Tudo parece estar de regresso à normalidade, com concertos e outros eventos ao vivo a decorrerem um pouco por todo o país. Quem se deslocou nesta noite ao Coliseu de Lisboa foi brindado com uma grande noite de rock n´roll, num cartaz onde, para além dos Eagles of Death Metal (EODM para os amigos), figuravam também os Dead Sara, que se revelaram uma agradável surpresa.
A novidade desta noite foi a ausência de máscaras. Elas deixaram de ser obrigatórias e pareceu até estranho não as ver ser usadas pelo público presente. Outra curiosidade foi a ausência de público nas bancadas. Os Eagles of Death Metal pediram, através do pessoal da organização do evento, para que não fossem usadas e os espetadores ficassem pela plateia. O resultado foi interessante, já que sem o público disperso pelas bancadas o ambiente ficou mais festivo ao nível do solo.
Foi esse mesmo ambiente que os Dead Sara encontraram quando entraram em palco, pelas 21h00. Apesar de pouco conhecidos em Portugal, esta banda de Los Angeles conta já com vinte anos de carreira e alguns êxitos no seu currículo, como “Weatherman”. A vocalista Emily Armstrong, detentora de uma grande voz, esteve sempre a puxar pelo público, convidando-o a cantar e conseguindo-o. Este quarteto americano deixou Portugal, nesta sua primeira passagem pelo nosso país, com mais fãs do que tinham antes de ser tocado o primeiro acorde da noite. Com apenas uma guitarra em palco, já que Emily largou a sua logo após o segundo tema, o grupo soltou-se, revelando a qualidade dos seus elementos, onde se destaca o baterista Sean Friday. “Heroes”, “Hypnotic” e “Mona Lisa” foram algumas das outras músicas possíveis nestes trinta minutos de atuação.
Pelas 22h00 começou-se a ouvir o clássico “We Are Family” das Sisters Sledge. Foi ao som deste tema disco que os EODM entraram no palco e dançaram durante a sua duração. Ficou logo a sensação de que a noite iria ser de diversão, com Jesse Hughes muito comunicativo, usando e abusando do termo motherfuckers, sempre que se referia ao publico, aos elementos da banda, enfim… a todos.
Com uma mão cheia de temas “orelhudos” no currículo, clássicos como “Anything ´Cept the Truth”, “Silverlake (K.S.O.F.M) e “Cherry Cola” não podiam ficar de fora. Todos eles temas garage rock, alegres e bem-dispostos, daqueles que fazem abanar o esqueleto, contrastando claramente com o momento triste que estes californianos foram obrigados a viver no ano de 2015, em França. Apesar de tudo, alguns dos momentos altos desta noite fizeram-se ao som de temas que não são originais da banda, nada que os incomode, o seu último álbum é feito apenas de covers. Duas delas foram: “Complexity”, original dos Boots Electric e “Moonage Daydream”, de David Bowie, (com um arrepiante solo de guitarra de Joshua Jove) naquele que parecia ser o último tema da noite. Como uma tour que visa celebrar 24 anos de existência merece um pouco mais, Jesse Hughes (um verdadeiro entretainer) e Joshua Jove voltaram ao palco para interpretar, em formato acústico e com muitos isqueiros acesos a acompanhar, “Can´t Help Falling in Love”, tema imortalizado por Elvis Presley. Já na companhia dos restantes elementos, foi enfim, tempo de despedida com o tema “Speaking in Tongues”, onde a baixista Jennie Vee deu um “cheirinho” de “Ace of Spades”, dos Motorhead.
Texto por António Rodrigues
Fotografias por Paulo Jorge Pereira
Agradecimentos: Everything Is New