Casa cheia no RCA Club para este concerto que era, segundo o promotor, o maior concerto desde a pandemia, envolvendo bandas internacionais. Como não concordar? O cartaz falava por si, fazendo as delícias dos apreciadores de música punk.
Desde o oi dos Lion´s Law até ao punk dos The Exploited, sem nos esquecermos do punk hardcore dos The Casualties. Não era, pois, admiração nenhuma que estivesse esgotado, bastava juntar cerveja e estavam reunidos os ingredientes necessários para uma noite de festa. Às 20h45 começou-se a ouvir o tema que serve de introdução ao mais recente trabalho dos Lion´s Law, “The Pain, The Blood and the Sword”. Este álbum de 2020 foi mesmo o mote para o espetáculo destes parisienses, que não se cansaram de referir o quanto estavam contentes por tocar pela primeira vez no nosso país. Claro que clássicos como “Lafayette” e “I Don´t Give a Damn” não podiam ser deixadas de parte e foram mesmo responsáveis pelo início do stage diving desta noite. Foi uma sala cheia e claramente satisfeita que se despediu dos Lion´s Law ao som de “For My Clan”, outro clássico.
Os The Casualties subiram ao palco do RCA enquanto se ouvia “I Fought the Law”, tema dos The Clash e não foi preciso esperar muito para que “1312” saísse com estrondo dos amplificadores da sala, logo seguida de “Chaos Sound”. O palco não era pertença exclusiva dos músicos e por diversas vezes o público superava-os em número em cima deste. Nada que importasse o vocalista David Rodriguez que até incentivava a audiência a subir para junto dele. “Written in Blood” foi dedicada aos The Exploited, banda com quem partilham esta tournée europeia e “So Much Hate” a todos os políticos portugueses (trata-se de um concerto punk, convém recordar). O tema “Lost” foi cantado no meio do público, lá em baixo, onde aproveitou para preparar ele próprio uma wall of death para “Riot”, que era o tema seguinte. O espetáculo de 40 minutos destes nova iorquinos terminou de forma memorável, com o palco repleto de espetadores a cantar “We Are All We Have”.
Faltava apenas a atuação da banda cabeça de cartaz, os Exploited, seguramente das mais antigas do movimento punk, que se encontra ainda no ativo. Com várias visitas feitas ao nosso país, o publico português sabe que pode contar sempre com um grande concerto por parte dos escoceses, desde que não se registem princípios de enfarte em palco, como o de há oito anos atrás. Wattie Buchan até brincou com a situação assim que terminou o primeiro tema: “Let´s Start a War (Said Maggie One Day)”. Esta foi apenas o início de um desfilar de “malhas”, daquelas que forjaram a longa carreira desta banda. Eram essas mesmas músicas que o público queria ouvir. Clássicos, sobretudo os extraídas do álbum “Punk´s Not Death” de 1981 e que levaram o caos que se fazia sentir no RCA para um nível extremo. “UK 82”, “Chaos is My Life”, “Alternative”, sem esquecer a cover dos The Vibrators, “Troops of Tomorrow”, foram apenas alguns dos temas que deliciaram o publico presente. A banda dos irmãos Buchan tocou ainda: “Cop Cars”, “Fuck the System” e “Fuck the U.S.A.”, esta com a ajuda de David Rodriguez nos coros, guardando para o tradicional encore: “Sex & Violence”, que seria interpretada por duas vezes, a primeira delas com o público a cantar, apoderando-se dos microfones. Depois, “Punks Not Death” e por fim “It Wasn´t Me”, que poria fim a uma atuação de uma hora e quinze minutos, novamente com a assistência a invadir o palco para cantar o tema.Excelente concerto com o selo Hell Xis. Cartaz com nomes sonantes e público fantástico que se apresentou no evento a tempo de ver e ouvir todas as bandas que tocavam nesta noite, provando inequivocamente que o punk está longe de estar morto.
Texto por António Rodrigues
Fotografias por Sabena Costa
Agradecimentos: Hell Xis
