O dia porque todos esperavam parece ter finalmente chegado e com este último levantar de restrições, o regresso à normalidade parece assegurado. A comprovar isso, realizaram-se vários concertos em inúmeras salas e outros espaços, um pouco por todo o país. Quem optou por marcar presença no RCA pôde, finalmente, assistir a um concerto de pé. O dia parecia ter sido escolhido a dedo, tratava-se do Dia Mundial da Música e foi precisamente isso que foi servido neste dia 1 de outubro: boa música, com um cartaz composto por duas das melhores bandas de metal nacionais, os Gwydion, com o seu folk metal, e os EnChanTya, com o seu metal gótico de toadas mais melódicas.
Começaram estes últimos, eram 22h00 horas certas, pondo fim a um hiato de ano e meio em que os poucos concertos dados foram para público sentado e em número reduzido. O desejo por este reencontro era mútuo e podia sentir-se. Músicos e público tinham “fome” de concertos.
“Turn of the Wheel” deu início a uma atuação de 55 minutos com os dois álbuns da banda a serem percorridos. “Fear Me When You Fall”, “Once Upon a Lie” e “Clad in Black” foram muito bem recebidas pelo público, mas foi com temas como “Poet´s Tears”, “Downfall to Power” que este se rendeu por completo. A energia que emanava do palco era muita, sobretudo através da vocalista, Rute Fevereiro, que terminou o espetáculo visivelmente cansada após a interpretação dos exigentes temas “Dark Rising” e “From the Ashes”.
Muito bom concerto dos EnChanTya, que são aquele tipo de banda que vive muito das suas atuações ao vivo. É em cima do palco que eles se sentem melhor e é preciso assistir a um dos seus espetáculos para o perceber e comprovar toda aquela entrega a 100%.
Pelas 23h30 os Gwydion começaram a sua atuação com “Stand Alone” e “The Bards”, temas que abrem o seu último álbum de originais lançado no passado ano e que, após o concerto de apresentação, não teve ainda oportunidade de ser devidamente tocado ao vivo. Não foi por isso de estranhar que tenham aproveitado o concerto desta noite para interpretar seis temas desse registo. A qualidade dos temas novos convenceu o público presente que os recebeu da mesma forma como havia feito com os “clássicos” 793”, “Brewed to Taste Like Glory” ou mesmo” Veteran”. De salientar o tema “Gwydion”, tão bem aceite pelo público, parece ter ganho lugar cativo nas futuras setlist da banda.
Um concerto de Gwydion é sinonimo de festa e boa disposição. Em cima do palco, os músicos estão sempre de sorriso no rosto, puxando pelo público e o tempo parece até voar. Foi por isso num instante que se chegou ao fim de “Hammer of the Gods”, supostamente o último tema da noite, mas não foi preciso muito teatro para que o vocalista Pedro Dias revelasse terem ainda alguns temas para o inevitável encore. Foram eles “Shield Maiden´s Cry” e por fim “Thirteen”, a malha com que encerraram a sua atuação.
Noite muito bem passada no RCA, com duas grandes bandas nacionais e uma sala bem composta, direito a mosh pit e stage diving, a fazer recordar os tempos pré-pandemia. Que tenha sido apenas a primeira de muitas e que o público compareça ainda em maior número, é o que nos resta desejar.
Texto por António Rodrigues
Agradecimentos: RCA