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Entrevista a Liv Kristine

Esta rapariga é linda por dentro e por fora e tem a coragem de uma leoa. Apesar do que estava a passar, ela nunca parou de sonhar e lutar pela sua vontade de cantar. E vocês verão porquê! Uma voz de sereia, que vos vai dar vontade de comprar este EP. “Have Courage Dear Heart”, será lançado, pela Allegro Talent Media, no dia 7 de maio. As músicas foram feitas do fundo do coração e têm um sabor especial. Porquê? Tommy Olsson, dos Theatre Of Tragedy, com quem cantou na banda, ajudou no EP e as músicas ao vivo são do concerto anual, em Nagold. 
Conversamos sobre Coldbound, Karmasonic e muito mais. E ela até nos deu conselhos sobre como encontrar as nossas verdadeiras vozes!

M.I. -  Olá, Liv. Já faz algum tempo desde a última vez que falamos. Espero que estejas bem e a tua família também.

Nós estamos, obrigada! Nós estamos a salvo! Todos estamos saudáveis e tenho um emprego seguro. Sou professora! Sou professora, das 9 da manhã às 5 da tarde e ganho um ordenado mensal, porque não posso dar nenhuns concertos, mas está tudo bem, porque consigo sobreviver e estou grata por isso. E tu estás bem? Espero que estejas bem!


M.I. -  Sim, muito obrigada! Estou saudável e também tomei a vacina!

Tens de o fazer, porque trabalhas no sistema de saúde.


M.I. -  E espero que também tenhas a oportunidade de o fazer.

Ainda não, porque pararam a vacinação, aqui na Alemanha, mas o meu sistema imunitário está excelente, e a minha família também, por isso, veremos o que vai acontecer.


M.I. -  “Vervain” de 2014 foi o teu último lançamento e “Have Courage Dear Heart” é o nome do novo, que foi lançado no dia 14 de abril, deste ano, em todas as plataformas digitais. Porque é que escolheste este nome para o EP e como é que está o teu coração?

Quem me dera poder mostrar-te! Está tatuado aqui: “Have Courage Dear Heart”. Foi difícil deixar a casa, onde morei durante quinze anos, cancelar o casamento e essas coisas! Voltar a um trabalho, das 9 da manhã às 5 da tarde, não tinha casa, dinheiro, nada! Sempre fui uma mulher otimista. Sempre fui uma mulher forte e sempre tive uma mente limpa sobre coisas que vou, sem dúvida, sobreviver. Mas senti-me como se estivesse num pesadelo e não sabia por onde começar. A minha família está na Noruega e eu estou a morar na Alemanha, porque o meu filho nasceu cá, há dezoito anos. Por isso é que ainda estou na Alemanha, porque senão, já teria ido embora, há muito tempo, com o meu filho para a Noruega, mas não é possível. Por isso, tive de começar de novo, e pensei: “O que tenho de fazer agora? Por onde começo?”. E senti que o meu corpo e cabeça estavam exaustos, tinha um grande trauma para tratar. Senti-me perdida. Perdi-me. Sim! Perdi-me! E depois pensei: “Uau! Tenho de ter amor próprio! De cuidar de mim! De me acalmar! De me descobrir a mim mesma e lidar com as questões! De lidar com o trauma! De lidar com a minha má situação financeira, e também estender a mão para pedir ajuda!”. Precisei de pedir ajuda a amigos. Depois apercebes-te de quem são os teus amigos, certo? Quando não tens nada! Quando precisas de uma cama! Quando precisas de algum dinheiro, certo? Então apercebes-te que tens um ou dois amigos verdadeiros. Necessitei dessa coragem para ser gentil comigo mesma! Para agir com amor próprio! Eu queria abrir novamente o meu coração. Amar de novo e deixar entrar alguém na minha vida. Estava com medo de ser magoada novamente. Por isso, fiz esta tatuagem no meu corpo, na minha pele: “Have Courage Dear Heart”. Eu diria, que faz dois anos, que conheci o Michael. Estou aqui, neste momento, na casa dele, porque ele mora na Suíça e eu estou a morar na Alemanha. Por isso, precisamos de viajar, mas em tempos de Covid, não podes viajar para outro país. Mas está tudo bem. Mas esta semana, faz dois anos, que nos conhecemos. Tive a coragem de abrir o meu coração, amar de novo, de ser generosa comigo mesma e abrir-me para com outra pessoa. E o meu mundo e vida mudaram muito desde aí!


M.I. -  O teu ex-parceiro nos Theatre Of Tragedy, Tommy Olsson, ajudou-te bastante. Ele escreveu as canções e depois enviou-tas para as cantares, de forma tão mágica. Já que moras na Alemanha e viajas constantemente para a Suíça, e ele tem estado na Noruega, como discutes a música e o processo lírico?

Devo dizer que o Tommy e eu já entramos em contacto, em 2014. Foi depois de “Vervain” foi lançado. Eu dei alguns concertos a solo com o “Vervain” e tive o Raymond, dos Theatre Of Tragedy, o meu velho amigo, a bordo. Ele juntou-se aos meus concertos a solo, para que pudéssemos tocar algumas antigas canções dos Theatre Of Tragedy, porque a banda, Theatre Of Tragedy, não estava interessada em tocar ao vivo. Por isso, convidei o Raymond para os meus concertos a solo. E ele disse: “Hey! Porque é que não entras em contacto com o Tommy? Porque ele adoraria trabalhar contigo!”. Por isso, o Tommy entrou em contacto comigo. Adorei ter notícias dele. Ele enviou-me um monte de canções e disse: “Tenho muitas composições e preciso da voz perfeita!”. Nós eramos o par perfeito, no álbum “Aégis”. Na verdade, só em 2018, três ou quatro anos mais tarde, é que nos encontramos, sentamos e escolhemos as canções, porque não estava preparada na minha cabeça. A minha cabeça tinha tanto em que pensar. Tinha de organizar a minha vida. Quando me senti preparada, fui ver o Tommy, no seu estúdio e trabalhamos nas músicas. As letras e as linhas melódicas são todas ideias minhas e ele escreve a música. É a frequência perfeita entre nós. Não o vejo desde 2019! Devido ao Covid, não pude viajar até casa, para visitar a minha família, vê-lo, mas fui capaz de gravar algumas das minhas vozes e enviar-lhe. Para o EP, que sairá muito em breve, pensamos que tínhamos de dar realmente algo aos nossos fãs, amigos e seguidores, porque não lanço nada desde 2014. Temos de fazer algo e o Covid está a atrasar o processo do álbum. Íamos lançar o EP e, depois, provavelmente no início de 2021, teríamos o álbum pronto. Mas ainda precisamos de mais três canções, que estão a caminho. O Tommy está a compor. Temos dois convidados especiais: vozes masculinas, que irão juntar-se a nós no álbum e também estamos à espera deles. Há um álbum quase pronto, mas precisávamos de lançar o EP, porque tenho os fãs mais pacientes do mundo! A sério! Por isso, já era tempo! É na verdade, um presente para os fãs! É por isso que também decidi com o Michael, o meu futuro marido, que imprimiríamos um vinil. 


M.I. -  Vamos falar sobre as faixas e o que as torna tão mágicas e perfeitas, pode ser? A faixa título “Have Courage Dear Heart” era uma canção com um mandolim, criada pelo Tommy. Tem um clima à Morricone, que pode levar a imaginação dos fãs para um filme do faroeste. E ele é muito conhecido pelas suas bandas sonoras. Quais te influenciaram, para cantar e manter o sentimento nas faixas? Como é que ele teve a ideia de juntar este instrumento?

Sim! Gostaria muito! Há um ano e meio, o Tommy enviou-me esta peça de mandolim e parecia completamente diferente. Era só um mandolim e fui para o estúdio, porque sabia exatamente o que cantar. Lembro-me que estava a cantar as linhas melódicas e escrevi as letras. Foram vinte minutos! Deixei a música correr no meu portátil e gravei-a no meu iPhone. Enviei-a para o Tommy e ele disse: “Uau! Ok! Consegues encontrar um estúdio em algum lugar?”. E depois ligamos para um amigo do Michael, conduzimos até lá, gravámo-la, exceto o Tommy. E não ouvi nada do Tommy, durante quase um ano. E então esta música diferente voltou, como a banda sonora de um filme (risos). O Tommy disse: “Aqui está! “Have Courage Dear Heart”! e pensei: “Ok! Isto é completamente diferente de tudo o que fizemos!”. Mas o Tommy é um homem de surpresas e sabe exatamente o que eu adoro. Era linda! Mas é uma canção muito, muito, muito importante para mim!
Era o tema mais famoso do Morricone! Esse! Eu imaginava o deserto, o sol, o calor. É como quando o teu coração está seco. Está completamente seco! O teu coração é como se fosse um deserto e então começa a chover. As flores estão a crescer e a relva começa a florescer. É como um renascimento! Do coração! É do que se trata! E claro, sobre ter a coragem de amar novamente!


M.I. -  “Skylight” é um single de edição limitada, que foi lançado em dezembro de 2019 e, portanto, decidiste lançá-lo com a sua própria versão espontânea. Que arranjos decidiste fazer, em termos musicais?

Essa foi a primeira música que surgiu, em 2019, como uma música acabada. E eu simplesmente adorei-a. E agradeço ao Tommy. É como dirigir sob o sol de domingo, com as janelas abertas, a aproveitar o teu passeio e não terás tristezas. És livre e estás a conduzir, a aproveitar o passeio. A aproveitar o passeio da tua vida e vês que a luz está ali e já não há mais um túnel negro. Sem mais noite! Foi a primeira canção e foi lançada em Nagold, em 2019, no meu concerto. Especialmente para as pessoas, que viajam para Nagold e esse era o meu concerto anual. Por isso tínhamos de tocar um encore. Eu disse para o meu teclista: “Hei! Será que devíamos tocar ‘Skylight’? Será que devíamos tocá-la?”. E ele disse: “Claro!”. E fizemos isso! Gravámo-la e a audiência adorou! Foi uma coisa espontânea! Mostrei-a ao Tommy e ele disse: “Ok! Por favor, diz ao teu teclista que ele precisa de gravá-la, depois voltas ao estúdio e cantas outra vez!”. Tudo é gravado outra vez, a voz também. Por isso é que é uma versão espontânea.


M.I. -  “Serenity” é uma demo antiga e expressa esta vibe de ‘manhã de sábado’ e fim-de-sábado. Porque é que decidiste lançá-la só agora? Fizeste alguns ajustes no que diz respeito à música? Quando falas de vibes de ‘manhãs de sábado’, queres dizer acordar, beber uma chávena de café e olhar para o sol, dar as boas-vindas a um novo dia?

Sim! Tive de escolher entre as duas canções, com as boas vibes de ‘sábado de manhã’: “Skylight e “Serenity”, no lançamento do primeiro single, quando “Skylight” e “Gravity” foram lançados no single, em 2019! Por isso, decidimos lançar “Skylight” e “Gravity” e decidimos deixar “Serenity” para o EP. Por isso é que “Serenity” está no EP. Mas ainda assim, não posso escolher entre as duas, porque ambas são esta vibe de ‘luz de sol de sábado, passeio sem compromisso e liberdade.
Não! Foi o Tommy que os fez!
Depende um pouco do tempo da altura do ano. Sobre o que sinto! A frequência! Porque se estiver escuro, gosto de acender uma vela, sentar-me com o meu diário, fazer meditação, ioga, beber chocolate quente, café ou chá e então começo lentamente o dia! Mas, se o sol nascer às 6 da manhã, e eu me sentir mais: “Yay!”, então vou correr, depois de tomar café, claro! Tomo café e vou correr, como fiz esta manhã. Acordo às 6 da manhã, sem despertador. O Michael ainda estava a dormir e eu disse: “Preciso de ir correr!” (risos). É uma vibe completamente diferente. Adoro todas as épocas do ano e cada estação do ano tem uma vibe especial. Eu diria que a “Gravity” é a época mais escura do ano. Ao passo que “Serenity” e “Skylight”, são para a primavera e verão. Gosto de ver isso dessa maneira.
É uma pergunta muito boa!


M.I. -  Faixas ao vivo fazem parte desta bela obra-prima e é a primeira vez que lanças este tipo de material. Elas foram tocadas em Nagold (Alemanha), no teu oitavo concerto anual, no dia 20 de dezembro de 2019. “Siren” (Theatre of Tragedy, Aégis, 1998), “Panic”, “Ave Maria” (especialmente pedido pela tua audiência), foram escolhidas para o EP. Nagold é muito especial para ti, especialmente porque tiveste a visita da tua melhor amiga, Anette (The Sabbathian). Porque é que escolheste estas canções e não outras? Conta-nos mais sobre este concerto e o que o tornou tão mágico, que decidiste escolher canções sobre este ano em particular.

Bem, primeiro de tudo, estou a ouvir a minha própria voz. Se tudo está afinado. Tem de estar afinado. Os instrumentos têm de estar afinados. Tenho de verificar com a minha banda a sala, onde vamos tocar. Por isso, queria que tudo fosse perfeito para todos. Claro que é muito especial, estar em palco com a minha melhor amiga, Anette. É muito, muito especial. E à parte da Anette, eu tenho duas melhores amigas, na Alemanha. A Anette é norueguesa e é uma amiga de longa data. Aqui na Alemanha, tenho duas melhores amigas e também estiveram no concerto. Elas conheceram-se no concerto. Nessa noite, tivemos audiência de Portugal, Chile, Suécia, Grã-Bretanha, Grécia, Dinamarca, claro, da Alemanha, Espanha, Itália, Suíça, Áustria. Tivemos da Bélgica, Holanda. Uma audiência internacional! Tornou-se um encontro, para fãs internacionais! Encontrámo-nos todos no local, dou o concerto e depois juntámo-nos todos. Neste concerto, tenho, no máximo, 170 pessoas. É um concerto muito íntimo! É um concerto sentado, com velas e as pessoas bebem um copo de vinho. Eu canto algumas canções de Natal, como a “Ave Maria”, que também é uma das faixas, da parte ao vivo, do EP. 
Sim! É um encontro muito especial e a maior parte das pessoas que estão lá, conhecem-se há muitos anos! Encontramo-nos no hotel e, na manhã seguinte, tomamos o pequeno-almoço juntos, para aqueles que têm de passar a noite, em Nagold e alguns dias mais tarde, é sempre Natal. É algo muito especial! Honra-me muito, que pessoas viajem do Chile. Do outro lado do mundo! Da Grécia, Dinamarca, Grã-Bretanha, para virem e verem-me no palco e isso é algo que me comove! Isso deixa-me muito emotiva! Por isso, pensei: “Que tal lançar algumas canções, deste evento especial?”. E não tinha ideia de que seria o último evento, durante algum tempo, porque depois disso, houve um confinamento. E não pude fazer o meu concerto em 2020! Veremos o que 2021 trará!


M.I. -  O teu noivo, Mikkel, foi o teu apoio para lançares este material e também a Allegro Talent Media. Como ele tem tanta experiência como tu, que conselhos te deu? E a Allegro?

Há dois anos, estava a falar com grandes editoras, com editoras maiores, mas a minha vida mudou muito. Nunca fui uma rock star! Nunca fui uma espécie de diva ou algo! Vem com a paixão! Vem do coração! E sou uma privilegiada por me ter tornado bem-sucedida! E ainda sou muito privilegiada de ter a hipótese de poder lançar música. E houve grandes editoras interessadas. Não me senti segura. Senti-me tipo: “Tenho o meu trabalho, das 9 da manhã às 5 da tarde! Trabalho com crianças autistas! Trabalho com jovens, com necessidades especiais! Dou as minhas aulas de treino vocal! Ajudo pessoas a resolverem os seus traumas! Tudo isto é muito importante para mim!”. E não quero desistir, porque quanto mais a editora te paga, mais tens de dançar. Quando eles dizem: “Dança”! ou quando dizem: “Canta”! tens de o fazer! E construí a minha nova vida e não quero desistir dela, porque é uma segurança. E olha agora! Com os tempos de pandemia que temos agora! Tenho um trabalho seguro! Como tu! Tenho um trabalho, das 9 da manhã às 5 da tarde. Sou abençoada, por ter encontrado esta oportunidade, antes que toda a situação mudasse para todos nós! Enquanto músico a viver de música, seria uma catástrofe. Tenho de alimentar a minha família, pagar a minha renda, como tu. Não há diferença entre tu e eu. Parei de viver da música há muitos, muitos anos. É uma bênção estar onde estou agora. Tenho de o dizer! Sim! Estou muito contente por estar aqui e por tudo o que está a acontecer! 
Quando decidi não assinar com uma grande editora, toda a gente era do tipo: “És doida?! Podes ganhar muito dinheiro!”. “Mas eu não quero cantar! Eu não quero desistir da vida que construí! E também sou mãe! Tenho uma responsabilidade! Não quero mais andar em tournée! Quero dar concertos, mas não quero andar em tournée!”.
Quando o Michael apareceu na minha vida e disse: “Bem, eu tenho uma pequena editora e alguns artistas. Aconselho e ajudo, mas sou apenas uma editora pequena, individual e independente”!. Eu disse: “O que pode ser melhor?! Podes dar-me conselhos, com o conhecimento que tens, de ser uma editora e eu posso concentrar-me, com o que eu faço de melhor, que é cantar, escrever letras, dar alguns concertos aqui e ali. É o que faço melhor!”. Descobrimos esta frequência comum e posso ser realmente autêntica. Posso fazer o que é bom para mim e o que o meu coração diz! Por isso, é uma bênção ter o Michael a ajudar-me com isto tudo, por que ele entende de burocracia e essas coisas (risos). Eu senti apenas: “Ok! Será que o vou voltar a ver de novo?”. Foi o Michael que disse, exatamente há dois anos : “Acho que preciso de te dar um pontapé no cu! Eu quero isto! Quero que comeces a cantar! Quero que pegues nas canções do Tommy e trabalhes nelas!”. E foi isso!


M.I. -  Também podemos aprender uma lição, só de olhar para a ilustração da capa: encontra a tua voz interior e que a torna apaixonante, que define a verdade e abre o teu coração. Concordas? Devemos sempre procurar pela nossa voz, pelo resto da nossa vida?

Sim! Sim! Tens toda a razão! O que vês na ilustração, sou só eu! Não preciso de fingir! Não preciso de ser outra pessoa! Não preciso de ser uma rockstar, uma diva ou algo! Põe-me numa floresta, tira-me uma fotografia e estou a pensar num lugar bonito! É isso! É do que se trata a ilustração! É sobre estar em equilíbrio contigo mesma, o teu coração, a natureza! É isso! Faz o Universo muito mais pacífico! É isso o que eu quero mostrar e desejo realmente às pessoas com quem trabalho, que se relacionam comigo, para treino vocal. Eu realmente quero que descubram a sua verdadeira voz, interior e exterior, porque é quando as suas vidas realmente começam! Quando começas a definir limites, e te livras de pessoas tóxicas, situações tóxicas, pessoas complicadas, que não agem em nome do seu amor e coração, que só querem complicar-te a vida, livra-te delas! Define limites! Ouve a tua voz interior e cantarás como um anjo! Tenho a certeza de que consigo fazer toda a gente cantar e trabalho com pessoas, entre os cinco e os cinquenta e cinco anos de idade, para encontrarem a sua verdadeira voz. Eu encontrei a minha, quando tinha quarenta e cinco. E tenho quarenta e cinco anos de idade.


M.I. -  Lançarás cópias limitadas do EP: um LP em três cores, um vinil com o peso de 180 gr e um CD Digipak, com um livreto de 6 páginas, no dia 7 de maio. Porquê estas cores e têm algum significado para ti? Que mais surpresas os fãs encontrarão nos outros formatos?

As cores da ilustração são muito terrestres. Têm a ver com a Terra e sentirmo-nos enraizados. Estar em contacto com a mãe-natureza e era isso o que eu precisava, depois do que aconteceu em 2016, quando o meu mundo explodiu. Tudo estava lixado! Tudo estava a desmoronar-se! Precisava de encontrar a minha essência e sentir novamente a conexão com a mãe-natureza! Sentir-me segura na minha vida! É isso o que as cores representam!


M.I. -  Falando em formatos, é a primeira vez que a tua música será lançada em vinil. Como te sentes?

Primeiro de tudo, é uma bênção! Sou uma colecionadora de vinil e o Michael também! Foi o Michael quem disse: “Ok! Se o vamos lançar juntos, lançaremos em vinil também!”. Por isso, foi tudo um investimento próprio. Essas pessoas que fazem as aulas de treino vocal comigo, investem nos meus projetos musicais. Portanto, todos vocês são parte disto! É um sentimento bonito, porque é uma frequência maravilhosa de cuidar e receber. Dar de volta. É muito importante!


M.I. -  A masterização e mistura do EP foi feita entre países? Quem ajudou nisso?

Aconteceu na Noruega, na casa do Tommy e na Alemanha, em dois estúdios diferentes. Tivemos uma pessoa, a misturar canções ao vivo e outra a misturar as canções do Tommy. Três estúdios estiveram envolvidos no EP.


M.I. -  Este EP está a meio caminho para o lançamento do teu álbum e para isso, tiveste de enfrentar medos. Como te sentes agora e com a gravação do álbum? Podes adiantar algo sobre isso? Por exemplo, quantas canções já tens prontas? As letras e a música? O significado? 

Agora temos nove canções prontas, e gostaria de ter um álbum com onze canções, porque onze é o número mágico. Por isso, precisamos de mais duas canções e o Tommy está a compô-las. Tudo está a correr bem. Estamos quase a acabar.
Ainda não sabemos o título! Ainda não o decidimos! Mas o álbum é basicamente sobre encontrar a luz no túnel! É suposto ser uma inspiração para todos, que estão a tentar encontrar o seu próprio caminho de volta a si mesmos! Encontrar o caminho de volta, para ser eu mesma! Para ser a pessoa carinhosa que sou, abrir o meu coração novamente, aproveitar a vida, com todo o meu o meu espírito, respirar o ar fresco e sugar a luz. É do que se trata!
Só quero que a música seja uma frequência de cura. É isso! Porque eu lembro-me que, desde os meus três anos de idade, que era obcecada por música e por cantar. Obcecada por vozes, especialmente Metal! Como tu! Esses momentos são mágicos, quando ouves uma canção, que adoras! Isso eleva o teu espírito. A tua frequência! Apaixonas-te, por esse momento! E é isso o que eu te quero dar! É isso! Quero dar-te uma experiência fantástica! Quero que te sintas livre e feliz! Em alinhamento contigo mesma, quando estiveres a ouvir o álbum. Quero que usufruas do momento.


M.I. -  Ainda tens outro projeto e é outra banda que nos faz lembrar os primeiros anos da tua carreira: Coldbound: começou como um projeto de um homem só por Pauli Souka, mas agora és tu, Pauli (todos os instrumentos/vocais) e Meiju Enho (teclados/orquestrações/vocais). Como é que vieste parar neste projeto?

Há cerca de um ano, Pauli, dos Coldbound, enviou-me uma canção que ele escreveu e ele fez isso, porque arranjou os meus contactos através do Michael. O Michael e o Pauli são amigos há muitos anos. São amigos no crime. Andaram em tournée juntos, no passado. O Pauli perguntou ao Michael, se podia ouvir uma música, que ele pensava ser perfeita para mim. Ouvi a canção e após trinta segundos, disse: “Ok! É a minha bebé!”. Gravei a canção e mandei-a para o Pauli e ambos chorámos, porque para mim, foi como regressar outra vez a casa e para o Pauli, foi um dos seus sonhos tornado realidade! E depois disse ao Pauli: “Sabes, Pauli, não te posso dar esta canção! E é simplesmente isso! Tens mais?!”. E ele disse: “Sim! Tenho mais dois álbuns! E a Meiju juntou-se aos Coldbound e a Meiju e o Pauli perguntaram-me se me queria juntar a eles. E foi uma questão de tempo. Isto parece que foi arranjado pelo Universo. É excelente! E o Pauli é o compositor, a Meiju traz o som étnico vindo do universo. Ela é a mulher, que leva todas as inspirações étnicas e eu estou lá com a minha voz. É perfeito! É um triângulo perfeito! Quero que saibas uma coisa: nunca nos conhecemos em todas a nossa vida! Nunca nos conhecemos e é por causa do Covid, que não podemos visitar uns aos outros. Adiamos os voos muitas vezes. Mas ainda assim, não muda nada. É como uma família mágica. Chamamos a nós mesmos “A Família Mágica” (risos). Parece o paraíso, também. Parece irmão e irmã de alma. Não posso pô-lo de uma forma diferente! É como voltar para casa e acho que era para isto que estava pronta. 


M.I. -  O novo álbum dos Coldbound chamar-se-á “Slumber Of Decay” e a faixa título foi lançada no dia 5 de fevereiro, onde figuras tu. Onde decorreu a filmagem e a história por trás disso?

O vídeo foi filmado aqui, na floresta, na Suíça e o Michael filmou-o. Não pude viajar para a Suécia, para visitar o Pauli. O Pauli filmou as suas filmagens com drones, na Suécia. Por isso, é na Suíça e Suécia. E o Pauli fez o vídeo! Foi ele quem o fez! O diretor!


M.I. -  A arte e fotografia para o álbum, foi feita pela Balsara Inc, da Xeniya Balsara Photography. Não estás preocupada que o vosso álbum seja banido de países conservadores?

Não! O Pauli tem esta conexão especial! Queríamos uma capa que fosse controversa. Queríamos isso. Não queríamos mulheres com a frente típica, com sex appeal. É sobre sex appeal e não queríamos isso. Queríamos um corpo verdadeiro e autêntico. A mostrar pele autêntica!


M.I. -  Parabéns pelo lançamento do teu novo site. Karmasonic é onde toda a gente pode ter aulas de canto e um quadro, pintado por ti. Poderias, por favor, falar sobre o site Karmasonic e as lições?

Sim! Adoraria! Karmasonic é algo que tinha em mente, desde 2017. Tive alguns pedidos ao longo dos anos, para aulas de canto, treino vocal, mas tive de adiar. Tive de pensar. Tive de desenvolver a minha ideia. E então o Covid apareceu, a situação de pandemia e fomos forçados a estar em isolamento. Pensei: “Ok! Agora é tempo de sentar e pensar sobre isto! Preciso de encontrar um conceito!”. E fi-lo! Perguntei a amigos se teriam sessões de treino vocal comigo, o que queriam ter e experimentar! Sentei-me, escrevi as minhas ideias e pensei: “Bem, se calhar não é tão importante restringir-me a essas ideias. Preciso de conhecer a pessoa, que estou a ver, com quem me estou a conectar! E tenho a certeza de que as pessoas certas se irão conectar comigo!”. Pu-lo online, no meu site e na página da Liv Kristine, e recebi muitos pedidos! Usei o tempo do isolamento, para me conectar com pessoas de todo o mundo, em busca de vozes, que querem fortalecer as suas vozes. Incrível! Trabalho incrível! E vejo cada pessoa como um indivíduo. Trabalho holisticamente, o que significa que entro na tua frequência. A tua vida! Desejos! Questões! Trauma! O teu desejo de cantar numa forma especial! Nós tratamos do teu relacionamento contigo! Eu dou toda a minha intenção a cada pessoa! Trabalho com o máximo de cinco a sete pessoas, num período de três ou quatro meses. Basicamente, as pessoas encontram-se em três sessões e pronto! Alguns meses, meio ano ou um ano, as pessoas voltam e dizem: “Ok! Agora tenho uma pergunta! Preciso de um conselho!”. Mas três sessões são suficientes para encontrar o caminho verdadeiro e autêntico. A certa altura, resolvi ter uma página para as aulas de canto e para as pinturas. Foi assim que aconteceu e estou muito, muito orgulhosa disso! Sinto que Karmasonic é algo que vai crescer!
É sobre experiência de voz e também sobre algo que é muito importante para mim, quando estou a pintar! Quando estou a pintar, estou a pintar música! Sempre vi música com cores. É algum tipo de competência ou habilidade especial que tenho. Vejo sempre cores com música. O que fazes quando encomendas uma pintura minha, através do Karmasonic, pergunto sobre a tua música favorita, sonho, visão, e pergunto sobre a tua cor favorita. E coloco tudo numa tela. Na verdade, estou a pintar algo que é parte de ti! É um trabalho muito, muito interessante!


M.I. -  Postaste na tua página do Facebook, boas notícias para os amantes do vinil: visto que o “Velvet Darkness They Fear”, dos Theatre of Tragedy, completa 25 anos este ano, uma edição limitada será lançada, mais precisamente no dia 14 de maio. É este álbum o teu favorito, dos anos em que estiveste na banda? Acompanhaste a remasterização do vinil e o trabalho por trás dele?

Bem, o trabalho por trás do relançamento do “Velvet Darkness They Fear”, é feito principalmente pelos meus amigos (odeio dizer ex-membros da banda) na Noruega. Não pude visitá-los. Está tudo a ser feito digitalmente. Mas eles têm uma boa intuição, têm boas ideias e pensei que é perfeito! E quando o vi, fiquei muito feliz com isso!
Diria que “Velvet Darkness They Fear” ou “Aégis” são os meus álbuns favoritos.


M.I. -  O teu próximo concerto acaba de ser confirmado, no Stella Nomine Festival, em agosto para um concerto muito especial. Tens uma setlist preparada?

Sim, tenho! E vou tocar músicas dos meus álbuns a solo anteriores. Foi pedido pelo promotor. Então, serão músicas de “Deus Ex Machina”. Bem, diria dos três primeiros álbuns. Serão músicas de todos os álbuns a solo, na verdade. E também, é claro, do meu próximo álbum a solo. Claro, “Skylight”, “Gravity”, “Have Courage Dear Heart”. Vou tocar estas músicas. E vou tocar algumas músicas dos Theatre Of Tragedy. Vai ser uma noite especial!


M.I. -  Nestes dias sombrios, como vês a cena musical e achas que este ano também será afetado pela pandemia?

Estávamos otimistas na Europa. No início do ano, as escolas abriram, as lojas estavam a começar a abrir, mas agora países como a Noruega e a Finlândia estão a fechar outra vez. Parece que uma nova vaga de pandemia está a chegar e temos observado a situação da América do Sul e América Latina, o que é muito, muito sério. Por isso, não sei o que vai acontecer. Claro, espero puder ir para o palco, em agosto, mas neste momento, a Europa está a entrar numa nova fase de pandemia. Veremos! Mas estou muito, muito contente por ter o meu trabalho estável. O meu trabalho seguro! Eu vejo que os músicos estão a sofrer! Os artistas estão a sofrer! Eu vejo isso e estou muito feliz por saber que a maioria de nós encontrou novas formas de ganhar o dinheiro, de que precisamos, para sustentar as nossas famílias e as nossas vidas diárias!
O que vem de uma situação crítica? Se não fizeres o papel de vítima, é aí que vais ficar mais forte! E quando conseguires ultrapassar a crise, terás novas ideias! Devo dizer que, para mim, tem sido muito importante! Quando estamos em confinamento, para usar a situação, para encontrar novas situações para mim, para me sentar comigo mesma, para criar novas estratégias e não ficar em desespero. Se agires por medo e desespero, será um caminho difícil para ti! Acho que o medo é um grande problema agora! O mundo inteiro está com medo e isso faz-nos mais sábios! Isso também está a afetar o nosso sistema imunitário, de uma forma negativa! Gostaria que os grandes líderes, os líderes espirituais, dissessem isso! Assim, poderíamos criar novas estratégias! Assim, podemos deixar os medos de lado por algum tempo, porque se agires por medo, ficarás desesperado! Não vem nada positivo daí!


M.I. -  Cita uma banda/cantor com quem gostarias de cantar e de andar em tournée.

Sempre quis andar em tournées e cantar com o Ozzy (risos)! Simplesmente adoro a Kate Bush! Adoro! Sim! E adoro aquela pessoa, que provavelmente conheces, que vem de Portugal!


M.I. -  Diz!

Já andamos em tournée, algumas vezes. Os Moonspell! O Fernando! Adoro-o! E comprei o último álbum deles, para o apreciar, com um copo de vinho. O Fernando é excelente! Quando andámos em tournée juntos, ele comprou-me o maior bolo de aniversário de sempre! Era cor-de-rosa. Comprou champanhe e festejámos juntos. Adoro-o de morte! É um tipo excelente! Mal posso esperar para vê-lo novamente! E o Michael sabe disso também! Eles também trabalham juntos! Só quero enviar, se puder, os meus cumprimentos ao Fernando!


M.I. -  Obrigada por esta entrevista e é um prazer falar contigo. Algumas palavras finais?

Quero agradecer, do fundo do meu coração, por me teres dado esta noite especial em conjunto! Por partilhar este lindo momento! Ainda estou comovida, em lágrimas, e sei que é um privilégio ter alguém como tu, por perto, na minha comunidade. Muito obrigada por tornares este dia muito especial! E a todos vocês, que fazem o meu artístico especial, OBRIGADA!!!

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Entrevista por Raquel Miranda