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Reportagem: Nervosa, Burning Witches, Warfect e Systemhouse33 @ Sala 2, Hard Club, Porto - 11/03/2022




De forma muito lenta os concertos internacionais começam a ganhar terreno e no campo do Metal, esta era a primeira grande digressão europeia a visitar Portugal este ano, por isso, necessariamente de visita obrigatória, ou não, pois era muito pouco o público presente para o arranque do quádruplo cartaz.


Arranque que foi feito com os indianos Systemhouse33, a subirem ao palco pelas dezanove horas. Foi um regresso do quarteto indiano, que nesta digressão europeia viu a baixista Maria, substituir Leon Quadros. O balanço foi médio e certamente que o grupo perdia para muitos nomes nacionais. O groove thrash, com uma ponte para o death, sofreu com as vocalizações de Samron Jude. Com Vignesh Venkatraman a revelar-se um excelente baterista e a baixista a portar-se bem, foi na bateria e voz que o grupo deixou a desejar. Curiosamente preferiram apoiar o seu alinhamento no álbum de 2016, «Regression», com «Namesake» e «Detestable Idolatry» a terminarem o concerto em alta com a sua vertente mais técnica.



Já os suecos Warfect foram uma agradável surpresa, com um thrash bem interessante e um baixista, Kris Wallstrom, a dar cartas em palco, graças à sua energia. Curiosamente, foi um tema de 2013, do álbum «Exoneration Denied» que abriu o concerto. Na realidade ainda voltariam duas vezes ao disco, só tocando dois temas do mais recente «Spectre Of Devastation», de 2020 e que seria, supostamente, o argumento para esta digressão.  De qualquer forma, um bom concerto, com um thrash vertente europeia, numa mistura entre Kreator e Destruction que agradou bastante. Certamente a revelação da noite.

Com a sala a dois terços, número estranhamente baixo para a qualidade do cartaz, chegaram as suíças Burning Witches. Eventualmente as mais deslocadas no cartaz, inscrevendo-se mais no power metal, foram de longe a melhor banda da noite. Não só porque ofereceram um bom concerto, como trouxeram todo um jogo de luz e cor que as destacou claramente. Excelentes instrumentistas, com bons temas, sofreram apenas com o som, um problema que percorreu todo o cartaz. Pena terem tido um palco pequeno. Afinal cinco elementos, adereços de palco e uma constante movimentação precisavam de mais espaço. Com uma boa distribuição de temas por todos os quatro álbuns do grupo, o concerto resultou bem equilibrado e certamente não perdeu com a duração. 



Finalmente chegaram Nervosa, num regresso a Portugal, mas que também se pode considerar uma estreia. Afinal apenas Prika Amaral é o elemento comum, além da música. O grupo de hoje tem mais capacidade técnica, move-se melhor em palco e com o tempo tem tudo para se tornar uma boa máquina sonora. Pode até dizer-se que Prika Amaral, apesar da qualidade técnica é hoje o elo mais fraco de um grupo que tem em Mia Wallace muita da atenção, mais até pelo seu histórico em outras bandas, e em que Diva Satanica vai conquistando um espaço há muito merecido. Também a baterista Eleni Nota saiu em grande, até porque conseguiu ajudar a colmatar um problema que quase arruinou o concerto e certamente contribuiu para o “apagamento” de Prika. 
Decorria o terceiro tema, «Genocidal Command» e rapidamente se percebeu haver um problema sério com o equipamento de Prika. Foram mais de dez minutos até tudo se resolver e parte do tempo foi ocupado com um solo de bateria. O resto foi uma conversa sobre termos italianos e calão. Aliás Diva Satânica, talvez por ser galega, dominou bastante bem a língua portuguesa e o respectivo calão.
O retomar do concerto permitiu voltar a aquecer e claramente que todas estão mais à vontade com os novos temas, de «Perpetual Chaos». Sentiu-se, apesar de tudo um certo desequilíbrio e no fim ficou a sensação de faltar qualquer coisa para o concerto ter sido memorável. Mesmo assim, uma boa noite e o esperado recomeço para a rotina que se espera retomar, nos concertos ao vivo internacionais.


Texto e fotografias por Emanuel Ferreira
Agradecimentos: Notredame Productions