
Cancelado o seu concerto de promoção a Lightwork, o seu próximo trabalho, com data de lançamento adiada para setembro, o canadiano apostou numa setlist que percorreu a sua extensa carreira. O primeiro tema foi “Failure”, para um recinto muito bem composto, sinal claro de que Devin Townsend é muito mais que uma qualquer banda de abertura. Talvez por isso tenha tido direito a uma hora de atuação, tempo suficiente para este multifacetado artista visitar alguns dos seus inúmeros projetos: Devin Townsend Band; Devin Townsend Project e Strapping Young Lad. Quem também não ficou de fora foi a carismática personagem Ziltoid, através da música “By Your Command”. Apesar de ser um dos seus temas mais calmos, “Deadhead” cativou o público, que o ajudou a cantar do princípio ao fim.
Fazendo-se acompanhar sempre de excelentes músicos, é de salientar que Devin Townsend não abdica de executar ele próprio praticamente todos os solos de guitarra. Sempre muito comunicativo e bem-disposto, encerrou sua atuação com “More!”, que parecia ser exatamente o que o público desejava… mais.
Ao contrário do que aconteceu aquando da sua última passagem pelo nosso país, os Dream Theater não apostaram em tocar o seu novo álbum na integra, apostando antes numa mescla de temas. Havia, no entanto, que promover A View From the Top of the World e não foi de estranhar que tenham começado precisamente por aí, com “The Alien”. Pouco passava das 21h00 e o Campo Pequeno estava muito perto da sua lotação máxima para receber estes monstros do metal progressivo. Com uma fiel legião de fãs no nosso país, os seus concertos em solo luso são sempre muito requisitados. James LaBrie sabe disso e após o segundo tema da noite, aproveitou para agradecer ao público, afirmando que tinha também muitas saudades de todo aquele ambiente.
A bateria de Mangini parece mais leve, com menos elementos, mas o som que dela extrai permanece inalterável. Os Dream Theater são compostos por músicos de excelência, não é segredo, e Petrucci comprovou isso mesmo na interpretação de “Endless Sacrifice”. Um momento, no mínimo arrepiante, difícil de explicar por palavras, é necessário estar lá e senti-lo. James LaBrie voltou a falar com o público, recordando a recente conquista de um Grammy. “Finalmente”, referiu ele, lembrando que foram necessárias sete nomeações. Agradeceu novamente a todos os presentes e também a Devin Townsend, um excelente músico que, na sua opinião, é também ele merecedor de um Grammy. O importante é celebrar a música, continuou, pois esta é universal. Anunciou um novo tema: “Invisible Monster”, um dos temas fortes do último trabalho de originais.
Depois de “About to Crash” e “The Ministry of Lost Souls”, foi tempo de regressar a “A View From the Top of the World” e logo com a faixa título. Parecia que o concerto estava concluído, mas foi puro engano, a banda regressou a palco para interpretar “The Count of Tuscany”, tema com perto de vinte minutos de duração.
Espetáculo de uma imensa qualidade, não só musicalmente como também visualmente, carregado de belas imagens sempre a passarem em pano de fundo, o que faz com que os concertos de Dream Theater sejam uma experiência que queiramos sempre repetir.
Texto por António Rodrigues
Fotografia por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Everything Is New