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Entrevista aos The Picturebooks

Grandes editoras que começaram por lançar álbuns de metal e por assinar bandas de metal, agora estão a assinar atos que não são de forma alguma considerados metal. Este é o caso dos The Picturebooks assinados pela Century Media. Esta dupla, cujo som se define como Blues Rock, lançou recentemente um novo álbum “The Major Minor Collective” em que cada faixa apresenta um cantor de metal famoso. Embora não sejam extremos ou metal de forma alguma, são tão interessantes que a Metal Imperium conversou com a banda para descobrir tudo sobre o seu novo álbum, a sua próxima tournée com os Warish e os seus objetivos! Continuem a ler...

M.I. - Por que optaram pelo nome The Picturebooks?

Recebemos a oferta do nosso primeiro concerto e o promotor perguntou-me que nome deveria imprimir no poster e eu apenas disse “The Picturebooks”. Ele escreveu-o mal, mas deixamos ficar assim. Sentimo-nos imediatamente ligados a este nome.


M.I. - Ao fazer uma pesquisa para esta entrevista, descobri que The Picturebooks já haviam lançado 3 álbuns: “List of people to kill” em 2009, “Artificial tears” em 2010 e “Imaginary horse” em 2014. Pensei que era a mesmo banda, pois claramente são vocês, mas não encontro nenhuma referência a estes álbuns nas vossas páginas oficiais atualmente. Estou a fazer confusão ou são realmente vocês, mas numa versão diferente?

Somos realmente nós. Costumávamos ser três membros nos nossos primeiros 2 álbuns, mas o baixista passou-nos a perna numa cena “à Yoko Ono”, mas somos melhores amigos até hoje. Depois de o Tim nos deixar, seguimos um caminho completamente novo, mas mantivemos o nome. Fui para a Califórnia e tudo se começou a desenvolver a partir daí. Foi a melhor coisa que poderia ter acontecido connosco. “Imaginary horse” é a nossa estreia como dupla e é até hoje o nosso álbum mais importante.


M.I. - Quem desenhou o logotipo da banda? Qual o papel da navalha?

O logotipo foi desenhado pelo nosso amigo, ex-skater profissional, Gareth Stehr. Sempre adoramos a sua arte e as suas maneiras, às vezes, ingénuas de expressar as coisas. Tivemos a ideia de colocar uma adaga no nosso logotipo, porque achamos que parece malvado e, mais uma vez, aquele toque ingénuo dá a ideia de que somos mais do que apenas malvados.


M.I. - O som da banda foi definido como Blues Rock. Na vossa opinião, esta é a melhor definição?

Eu nem sei o que define os blues, nem sei como os tocar. Para ser sincero, odeio blues, pelo menos a maioria. Pode ser a coisa mais chata do mundo. Mas nós gostamos muito de delta blues e outras coisas e isso inspirou-nos muito, embora ainda não saibamos o que faz os blues, blues. Acredito que está tudo no coração. Nunca aprendemos a tocar um instrumento, quero dizer, não consigo tocar um maldito acorde até hoje. Nós apenas temos algo a acontecer nos nossos corações e a música é a nossa ferramenta para o expressar. Os géneros transformam os músicos em atletas. Somos artistas, não atletas que tentam o melhor num género. Nós apenas fazemos o que queremos e se isso soa a blues para algumas pessoas, então por que não?


M.I. – Em termos de som, quais as bandas que influenciaram os The Picturebooks e vocês mesmos como indivíduos e músicos?

Centenas, senão milhares. Ouvimos muita música, todos os tipos, todos os géneros... bandas desde Black Flag, Minor Threat... a Madonna... a Devo, B52s... a The Stooges, New York Dolls, The Velvet Undergound... a Nick Cave, Patti Smith... a Beck... a Beyoncé, Katy Perry, Rihanna... a Quicksand, Rage Against The Machine, Deftness... a lista continua indefinidamente.


M.I. - O que é que os fãs podem esperar de “The Major Minor Collective”?

Peças de arte cruas, implacáveis e gratuitas criadas por pessoas de todo o mundo ligadas por uma coisa: a música. Todos nós, como amantes da música, músicos, jornalistas, editores, donos de clubes... somos todos fãs em primeiro lugar e isso torna tudo isto tão único e mesmo uma pandemia não nos impediu de o fazer.


M.I - Qual é a principal diferença entre este álbum e o anterior?

O nosso último álbum foi "Hands of Time" lançado pela Century Media e a diferença é que tivemos uma pandemia a acontecer e percebemos que nós, como banda, somos muito mais do que apenas uma banda em tournée, temos uma base de fãs que nos segue no Instagram, Facebook, Youtube e tudo o mais. Temos um estúdio, dirigimos e construímos motas, amamos o ciclismo e o desporto em geral, somos skaters... em suma, estamos a representar um estilo de vida que algumas pessoas gostam e usamos as redes sociais para partilhar isso com elas. No meio de tudo isto, nós apenas começamos a gravar e tínhamos umas canções que precisavam de mais atenção ou uma abordagem diferente, e começamos a procurar alguns cantores de quem gostamos ou amigos e as pessoas alinharam e , de repente, tínhamos um álbum inteiro com todos estes artistas incríveis. Obrigado internet! Nós não estivemos todos juntos no mesmo espaço, nem escrevemos uma música juntos ou mesmo gravamos um videoclipe juntos. Loucura!!!


M.I. - Como é que as pessoas estão a reagir às novas faixas e vídeos?

Todos parecem realmente gostar e consegue perceber-se que somos nós, o que é algo que nos deixa um pouco nervosos enquanto ultrapassamos os limites aqui e ali com o que pensamos que define o nosso som. Como fazer coisas em produção que não teríamos feito se este fosse outro álbum dos The Picturebooks. Percebemos que podemos ser muito mais abertos e ainda soar como nós, o que foi uma experiência realmente libertadora. Além disso, os vídeos estão a receber ótimas reações e, sem dúvida, foi um grande desafio fazê-los acontecer, já que estávamos tão distantes, mas fizemos acontecer. A Lzzy, por exemplo, gravou-se e filmou-se a si mesma em Nashville enquanto nós fizemos tudo aqui na Alemanha. Ou a música com Neil Fallon dos Clutch foi filmada na Alemanha, Washington e Los Angeles.


M.I. - Qual é a mensagem / emoções que vocês desejam transmitir com a música?

Parem de definhar! Parem de viver na zona de conforto! Aventurem-se e vivam!


M.I. - Como surgiu o acordo com a Century Media? Como é que The Picturebooks encaixam numa editora como a Century Media?

Nós não tínhamos nenhuma editora, nenhuma agência, desistimos de tudo depois dos nossos dois primeiros álbuns e fomos para LA. Começamos a fazer concertos lá e as pessoas pareciam realmente gostar. Então, nós assinamos contrato com a Riding Easy Records e fomos fisgados por ótimos agentes que agendaram concertos em todo o mundo. Lentamente, mas com segurança, começamos a tocar quase 200 concertos por ano e as coisas saíram do controlo e precisávamos de uma editora maior, e entramos em contacto e tivemos a sorte de ter várias editoras que estavam realmente interessadas em assinar connosco. Escolhemos a editora que parecia entender mais a banda e queria fazer coisas boas connosco e foi a Century Media, sem dúvida. Adoramos estar numa editora como a Century Media porque eles têm uma equipa incrível que muitas vezes nos parecem mais amigos do que parceiros de negócios. Também estar numa editora que faz parte do grupo Sony é algo em que estamos realmente interessados. Sim, a Century Media é provavelmente muito mais metal do que nós, mas acho que seríamos estranhos em todas as editoras. É apenas o que somos e estamos bem com isso. Só queremos ser compreendidos e eles fazem-no!


M.I. - Cada faixa apresenta um vocalista convidado famoso. Como surgiu a ideia de trabalhar assim?

Simplesmente aconteceu. Precisávamos de uma nova abordagem e essa ideia surgiu e as coisas desenvolveram-se no processo. Foi muito porreiro trabalhar muito mais no lado da produção e com novos artistas, ver como eles lidam com as coisas e para onde levam as nossas músicas.


M.I. - Vocês escreveram as música a pensar num cantor específico ou só pensaram em quem se encaixaria melhor depois?

Não, nunca. As músicas estavam 100% prontas e cada cantor teve a liberdade de escolher a música que gostaria de cantar.


M.I. - Alguém recusou o convite? Se sim, podem dizer quem foi?!

Apenas um, o Klaus Meine dos Scorpions. (risos)! Teria sido extraordinário ver onde ele levaria a nossa música!! Ele estava realmente interessado na ideia, mas simplesmente não tinha tempo. É justo.


M.I. - De 1 a 100, quanto impacto é que a editora tem no sucesso de uma banda / álbum?

Boa pergunta! Acredito que está tudo nas mãos da banda. A editora é a arma, mas a banda é a bala. A banda tem que preparar tudo e ser a melhor versão de si mesma para realmente causar impacto. Eu acho que é uma coisa de 50/50, mas honestamente acredito que se realmente quiseres, nos dias de hoje, te podes tornar uma grande banda sem editora, se estiveres disposto a trabalhar.


M.I. - Quais são os objetivos a curto prazo dos The Picturebooks? E os a longo prazo?

Fazer o que estamos a fazer agora. Já atingimos o nosso objetivo há anos, quando decidimos que é isto o que queremos fazer. Estamos apenas a aproveitar cada segundo e tentar fazer com que dure o máximo possível.


M.I. - A banda já tem uma tournée marcada com os Warish. Quais são as expectativas? Estais animados para voltar ao palco?

Mal podemos esperar. O Riley é um bom amigo nosso e adoramos os Warish. Eles também estão na nossa antiga editora Riding Easy Records. Temos um excelente concerto preparado e mal podemos estar todos juntos novamente. Já passou muito tempo!


M.I. - Como está a cena atual do Blues Rock? Alguma banda a que se deva prestar atenção?

Bem, somos as pessoas erradas para perguntar, acho, já que não sabemos muito sobre isso. Aqui deixo uma lista de álbuns fixes que são novos e que as pessoas deveriam ouvir: “Quicksand - Distant Populations” “Jack Ingram, Miranda Lambert & Jon Randall - The Marfa Tapes”…


M.I. - Vocês têm algo mais para partilhar com os nossos leitores? Tudo de bom! Fiquem seguros! Continuem fazendo boa música!

A vida é boa! Aventurem-se e façam acontecer! Tornem-se veganos!

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Entrevista por Sónia Fonseca