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Entrevista aos Mordred

A zona da baía de São Francisco, durante os anos 80, ofereceu ao mundo alguns dos maiores nomes do metal mundial – Metallica, Testament, Exodus, Slayer, Death Angel, Forbidden… E Mordred, que jogava num campeonato à parte. Desde o seu álbum de estreia Fool’s Game, de 1989, a banda caracterizou-se por um som mais inovador e disruptivo que os seus contemporâneos, misturando sons de outros géneros que estavam na moda na altura, como o Rap, Hip-Hop ou Funk ou incluindo um DJ no grupo.
Após apenas mais dois álbuns – In this Life, de 1991 e The Next Room, de 1994 -, a banda separou-se, embora pelo meio, tenham sido lançados vários EP’s e Singles. Em 2013, voltaram a encontrar-se para uma digressão e, em 2019, surgiu a ideia de um novo álbum que viu a luz do dia este ano. The Dark Parade é, segundo o baterista Jeff Gomes, algo muito diferente e à frente dos seus antecessores.
Foi este, o mais recente membro dos Mordred, que respondeu às nossas questões sobre o regresso desta banda pioneira do thrash metal.

M.I. - Olá! Como estás? Obrigado por responderes às nossas perguntas e parabéns pelo novo álbum! É sempre bom ver bandas tão originais e que abriram tantos caminhos.
Começando pelo básico… Para quem não vos conhece, como caracterizas a banda?

Pessoalmente, tenho dificuldade em categorizar Mordred como uma banda de metal pelos padrões de hoje. Acho que temos o nosso próprio nicho, especialmente porque fomos os primeiros a integrar um DJ dentro do thrash / heavy metal da zona da baía de São Francisco.


M.I. - Porquê a escolha do nome? Mordred ficou conhecido pela sua traição ao Rei Arthur e seu nome significa "mau conselho".

Gosto da referência “Mau Conselho”. No entanto, Mordred foi batizado em homenagem ao sobrinho do Rei Arthur e, sendo eu o novo membro e não estando familiarizado com o real motivo, tenho a certeza de que, como todos os outros nomes da banda, eles acharam que este era porreiro e ficou.


M.I. - A pergunta que deve ser feita. Após 27 anos, porquê a reunião e o lançamento de um novo álbum? De quem foi a iniciativa?

Pelo que sei, a banda reuniu-se para tocar numa festa, passados 25 anos. Eu sei que quem quer que seja a tua primeira banda, especialmente se tens sucesso, o vínculo e a amizade ultrapassam as diferenças do passado e isso torna mais fácil reformá-la.


M.I. - Depois de tanto tempo, o processo de escrita foi fácil? Tiveram que se adaptar, novamente, uns aos outros? As ideias surgiram rápido? Correu tudo bem?

Depois da digressão de 2014/2015, apenas decidimos escrever um álbum em 2019. O Danny White morava em Nova Iorque e os outros viviam na Bay Area na Califórnia. Então, nós como um todo, escrevemos sem o Danny e enviávamos as canções para ele. Ele escrevia as suas músicas e enviava para aprendermos. Para mim, era óbvio que a composição do Danny era claramente o som tradicional de Mordred e, felizmente, ele foi capaz de voltar para a Califórnia e terminar o processo de composição que apareceu naturalmente. Foi incrível para mim.


M.I. - Qual é a maior diferença entre The Dark Parade e The Next Room?

O Scott Holderby não estava no The Next Room e, como mencionei, o estilo de composição do Danny com a contribuição coletiva dos restantes, na minha opinião, definiu The Dark Parade no seu próprio campeonato, separado de todos os álbuns anteriores.


M.I. - Quando começaram a trabalhar em The Dark Parade? Que restrições tiveram com a pandemia?

Felizmente, a pandemia deu-nos mais tempo para nos concentrarmos. Estávamos no nosso próprio “casulo”, por isso, sinto que não foi um obstáculo.


M.I. - Quais são os temas que são abordados em The Dark Parade?

A faixa-título que inspirou a capa do álbum é o único tema. O disco começa forte e atira para todos os lados até terminar com “Smash Goes the Bottle”. Na minha opinião, é dos meus favoritos.


M.I. - Também lançaram edições em vinil e cassete. Preferem esses formatos ou foi apenas por nostalgia?

Os vinis estão a voltar. Eu e os meus amigos adoramos. O formato cassete é que me surpreendeu quanto à nostalgia.


M.I. - The Dark Parade foi algo único ou já pensam no próximo álbum?

O próximo álbum está a tomar forma. É muito divertido porque tenho esta coisa na cabeça, que tudo o que faço, acho que posso sempre fazer melhor. Por isso, enquanto escrevermos o próximo álbum, eu sei que ele se levantará e será ainda melhor, conforme amadurecemos.


M.I.- O que têm feito nestes 27 anos? Participaram noutros projetos relacionados com música?

Não posso falar pelo Jim, o Art ou o Danny, mas eu e o Scott, estávamos noutras bandas e o DJ Pause nunca parou de gravar/produzir.


M.I. - Planos para digressões? Existe alguma hipótese de virem à Europa?

Temos um acordo com uma agência europeia, por isso, quando o mundo voltar ao normal, esperamos fazer uma digressão, com sorte, em 2022.


M.I. - Algo que serviu de precursor do álbum e uma forma diferente de divulgar o trabalho da banda foi MORDRED: Acting The Fool! Um streaming no Youtube, que incluiu performances vossas e de convidados, comédia, burlesco… Explica o conceito e como surgiu.

“Acting the Fool” surgiu quando o Danny desafiou o Scott enquanto bebia, a continuar o seu conceito bêbado do espetáculo. Na manhã seguinte, o Scott ligou-me e disse que íamos fazer um programa online e que deveria juntar os meus recursos para que isso acontecesse. Por isso, seria melhor escrever algo e ter ideias rapidamente. E fizemos o primeiro espetáculo duas semanas depois. Ainda não sei como fizemos isso acontecer. Quer dizer, nunca fiz parte de algo tão divertido e complicado com tantas partes funcionais, especialmente, por ser totalmente “verde” naquele mundo. Tem sido uma ótima experiência.


M.I. - Li nalgum lugar que vocês se consideram os “filhos bastardos da Bay Area”. Porquê?

Hmmm, bastardos da Bay Area? Pessoalmente não me sinto assim. Considero os Mordred como criadores de tendências.


M.I. - Na vossa altura, fizeram algo, diria, revolucionário - incluíram um DJ na banda. Algo que mais tarde, depois de vários anos, outras bandas de metal também começaram a fazer. Quem idealizou isso, como surgiu, houve oposição a essa ideia? ...

A Bay Area no final dos anos 80/início dos anos 90, estava na moda, no que diz respeito à cena dos clubes. E o estilo foi denominado de thrash. E o rap era o som mais “quente” na altura. O que aconteceu com Mordred incorporando um DJ, foi só uma questão de tempo. Mordred antecipou-se a todos e fez bem.


M.I. - Como um dos pioneiros do thrash metal, como vês a trajetória das outras bandas, nomeadamente, os chamados “Big 4” e os diferentes caminhos que tomaram?

Digo que cada caminho é o seu e pudemos vê-los a fazer história. À medida que fizemos o nosso próprio caminho e orgulhamo-nos do nosso papel nele.


M.I. - Uma pergunta mesquinha… De todas as bandas de metal cross-over e multi-género, há alguma que não suportas?

Não posso dizer que exista uma banda que não suporte. Posso pular uma ou duas músicas, mas não o suficiente para falar mal.


M.I. - E, por outro lado, qual achas que é a banda de metal mais original (em todos os seus subgéneros) da atualidade?

Eu sou tão tendencioso… Todas as bandas dos meus amigos. Não posso citar todos ou dizer que um é mais original que outro. Quando os teus amigos estão a conquistar o mundo do metal, tenho o privilégio de ser um dos seus pares.


M.I. - Por último… Alguma palavra final para os nossos leitores?

Agradeço a todos os fãs antigos de Mordred que se lembram dos anos de glória e a todos os novos fãs por manterem os ouvidos abertos ao nosso novo som e espero que gostem da nossa nova música tanto quanto nós. Nós, realmente, amamos tocar música, criar e gravar e mal podemos esperar para tocar ao vivo nas vossas cidades natal. Venham, tomem uma cerveja e divirtam-se. Aguardamos ansiosamente!


M.I. - Mais uma vez, obrigado pelo teu tempo e disponibilidade para responder às nossas perguntas. Espero um novo álbum em breve!

Fica seguro!

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Entrevista por Ivan Santos