Que fantástica noite para os apreciadores de sonoridades mais pesadas. Não só a qualidade foi assegurada, como também a variedade de estilos e tudo isto foi conseguido sem a necessidade de recorrer a bandas estrangeiras.
O cartaz metia respeito, nele constavam os The Quartet Of Woah, Process of Guilt e os pesos pesados Bizarra Locomotiva e Mão Morta.
Coube aos The Quartet Of Woah darem início a esta noite e eles fizeram-no, subindo ao palco pelas 19h40 para oferecerem aos presentes uma descarga de rock n´roll. Apesar da sua sonoridade vaguear pelo stoner, psicadélico, a postura efusiva desta banda em palco é a de quem vive o rock n´roll em pleno, disfrutando de cada música. Os temas novos foram alternados com os mais antigos de uma forma descomplicada: “novo, velho, novo, velho”, assim o anunciou Gonçalo Kotowicz. Tão simples quanto isto.
Os Process Of Guilt foram os senhores que se seguiram para a sua meia hora de atuação, pautada por sons escuros e pesados, para uma sala que se apresentava já muito bem composta. Apesar de o seu último álbum (Black Earth) datar já de 2017 e de a banda se encontrar afastada dos palcos há praticamente dois anos, foi um bom regresso. Os quatro (longos) temas interpretados nesta noite foram visivelmente do agrado do público presente.
Os Bizarra Locomotiva iniciaram a sua atuação pelas 21h15 e a sua legião de fãs fez-se imediatamente ouvir. Não existem dúvidas de que são uma das bandas portuguesas que tem vindo a ganhar mais admiradores e para que isso aconteça, muito contribuem as atuações sempre enérgicas de Rui Sidónio e restantes membros. O tema “A Procissão dos Édipos” deu início a um concerto recheado de clássicos, onde não poderiam faltar “Gatos do Asfalto”, “Na Ferida um Verme” (esta com a participação de Scúru Fitchádu) e “Ergástulo”, com todo o público a cantar o refrão.
Apesar de não se apresentar envolto em celofane, Rui Sidónio não deixou de vir para meio do público para cantar com ele alguns dos temas desta noite. Houve ainda tempo para interpretar “A Veia do Abandono”, tema do mais recente trabalho “fEnóTIPVs”, antes de concluir mais uma brilhante atuação ao som de “O Escaravelho”.
Faltava ainda a cereja no topo do bolo e essa seria servida pelos Mão Morta que subiram ao palco às 22h45. Tal como a banda anterior, também eles tinham uma setlist recheada de clássicos para oferecer ao público presente. Foi, no entanto, com dois temas do mais recente álbum “No Fim Era O Frio” que a banda iniciou sua atuação. Quem conhece este último trabalho sabe que se trata de um álbum que é todo ele uma história com princípio, meio e fim e assim, os seus temas perdem um pouco quando encaixados entre o restante reportório da banda. Ainda assim, a banda visitaria este álbum algumas vezes mais durante esta noite.
Os Mão Morta apresentaram-se com bastante energia para o concerto desta noite. Exemplo disso mesmo foi a atuação de Adolfo Luxuria Canibal, sempre muito teatral, sendo um espetáculo dentro do espetáculo, onde se notou a ausência da baixista Joana Longobardi. Os momentos altos da noite foram “Barcelona”, “Lisboa” e a tão requisitada “Anarquista Duval” que foi mesmo dedicada a todo o público presente. Os Mão Morta deixaram o palco pelas 00h00, tendo sido chamados pelo publico para o habitual encore. O concerto terminou assim ao som de “Bófia”.
Texto por António Rodrigues
Fotografias por Sabena Costa
Agradecimentos: Prime Artists