Os metaleiros pagãos húngaros Bornholm estão de volta! O seu novo álbum “Apotheosis” foi lançado no início de novembro e é a sua estreia na Napalm Records.
A banda construiu um conceito de som fluído que combina linhas de guitarra / baixo explosivas com bateria acelerada, temperada com elementos corais, levando a uma mistura pesada, que os Bornholm apresentam com sucesso em todos os tipos de variações.
A Metal Imperium entrevistou Sahsnot, o homem principal por trás da banda, e ele falou-nos sobre o 5.º álbum, a nova editora e a próxima tournée.
M.I. - “Apotheosis” é o primeiro álbum da banda a ser lançado pela Napalm Records. Como é que as coisas têm corrido até agora?
O álbum foi lançado há poucos dias e já há muito que estávamos à espera deste momento. Acho que encontramos o melhor lugar para a banda, é tão tranquilo o trabalho com a Napalm. Há muitas entrevistas e há muito que fazer em torno do lançamento de um álbum e eles ajudam-nos muito.
M.I. - O que mudou para vocês agora que assinaram contrato com uma editora incrível como a Napalm?
Tudo é diferente. É mais profissional do que nunca, são tantas as possibilidades de nos mostrarmos e podemos selecionar o que mais nos convém. Estamos a ser autênticos, não queremos andar contra o que somos.
Eles fazem um trabalho profissional e são ótimos parceiros. Podemos concentrar-nos nas coisas realmente importantes.
M.I. - Este é o 5.º álbum completo da banda em mais de 20 anos de atividade. Fazer um álbum fica mais fácil com o tempo ou mais complicado?
Cada gravação é diferente, aprende-se sempre algo novo no estúdio, durante a composição das músicas. Se procuras os teus limites ou se tentas ultrapassá-los, nunca é fácil. Eu nunca faço da maneira mais fácil, e não me importa. Se algo é difícil, é natural para mim, é o caminho certo. Há complicações se trabalhares, os problemas virão e terás que os resolver.
M.I. - Existem algumas variações musicais ao longo das 11 faixas do álbum. Quanto tempo demoraram a escrever esta obra-prima?
Acho que foram 2 anos para todo o trabalho, mas eu escrevo a música basicamente, e às vezes uma música tem uma longa história. Escrevemos as músicas no estúdio durante as gravações, se acharmos necessário. Deixamos a criatividade fluir, tínhamos versões demo quando fomos para o estúdio, mas nada definitivo. Se tenho inspiração, trabalho, e esse método é difícil de medir. Tudo depende das inspirações... às vezes mais curtas, às vezes mais longas... para mim isso é uma expressão de arte e não um trabalho. Se há algo que precisa de nascer, assim será. De contrário, tenho que esperar até que uma música tome forma em mim.
M.I. - Na minha opinião, o título “Apotheosis” parece ser a opção perfeita para esta majestosa obra de arte... acham que este é o melhor álbum dos Bornholm, daí o título?
Espero que não, e sei que há um longo caminho pela frente. Nunca fico satisfeito e é verdade que agora estamos mais perto disso do que nunca, mas sei que existem mais álbuns dentro de nós. Sinto a inspiração de fazer algo mais, mas até agora este é um pico, um marco, o início de uma nova era. Isso é verdade. Nós gostamos do álbum, e é essencialmente a nossa música. Algo que somos, um disco maduro. Encontramos um caminho e é só nosso, o ouvinte também o pode sentir. Estamos em transformação, tal como diz o título. O título não se refere a nós em primeiro lugar, tem um significado mais profundo e muitos mais níveis de interpretação.
M.I. – A vossa página do Facebook afirma que alcançaram o número 1 na Hungria, promovendo o novo álbum. É emocionante serem tão apreciados no vosso país? Foi sempre assim ou as coisas mudaram com o tempo?
Isso é bom, mas uma lista é apenas uma lista. Às vezes para cima, às vezes para baixo. No nosso país, o metal não passa nos meios de comunicação social, por isso não significa nada. É muito bom para nós, mas não muda muito no gosto do grande público. As pessoas que gostam desta música são as mais importantes, os verdadeiros metaleiros, eles são a base de todo o género. Recebemos respostas muito boas e é ótimo para nós. Isso é o que importa. A cena musical aqui na comunicação social está longe do metal, não é a Suécia ou a Finlândia, se me estás a entender.
M.I. - “I am war god” e “Spiritual warfare” são os dois vídeos de divulgação do novo álbum. Como é que as pessoas reagiram a eles até agora?
A maioria das reações foi muito boa. Mas eu não gosto de ler comentários ou críticas, porque simplesmente não me importo. Claro, é muito bom quando alguém gosta da minha música, é sempre uma grande honra, mas eu escrevo a música com a minha alma e não por causa das reações, das tendências ou algo parecido. Esta é uma expressão da arte, é o que é. Se alguém gostar, ótimo, se não, sem problemas. Mas sentimos que agora as reações são muito fortes e, quem entende do que realmente trata a nossa música, pode achar que é uma experiência única. Algumas pessoas têm interpretações diferentes da nossa sobre a palavra "pagão". Não somos o tipo de banda de metal pagã que eles são hoje. Ser pagão, ser herege é fazer o seu próprio caminho espiritual, não é ser controlado por religiões organizadas e, para nós, não tem nada a ver com a adoração da natureza ou algo assim. É uma relação com Deus. Um indivíduo pagão é o deus de si mesmo, o seu deus está dentro dele, não fora. Um rebelde como Lúcifer ou Prometeu é o mesmo. Para nós, as relações ocultas e os elementos black metal são mais importantes. Não somos uma banda comum de black metal ou pagan metal, e para as pessoas isso é estranho. Na nossa música nunca haverá elementos folk, isso é metal, à moda da velha escola como gostamos. Nenhum outro instrumento além do metal é tocado na nossa música, apenas as faixas atmosféricas de fundo. Vivemos no presente e não no passado. Acho que as coisas como foram escritas, aqui e agora... não é um conto de fadas do passado ou fantasia. Tocamos o nosso metal e não queremos seguir um estilo ou um caminho que os outros traçaram. Caminhamos contra o nosso espírito da época.
M.I. - Serão lançadas mais músicas antes do lançamento do álbum?
Sim, quando esta entrevista for publicada, o álbum já vai estar lançado, e um terceiro vídeo para a música 'Black Shining Cloaks'. Foi para essa música que decidimos fazer um vídeo. Se o virem, vão entender do que falo quando digo que não somos uma típica banda de pagan metal. As pessoas não gostam da verdade, gostam de viver no mundo moderno, mas isso é mentira, nunca existiu, é apenas um playground artificial, uma gaiola onde foram trancados para separá-los da realidade. A realidade está atrás das cortinas, atrás das máscaras e das portas fechadas. O poder por trás de todas as idades, uma força que governa e cria tudo. O segredo é a origem de tudo. O que está escondido é a única coisa real, tudo o mais é apenas um playground para as almas simples. É disso que trata esta música. Existem conspirações. A maior farsa é a falsa realidade em que as pessoas acreditam... e é chamada de mundo racional e moderno. Agora podem ver o colapso conforme planeado.
M.I. - A gravação e mistura do álbum ocorreram no SuperSize Recording Studio na Hungria com a contribuição de Viktor Scheer e a masterização foi feita por Maor Appelbaum. O álbum e o som ficaram como vocês imaginaram?
Estamos mais satisfeitos do que esperávamos. Tenho sempre uma visão e está muito perto dela. Tudo pode ser sempre melhor mas demos o nosso máximo. É como uma luta sem fim, encontrar o som certo. Estamos cada vez um pouco mais perto. O Viktor e o Maor fizeram um trabalho incrível, estamos-lhes muito gratos.
Este é um processo longo, mas tudo depende do som gravado dos instrumentos. Isso tem que ser bom, pois é a base de tudo.
M.I. - Para comemorar o lançamento de "Apotheosis", vocês farão uma festa de lançamento do álbum na sexta-feira 12 de novembro às 20h no Vokál Rock Bistro, onde os fãs poderão ouvir o novo álbum com os membros da banda, acompanhado de uma projeção de vídeo e uma conversa. Poderiam também tocar algumas músicas ao vivo, não?
Não, não tocaremos nenhuma música nessa noite. Aquele lugar é muito conhecido entre os músicos de Budapeste, às vezes é um ponto de encontro e às vezes recebe eventos como o nosso. Estamos a planear um evento único, muito pessoal. Vamos ouvir o álbum, vai haver um jornalista a entrevistar-nos, vamos mostrar os videoclipes, fotos das gravações, etc. Acho que muitas mais pessoas gostariam de vir do que aqueles que podem vir... vamos ver o que vai acontecer. A versão original da imagem da capa também será exibida, haverá uma sessão de autógrafos e será uma noite com amigos próximos e pessoas que gostam da nossa música. É uma celebração, não um concerto.
M.I. - Acho este álbum bastante intenso e incrível e não consigo escolher uma faixa favorita, embora realmente aprecie “The Darkened Grove”. E a vossa?
As minhas são 'Sky Serpents' e 'To the Fallen'. Estas duas canções trazem lembranças muito boas e estão ligadas a uma determinada parte da minha vida. Ambas são diferentes das que fazíamos antes, mas é sempre diferente ver algo de fora. Todas as músicas são minhas e eu gosto delas, mas é difícil escolher uma.
M.I. - Sahsnot é o único membro que está na banda desde o início. É o líder dos Bornholm ou a banda funciona como uma unidade?
No início, eu usava o nome de 'Astaroth', mas a partir do segundo álbum, isso mudou. Fundei a banda e escrevo muitas partes da música desde o início. A outra pessoa é D, o baterista que escreve as suas partes, ele é muito talentoso e nós criamos as músicas juntos. Ele trabalha na bateria, todos os outros instrumentos são da minha responsabilidade.
M.I. - Agora que o covid está prestes a deixar-nos viver uma vida normal de novo... a banda tem planos para uma tournée a promover “Apoteose”?
Não sejas tão otimista, (risos)... quem sabe o que o futuro traz?! As pessoas pararam tudo e não um vírus. Começaram a reorganizar o mundo e nunca mais será como antes, isto continua. Mas espero que tenhamos possibilidades de tocar, estamos a planear fazer uma tournée no início de 2022. Não posso dizer muito mais, espero que anunciem em breve. Estamos há muito à espera e desejao que aconteça.
M.I. - O que é que os fãs podem esperar dos Bornholm no futuro próximo?
Nós fazemos o que fazemos. Vamos tocar ao vivo muito mais, se possível, vamos fazer de tudo por isso. E acho que a banda entrou numa nova era e também estamos animados se pensarmos no futuro. Até nos encontrarmos, aproveitem o álbum!
M.I. - Podem deixar uma mensagem final para os leitores d Metal Imperium Webzine e fãs dos Bornholm?
Uma mensagem final é sempre muito difícil. Por que precisam de uma mensagem? Façam o que quiserem! Não importa se é permitido ou não... apenas façam!
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Entrevista por Sónia Fonseca