Nem todo o Black Metal soa igual. Dentro dele, temos o Atmospheric Black Metal e uma banda importante para o género, são os Sojourner. “Perennial” foi lançado no dia 4 de junho de 2021, pela Napalm Records. E Emilio Crespo, vocalista, conversou connosco, para falar sobre o que está a acontecer com a banda: nova formação, revisitar o material antigo, parceria com a Napalm Events e muito mais. Se vocês não conhecem o passado da banda, mas até querem conhecer o presente e o futuro, ouçam o álbum!!! Vão adorar!
M.I. - Olá, amigo. Já passou algum tempo desde que tivemos a nossa última entrevista. Como é que estás e a situação atual no teu país?
A Suécia nunca esteve em confinamento ou algo parecido! A vida tem corrido normalmente aqui. Sim! O trabalho tem-se mantido e tudo! Por isso, nada mudou muito! São só coisas de fora. Não permitem viajar e andar em tournée, como sabes!
M.I. - Um EP com 2 faixas, de nome “Perennial”, foi lançado no dia 4 junho de 2021, através da Napalm Records. Excelente trabalho, rapazes. Quando começou o trabalho de composição? Logo após o “Premonitions” estar acabado?
Não, porque depois do “Premonitions”, a Chloe saiu e é claro, fizemos audições para a nova vocalista, guitarrista e outras coisas. Não precisava de ser uma pessoa para fazer as duas coisas, por isso deixamos a vaga em aberto, no caso de serem duas pessoas, que foi o que aconteceu no final.
O processo de escrita de “Premonitions”, começou praticamente por volta de outubro. O Mike e eu já tínhamos começado a trabalhar em ideias e no que poderíamos fazer, mas estava a ficar lento, pois estávamos a passar pelo processo de conseguir novos membros e tudo o mais. Garantir que se adaptassem à banda. Praticamente “Perennial” somos eu e o Mike no processo de composição. Eu fiz todas as letras, é claro, e ele escreveu tudo para elas. Por isso, sim! Por volta do outono/inverno 20/21 começou.
M.I. - Quando trataste da composição deste EP, querias fazer algo especial e combinar dois mundos (onde começaram e onde estão agora, enquanto banda). O que mudou, nos últimos 6 anos, que as tornou tão únicas? Achas que atingiram os objetivos que queriam? Foi difícil combinar esses dois mundos?
Durante os últimos 6 anos, tivemos 3 álbuns até agora. Nós basicamente nunca quisemos ficar presos numa só coisa! Não queríamos fazer um “Empires Of Ash” três vezes ou “The Shadowed Road” três vezes ou “Premonitions” três vezes! Estamos sempre em constante evolução, mas desta vez sentimos que, sabes, com as aquisições de membros e tudo o mais, queríamos mostrar mais essa evolução, mas trazer de volta um pouco dessa atmosfera que ouves em “Empires Of Ash”. Esses eram basicamente dois mundos dos quais estamos a falar: passado e presente dos Sojourner. Com o “The Shadowed Road” e o Premonitions”, decidimos seguir outro caminho, em termos de letras. Talvez uma experiência mais pessoal e outros tipos de temas, que não fossem apenas natureza e fantasia! Como eu disse, como nós queríamos revisitar o “Empires Of Ash” e combinar com os “novos” Sojourner, decidi voltar às letras que pudesses ler: “Trails of the Earth”, “Empires of Ash”, “Heritage of the Natural Realm” e por aí adiante! Porque este EP era uma espécie de continuação de, pelo menos em termos de “Relics of the Natural Realm”, ser uma sequência do “Heritage of the Natural Realm”, decidi simplesmente voltar ao tema das letras e fazer essencialmente uma parte 2.
De forma alguma, pois o Mike sempre foi desde o começo o nosso gajo principal! O gajo que escreve a maior parte da música! Tudo o que ouves nos álbuns, por exemplo, ele grava quase tudo! O Mike sabe como é o som dos Sojouner e eu sei o que é o som dos Sojouner necessita, em termos de voz, e claro, nas letras. Sempre fomos eu e o Mike! Esse tem sido o acordo desde o início! Começamos juntos e continua até hoje. Nós sabemos o que é que a banda requere e nos pede! Não foi nada difícil! Acabamos de fazer o que fazemos, que é criar mais músicas dos Sojourner! Com um conceito um pouco diferente de combinar o passado e o presente da banda!
M.I. - Escreveste as letras e gravaram este EP, da mesma maneira que fizeram no “Empires Of Ash” e “The Shadowed Road” e gravaram todos os instrumentos na Nova Zelândia novamente, na mesma sala, onde escreveram “Heritage Of The Natural Realm ". Porque é que decidiram fazer esse EP, como fizeram no vosso primeiro single, musicalmente e liricamente falando? Quão importante e relevante achas que "Heritage Of The Natural Realm" ainda é para a história dos Sojourner nesta nova era e EP?
Essencialmente, porque quando alguém sai e a banda arranja um novo membro, só há um post no Facebook ou um comunicado à imprensa. E é isso! E tens de esperar mais um ou dois anos, para ouvires esses membros novos, a fazerem algo novo! Sabíamos que estávamos a ter ideias brilhantes com o nosso antigo gestor de produto, Markus Jacob. Ele teve esta ideia: “Que tal, fazerem um single?”. Eu disse: “Que tal fazermos um EP, em vez disso? Fazemos duas músicas!”. Transformar num verdadeiro lançamento, porque como eu disse, não queríamos apenas colocar um post no Facebook e dizer: “Olá! Aqui estão dois membros novos! Aqui estão e até ao próximo álbum!”. Queremos oferecer aos fãs algo mais e com o tempo em que estamos a viver, não há tournées, não há nada, contamos com mais material para lançamento, quer se trate de vídeos apenas no YouTube, transmissões ao vivo ou música em si. Sentimos que essa era a melhor maneira de oferecer algo aos fãs e, automaticamente, assim que anunciamos os membros novos, eles também teriam músicas para eles! E esse é o objetivo!
"Heritage Of The Natural Realm" foi, claro, a nossa primeira música! O Mike escreveu tudo naquela música e eu escrevi a letra! Vamos voltar ao início da banda e outras coisas. Agora, sou eu e o Mike novamente. Só nós, como equipa principal! Mais agora é claro, mas "Heritage Of The Natural Realm" é uma música muito importante, porque quando a lançamos, não tínhamos expectativas! Queríamos lançar algo dentro do género Atmospheric Black Metal, por assim dizer! E é isso! Se as pessoas gostaram, fixe! Se não, fixe também! Queríamos lançar só para nós, mas chamou tanta atenção, que nos levou a sermos escolhidos pela Avantgarde Music, e até hoje, é uma música que as pessoas gostam de ouvir e das poucas vezes que não a tocamos ao vivo, houve algumas deceções (risos). "Heritage Of The Natural Realm" ainda é uma música muito importante! As pessoas ainda a ouvem. Ainda é a nossa música, que tem mais streamings, até hoje! E sim! Quando pensamos sobre este EP e como o iriamos tratar, o Mike pensou: “Vamos fazer uma continuação do Heritage Of The Natural Realm"! foi assim que começamos, como todo o mundo nos descobriu e eramos uma banda totalmente nova naquela época!”. Agora, seis anos depois, tivemos uma grande mudança na formação e é, digamos, como se fosse um retorno! Pareceu apropriado ter "Relics Of The Natural Realm" e “Perennial” para este EP, como um novo começo para a banda! Ainda somos nós, porque somos eu e o Mike. Sempre foi a equipa principal, mas queríamos ter a certeza de que as pessoas soubessem que ainda estamos aqui para ficar e para lhes oferecer algo do passado!
M.I. - “Perennial” segue a linha da natureza e a sua perda através das nossas próprias mãos. De que maneiras achas que somos responsáveis por isso?
De muitas! Do ponto de vista ambiental, principalmente! Desastres naturais, hoje em dia, criados pelo Homem. A indústria animal, por exemplo, tem uma enorme emissão de gases, tanto na pesca quanto noutras coisas. A indústria dos combustíveis fósseis, quero dizer, quase toda a Humanidade faz, embora, claro, somos capazes de feitos extraordinários e coisas incríveis que realizamos. Mas muitas vezes não vem sem danos colaterais e afetam a própria Natureza. Estás sempre a ver tornados em lugares que não os deveriam ter, furacões a ficarem mais fortes e a passarem rente. Incêndios florestais a ficarem pior, em todo o Mundo e muitas, muitas outras coisas. Poluição, etc., etc. o que eu quero frisar em “Perennial” e também porque fiz o vídeo desta forma, com esta filmagem, era mostrar como é o Mundo sem humanos! O dano que pode ser causado por ainda estarmos aqui! Agora podemos aprender como existimos, mas realmente precisamos de fazer melhor e enfrentar a situação, de uma forma mais prática e sustentável!
M.I. - Este tema prevaleceu em várias músicas, então decidiste revisitá-las. “Empire Of Ashes” é o álbum, onde podemos ouvi-lo. Quão importante foi para ti reviver estas músicas e este EP é uma segunda parte desse álbum?
Não diria necessariamente que todo o EP é uma continuação desse álbum! "Relics Of The Natural Realm" definitivamente é uma continuação de "Heritage Of The Natural Realm". “Perennial”, por exemplo, é um single claro, que mostra o passado e o futuro da banda. Claro, “Perennial” tem muitos elementos do “Empires Of Ash”, mas ainda tem elementos do “Premonitions”, por exemplo. Então, sim! “Relics Of The Natural Realm” pode ser considerado uma continuação, mas “Perennial” é mais uma paragem entre aquela época e o que iremos fazer no futuro. Os Sojouner não deixarão de evoluir! Iremos ter sempre novos elementos, novos tipos de fórmulas, mas claro, o nosso som típico estará sempre lá!
Em termos de letras, foi definitivamente importante, porque é uma crença que eu tenho há muitos anos sobre a Humanidade, é um impacto e causa o declínio da natureza. Eu senti isso, porque estamos a combinar o passado e presente num só, que eu acho que deveria revisitar!
M.I. - Belo, melódico e mortal, é o som perfeito para descrevê-lo. Como compuseste a música e as melodias? E que tipo de instrumentos usaste?
O Mike está sempre a escrever. Constantemente! Muitas vezes, ele tem ideias, que surgem na cabeça. Um riff, um piano, uma melodia! Apenas algo! Normalmente, ele começa no baixo! Qualquer que seja o instrumento, ele baseia-se nele! Quando se torna numa ideia mais estruturada, ele envia-ma e eu ouço-a. Conversamos sobre isso, se levamos a ideia avante ou se simplesmente é atirada para uma pasta e para nunca mas sair de lá! “Perennial” foi a primeira música que escrevemos para o EP e a forma como escrevemos nunca mudou realmente, porque, como eu já tinha dito, eu e ele sempre fomos a equipa principal. Nós sempre trabalhamos juntos e trabalhamos exatamente da mesma maneira que no “Empires Of Ash”, “The Shadowed Road” e “Premonitions”: ele escreve algumas coisas, mostra-me a ideia, eu acho incrível ou falamos sobre isso e depois disso, ele vai continuar e eu não o ouço, até que termine. Assim que termine, ainda vamos investigar se podemos fazer alguma mudança, mas geralmente, Mike apenas constrói com base numa ideia.
Mike escreveu e gravou somente neste EP. Claro que o Mike fez tudo! O Scotty gravou o baixo! Ele é o nosso baixista! O Mike gravou as guitarras, a flauta, o piano, teclados, sintetizadores. Quase tudo! O Riccardo ajudou a coescrever a bateria, mas, devido à situação, não havia um estúdio onde ele pudesse entrar! Eles não foram gravados num estúdio real! Mas basicamente, o Mike fazia praticamente tudo, exceto o baixo!
M.I. - "Heritage Of The Natural Realm" e "Relics Of The Natural Realm", que é a segunda faixa deste trabalho brilhante, são uma espécie de seguimento e vocês decidiram trazer de volta todos estes ciclos. De quais seguimentos estamos a falar, que fizeram com que vocês reinterpretassem o vosso primeiro single e fizessem esta faixa?
Essencialmente, mais uma vez, todo o passado e presente! Queríamos revisitar “Heritage Of The Natural Realm”, é claro, por ter sido a nossa primeira música, como é que eu e o Mike começamos a escrever juntos. Agora, com a mudança de membros e outras coisas, sou eu e o Mike novamente como um todo, 100%. Nós achamos que era apropriado e ele começou a escrever "Relics Of The Natural Realm" e eu já sabia que iria construir sobre a letra de "Heritage Of The Natural Realm" e seguir em frente. É uma continuação direta! O começo da letra de “Relics Of The Natural Realm”, retira as últimas frases de “Heritage Of The Natural Realm” e continua como uma parte direta.
M.I. - Depois de várias saídas no ano passado, vocês deram as boas-vindas à vocalista Lucia Amelia Emmanueli e Tom O'Dell na segunda guitarra / backing vocals como os novos membros a tempo integral. Como é que fizeram as audições para encontrar as vozes perfeitas e quantos candidatos se candidataram ao emprego? Que tipo de voz estavam à procura e que magia acham que a Lucia e o Tom trouxeram?
Em primeiro lugar, honestamente não sei quantos candidatos tivemos. Não me lembro (risos)! Mas havia alguns, para ambas as posições, porque é difícil hoje em dia encontrar, uma cantora e guitarrista que faça as duas coisas! Então, sabíamos que poderíamos acabar com dois novos membros, ao invés de um! Estávamos a aceitar também testes de guitarra e, na verdade, nos primeiros dias, desde que colocamos aquele post para os testes, tivemos imensas pessoas a contactarem-nos, para a posição de guitarrista! E até mesmo algumas pessoas de bandas maiores (é claro que não direi quem), mas tivemos um interesse louco e foi realmente muito gratificante saber que pessoas de quem éramos fãs se queriam juntar à banda! Fizemos as audições: o Tom foi o primeiro a ser escolhido, depois de ouvir muitos outros! Depois a Lucia entrou, no final, porque tínhamos várias raparigas a fazerem audição: a mandarem vídeos, músicas! Tínhamos uma em mente, além dela, mas quando a Lúcia enviou o teste, soubemos que era ela! Ela tem aquele tipo de timbre, que realmente combina com os três primeiros álbuns, para poder cantar ao vivo. Além disso, ela trouxe o seu próprio alcance e registos, que estão muito além de tudo o que tínhamos até agora! Ela será capaz de fazer justiça a todas as músicas, mas também tem mais poder e alcance, para fazer coisas novas para a banda!
Sabíamos que queríamos uma voz que pudesse cantar as músicas antigas ao vivo e não soasse muito diferente, mas também ao mesmo tempo, queríamos um cantor que tivesse a sua própria personalidade. Nunca pensamos: “Oh! Precisamos de conseguir um cantor, que soe exatamente como o anterior!”. Porque parece que te estás a tornar uma paródia de ti próprio ou estás a esforçar-te demasiado para capturar a mesma magia e a magia vem em diferentes formas! Nós definitivamente queríamos alguém que pudesse dar uma roupagem nova no material antigo ao vivo e fazer da sua justiça, mas também trazer algo seu! E a Lúcia faz muito isso! Podes ouvi-lo em "Perennial", nas partes de piano, ela canta tão lindamente e poderosa e isso é algo que sentimos que estava a fazer falta, nos discos anteriores dos Sojourner. Estamos muito felizes com a magia que ela trouxe! E quanto ao Tom, somos amigos dele há muitos anos e, claro, conhecemo-lo dos Dwarrowdelf, que é uma banda épica de Atmospheric Black Metal, do mesmo género que o nosso. Mesmo os Sojourner, já não nos consideramos Atmospheric Black Metal. Há mais de 3 anos! Conhecíamos o Tom há muitos anos! Sabíamos que ele conhece o estilo! Ele é fã dos Sojourner, desde o início! Sabemos que ele poderá futuramente contribuir para os Sojourner, de uma forma que nos deixe felizes e acrescente mais algo à banda!
M.I. - Emilio, és o mestre em berros. Como é que trabalhaste com a Lúcia e Tom, para ter certeza de que cada tom estava no lugar? Qual foi a sensação de cantar e revisitar o antigo estilo dos Sojourner?
Obrigado! Eu tive que pensar um segundo, porque na verdade foi uma surpresa para mim! Com a Lucia, eu estava definitivamente a trabalhar muito próximo com ela. Tivemos muitas sessões via Skype, porque fui eu quem escreveu as letras. De certa forma, eu precisava de estar no comando das vozes, pelo menos desta vez, mas, ao mesmo tempo dar-lhe liberdade, no tom que ela usa. Eu não tinha controlo sobre como ela cantava. Eu apenas tinha controlo sobre onde ela cantaria! Mas ela tinha total liberdade para cantar como queria, porque eu queria especificamente que ela nos surpreendesse! E a melhor maneira para um cantor realmente abrir as suas asas e voar (por assim dizer), é apenas deixá-lo fazer o que quer! Foi algo muito importante para mim e claro para a Lúcia também (ela gosta de ter liberdade). Para ela apenas ser capaz de fazer o que faz! E para o Tom, foi realmente uma surpresa, porque a música estava praticamente terminada e ainda sentíamos que algo estava a faltar. Precisávamos dar aquele toque dos Sojourner old-school e claro, aquele toque Epic Atmospheric Black Metal, como os Caladan Brood, que é uma das bandas que nos fez querer começar os Sojourner. O Tom e o Mike falaram e o Tom disse: “Deixa-me colocar algumas vozes aqui!”. Foram a Lucia e Tom que fizeram aquele final épico em “Perennial”, que, novamente, vai um pouco mais de volta às raízes de Sojourner, mas também tem aquela vibe dos Caladan Brood. Este aspeto atmosférico super épico! Não poderia estar mais feliz, quando trabalho no duro! Fiquei encantado! Não sabia que isto ia acontecer!
Foi bom! Quer dizer, gostei de estar a usar os temas novamente, em termos de letras. Mas quando se trata das minhas vozes, eu realmente não revisitei o estilo em "Empires Of Ash", porque tenho que ser honesto, quando ouço “Empires Of Ash” agora, gostaria de ter feito muito mais, em termos de estilo vocal, porque “Empires Of Ash” é apenas um som áspero! Não há agudos, sem berros, sem médios! Não há realmente nada, exceto Black Metal! É claro que não quero voltar a isso! Os meus berros agora, com três álbuns lançados, são mais agressivos e soam mais abrasivos, por assim dizer. Claro, eu uso os meus agudos mais agora! Eu coloco um estilo Doom Death e uso minhas médias também. Post Groove Metal, tipo de estilo vocal, ou o que a maioria das bandas usa! Então sim! Vou continuar a progredir e usar mais e mais coisas! Mas quem sabe?!
M.I. - Com duas novas vozes adicionadas, como irão reestruturar as músicas, para que possam cantá-las ao vivo?
Quando convidámos a Lucia para entrar na banda, sabíamos que ela não iria tocar um instrumento ao vivo, porque nos três primeiros álbuns, as vozes femininas eram apenas para acompanhar as minhas vozes. Era eu o protagonista e depois, as vozes femininas eram apenas para o refrão ou aqui e ali, não eram o vocalista principal! Mas com a entrada da Lucia, sabíamos que queríamos começar a evoluí-las mais! Agora os Sojourner têm dois vocalistas principais! A Lucia e eu! Vocês ouvirão mais cantos femininos no futuro material de estúdio dos Sojourner e ao vivo também! Já estamos a pensar em maneiras que ela possa cantar, porque temos músicas em álbuns anteriores que não têm vozes femininas! Estamos a pensar em maneiras, estamos a trabalhar nisso, para tentar incluir as vozes dela! Talvez ela possa cantar algo como “Titan” ou talvez “Fatal Frame”, por exemplo. Não sei. Ainda estamos a trabalhar nisto! Mas nas coisas antigas, ela estará mais envolvida e, claro, como eu disse, ela é a vocalista principal agora também, jubtamente comigo! Será 50/50!
E o Tom será apenas para apoio! Apenas uma ajuda com atmosferas, vibes e outras coisas!
M.I. - Vocês lançaram o vídeo oficial de “Perennial”. Quem o rodou e onde aconteceu a filmagem? Irão lançar um vídeo para “Relics of the Natural Realm”, com os novos membros a cantarem?
Bem, na verdade, não fizemos nenhuma das filmagens, devido a restrições de orçamento, é claro. Não ter um diretor, que pudesse voar até nós, para nem falar do facto de que todos vivemos em países diferentes. Obviamente que com o Covid, restrições de voo, testes diferentes em países diferentes, seria impossível para nós filmar um vídeo! Então, em vez disso, decidimos obter um filme de arquivo sem direitos de autor, sem violações nem nada parecido! Mas escolhemos as filmagens muito meticulosamente! As filmagens tinham que estar relacionadas com a música, a atitude e a atmosfera da música naquele momento particular, e foram escolhidas muito meticulosamente, mas não fomos nós que filmamos! Honestamente eu não saberia dizer onde, em que países essas filmagens aconteceram! Só sei que um deles é o Japão, porque dá para ver algumas lanternas tradicionais, de jardins japoneses! Foi um arquivo de filmagens e o nosso novo membro, Tom, editou tudo junto, para criar o vídeo!
Bem, talvez, talvez! Eu não posso dizer isso agora! Estamos a trabalhar em algumas coisas! Mas sim! Talvez! Talvez tenhas de esperar para ver! Infelizmente, não posso dizer (risos)!
M.I. - Mike Wilson estava convosco desde o vosso primeiro álbum e saiu. Devido a isso, o Scotty Lodge tem estado convosco em concertos ao vivo desde que começaram a subir ao palco e agora assumirá a gravação completa e a posição de baixo ao vivo. Algum ressentimento entre as partes? E quanto à Chloe?
Não! Entre o Mike Wilson e os Sojourner, somos amigos fantásticos! A única razão pela qual o Mike teve que ir, é porque está a morar na Nova Zelândia. Ele tem uma família, está à espera de outro filho e simplesmente não havia possibilidade de vir tocar connosco ao vivo! Claro, não parecia correto ter o Scotty ali, apenas ao vivo, mas não para os álbuns! Foi uma decisão difícil de tomar, mas foi uma decisão que o Mike Wilson, entendeu e foi uma separação muito amigável. Ainda somos muito, muito bons amigos do Mike Wilson.
Relativamente à Chloe, era algo que ela precisava de fazer! Não vou explicar porque é que ela saiu, porque é pessoal, não precisa de ser dito! Mas foi algo que ela sentiu que precisava de fazer e a banda ficou triste mas aceitamos bem! No final, acho que foi para o melhor, porque agora que temos a Lúcia, estamos muito animados com o nosso futuro e sentimos que podemos fazer muito mais! É tudo o que tenho a dizer sobre isto!
M.I. - Jordan Grimmer, que foi o responsável pela capa de "Empires Of Ash", fez magia com este, juntou o passado e o presente da banda. Podemos dizer que o castelo é uma marca registada dos Sojourner, já que é por isso que os fãs vos conhecem?
Sim e não! Claro que, para “Premonitions”, tínhamos a coruja, porque não queríamos outro castelo! Não queremos que todas as nossas capas tenham a mesma aparência, o tempo todo! A única razão pela qual decidimos usar o castelo novamente para “Perennial”, como disseste, foi por causa do passado e do presente! É só por causa disso! E podes ver os dois protagonistas, da capa de “Premonitions”, na capa do álbum. Claro, significa que o passado encontra o presente e o futuro! E também podes ver que o castelo está muito mais elaborado agora! Muito mais musgo e as plantas cresceram e é basicamente, para mostrar que isso é muitos, muitos, muitos anos depois, aquela capa! Decidimos usar para este EP e quem melhor para a fazer do que o Jordan, porque como ele fez o primeiro, saberia exatamente o que fazer e fê-lo de forma incrível! Mas no próximo álbum teremos um castelo? Para ser sincero, acho que não! Pessoalmente não quero (risos)! Não sei sobre os outros membros, talvez incluamos Ruence de alguma forma, mas eu pessoalmente não quero ter outra capa que se pareça com "Empires Of Ash", "The Shadowed Road" no próximo álbum! Para “Perennial”, foi porque serviu o seu propósito e foi necessário! Mas para o próximo álbum, não acho que vai ser necessário!
M.I. - Parabéns por unirem forças com a Napalm Events. O que podemos esperar dessa parceria? Importas-te de nos contar alguns detalhes, por favor?
Bem, muito obrigado! Para nós, é realmente incrível! Até agora, trabalhamos com duas agências menores. Mas sentimos que, com a banda a crescer e a tornar-se mais conhecida, e precisávamos de alguém atrás de nós que nos desse um pouco mais, em termos de nos levarem mais além com concertos, tournées, festivais e mais! Tive uma reunião com a Thorsten. Ela é a chefe da Napalm Events e concordamos que os Sojourner precisam de dar o próximo passo e irem para palcos maiores e fazerem mais coisas e eu também estava feliz, porque até agora só tínhamos agências para a Europa, não para os EUA, Ásia ou o que quer que seja! Agora com a Napalm Events, é um negócio mundial! Portanto, é a nossa agência para os EUA, Japão, para todos os lugares! Portanto, isso para mim e para a banda foi muito importante, porque queremos sair para novos lugares e tocar além da Europa! Em termos de planos, é claro que estamos a trabalhar agora e falamos sobre certas oportunidades, que os Sojouner poderiam obter fora da Europa e outras coisas. Mas não posso falar mais nada além disso, porque as coisas ainda estão em andamento. Somos uma banda, e temos de estar sempre atentos e escolher algo que faça valer a pena. Esperamos que nos próximos anos nos comecem a ver um pouco fora da Europa também! E com certeza faremos isso acontecer, mas por enquanto, não posso dizer no que estamos a trabalhar!
M.I. - Emilio, ótimo trabalho com o pessoal dos Perennial Isolation, na música “The Silent Solace”. Conta-nos mais sobre essa colaboração, por favor.
Muito obrigado! Eu conhecia o Albert, que é o baixista e vocalista dos Perennial Isolation. Conversámos um pouco no Facebook, no Messenger ou qualquer outro lugar. Um dia, ele perguntou-me se gostaria de ser convidado no próximo álbum. Claro que disse sim, porque já tinha ouvido, e gostei muito do estilo deles de Black Metal atmosférico, que é agressivo, mas muito, muito melancólico e pesado! Eu disse que sim, mandou-me o esboço da música e a letra já finalizada! Eu só tive que fazer a minha voz nessa parte! Fiz isso no dia seguinte e duas horas depois, estava no meu e-mail! Eles ficaram super contentes com isso! É claro que fico feliz, porque sou um crítico de mim mesmo... não sei se às vezes isso é bom ou não! Sim! Eles gostaram. É basicamente isso! Eu gostaria, é claro, de trabalhar com eles novamente, no futuro, se eles quiserem! Mas foi uma boa experiência!
M.I. - iremos ver-vos este ano em tournée, no final do ano? Em que países?
2021, infelizmente, lamento dizer, está completamente morto! A banda não vai fazer nada, em termos de concertos, este ano, porque a situação ainda é muito estranha, ainda é muito restrita! As coisas estão a voltar um pouco ao normal, graças às vacinas! Mas não nos vemos a subir ao palco, este ano, porque todos os festivais (talvez todos tenham sido cancelados). 2021 vai acabar e os que ainda estão por vir, têm uma fila de bandas, de já dois cancelamentos ou adiamentos! É muito difícil entrar em qualquer coisa agora. Portanto, não! A primeira vez que as pessoas verão os Sojourner no palco, será em 2022, quando teremos alguns pequenos festivais na Espanha, em março, eu acho. Temos o Dark Troll Festival, na Alemanha, em maio de 2022.
Adoraríamos voltar a Portugal! Adoramos da última vez (risos)! Foi muito divertido, embora tenhamos tocado às 4 da manhã! Mas como disse, com a Napalm Events, as oportunidades são maiores! Obviamente, esta é a mesma agência dos Moonspell, Jinjer, Crematory! Existem várias bandas enormes! Sabemos que as oportunidades agora existem! Esperamos!
M.I. - Mais uma vez, obrigada por esta entrevista. Boa sorte e tudo de melhor com este novo EP e a nova formação. Palavras finais para os fãs portugueses, por favor?
Sem problemas! Muito obrigado pela entrevista, claro, e pelo teu interesse em quereres saber! E sim! Foi um prazer!
Claro que gostaria de agradecer-vos pelo apoio! Quando fizemos o concerto em Portugal, muitas pessoas que eu conheço estavam cansadas, mas ficaram por lá até tarde, para apoiarem a banda! Para nos verem a tocar ao vivo! Sabemos que temos muitos fãs aí também, que nos apoiaram, que compram álbuns, t-shirts! Muito obrigado, embora uma banda trabalhe muito e faça o que faz de melhor, que é música, sem pessoas que as apoiem, não é nada, não pode piorar. Portanto, muito obrigado, pessoal! Isso significa muito!
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Entrevista por Raquel Miranda