Em outubro do ano passado, os Leaves Eyes lançaram o seu oitavo álbum “The Last Viking”. Este é um álbum impressionante, cheio de história e rico em ritmos em que cada música tem algo de novo para contar. É provavelmente por isso que alguns o consideram o melhor álbum da banda até agora! O Alex e a Elina estiveram à conversa com a Metal Imperium.
M.I. - Como escolheram o nome deste álbum?
Alex: Em primeiro lugar, muito obrigado! Estou feliz por saber que vocês gostaram muito do novo álbum! “The Last Viking” é baseado nas aventuras do rei viking Harald III, também conhecido por “Hardrada”, que significa governante forte. Dizem que Hardrada é “The Last Viking” (o último Viking), os historiadores costumam mencionar que, após a sua morte em 1066, a Era Viking acabou. 1066 foi definitivamente um ponto de viragem importante na Inglaterra, onde ele morreu no campo de batalha, e também para a Europa e para o seu futuro desenvolvimento. Cada vez mais a influência do cristianismo crescia em todos os lugares e muitos dos guerreiros Viking que costumavam participar em ataques lucrativos estabeleceram-se. Os Vikings, definitivamente, ajudaram a conectar e a unir a Europa e deixaram muitas marcas na nossa história. Escrever um álbum tão épico é um grande prazer para nós, músicos dos Leaves' Eyes, ele encaixa-se perfeitamente na banda! Os nossos fãs podem desfrutar totalmente das aventuras, vida e morte de “The Last Viking”.
M.I. - Podem-nos falar sobre como criaram o conceito para o álbum?
Alex: O conceito das letras foi feito por mim. Eu tento sempre desenvolver ideias que se encaixem na ideia musical e na visão da banda. A saga de Harald III é muito emocionante, acho que poderia facilmente tornar-se uma grande série tal como a série Game of Thrones. Começámos o álbum no momento em que Hardrada morre ao ser atingido por uma flecha no pescoço, em Stamford Bridge, na batalha pela coroa da Inglaterra. No seu último suspiro, ele revê a sua vida inteira em flashes e nós levamos os ouvintes de volta às aventuras do rei nórdico, onde ele viaja por países distantes, onde teve que fugir ainda jovem da Noruega, lutando pelo rei russo Jaroslav, depois disso serve a guarda Varangiana em Byzantium e torna-se um herói de guerra. A saga diz-nos que a imperatriz bizântica se estava a apaixonar por ele, mas Harald Hardrada rejeitou-a e foi levado para a prisão. Hardrada conseguiu fugir de Byzantium de uma forma espetacular, casar-se com uma princesa russa e regressar à Noruega para tornar-se rei. Depois disso, ele reivindicou as coroas da Dinamarca e da Inglaterra, bem como muitas missões e batalhas cheias de aventura. Que história e que impacto para a história.
M.I. - Quando começaram a escrever as músicas para o álbum? Onde foram buscar inspiração?
Alex: Começámos entre e depois das tours do álbum “Sign of the Dragonhead”. Acho que com os Leaves' Eyes vamos sempre estar conectados à mitologia nórdica, aos tópicos medievais, aos poderes da natureza, às paisagens lendárias e aos temas místicos. Portanto, todos os nossos álbuns podem ser vistos como um processo de continuação e de evolução. Para cada álbum novo, nós falamos sobre o novo conceito lírico e ideias, e de como a música pode ser composta em torno de uma determinada saga épica como "O Último Viking", por exemplo. Na minha cabeça, há sempre uma visão da música, letras e até mesmo de conceitos visuais para os projetos e vídeos que andam de mãos dadas. Para “O Último Viking” fiz muitas pesquisas. Eu estava a ler a saga em inglês e alemão e também estudei os antecedentes históricos de Hardrada. Foi muito emocionante dar vida a essa saga fantástica com a nossa música, arte e vídeos.
M.I. - Que tipo de feedback estão a receber dos vossos fãs?
Elina: O feedback em geral tem sido incrível e não podíamos estar mais felizes com isso! É claro que já estávamos muito gratos por poder fazer este álbum durante um período tão difícil e dedicámos-lhe muito trabalho e paixão. Então, ter o feedback incrível por parte dos fãs foi apenas a cereja no topo do bolo!
M.I. - Na música “Black Butterfly,” porque escolheram a Clémentine Delauney (Visions of Atlantis, Exit Eden) para cantar com vocês? Ao escrever a música, o que vos fez decidir ter um convidado para ela?
Elina: Não foi algo que foi decidido durante o processo de composição da música. Na verdade, consideramos entre algumas músicas qual seria a que teria um cantor convidado e, finalmente, decidimo-nos pela “Black Butterfly”. Queríamos ter uma cantora que tivesse uma voz diferente da minha, para trazer outras características para a música e a Clementine era a combinação perfeita em todos os sentidos. Nós divertimo-nos muito a trabalhar juntas, pois felizmente, ela ainda conseguiu viajar para o estúdio para as gravações. O resultado dá à música outra dimensão e as nossas vozes complementam-se muito bem ao mesmo tempo que têm o seu próprio espaço individual para brilhar.
M.I. - Qual foi a inspiração para a música “The Last Viking”?
Alex: Não é apenas a música mais longa e épica do nosso álbum, como também o ponto de viragem decisivo na saga do nosso herói, o rei nórdico Hardarda e dos guerreiros Vikings que invadiram a Inglaterra. A música descreve a última batalha que passa de lutas gloriosas à derrota final e, consequentemente, à trágica morte do rei nórdico. Os seus homens continuaram a lutar à volta do corpo do rei nórdico para defendê-lo até ao fim. Não podia ser mais épico do que isto! Musicalmente, esta música reúne tudo: uma grande diversidade com diferentes instrumentos, ótimas melodias e a própria dinâmica da música. Eu gosto de como a atmosfera épica e mística combina com todos os diferentes elementos, incluindo os coros e as partes de metal bombásticas!
M.I. - Qual a vossa música favorita deste álbum e porquê?
Elina: É um álbum tão variado e todas as músicas são histórias e aventuras próprias, o que torna difícil escolher apenas uma. Eu gosto de „Serpents and Dragons“ pela energia e atmosfera do power metal, mas também, por exemplo „Dark Love Empress“, que tem a parte épica e dá-me a oportunidade de usar a minha voz de forma diferente.
M.I. - Podem falar-nos sobre o documentário “The Viking Spirit” que está na página de Facebook da banda e no Youtube?
Alex: O documentário “Viking Spirit” mostra o mundo da reconstituição Viking. O filme foi feito durante um período de 5 anos para apresentar um cenário colorido das cenas Viking. Eu sou um lutador de espadas e faço a recriação histórica de Viking no maior e mais moderno exército Viking “Jomsborg”. Isto significa que eu treino todas as semanas, vou a batalhas, torneios, acampamentos e eventos medievais por toda a Europa. Também estou a fazer workshops Viking e espetáculos de lutas. Quero convidar todos a se juntarem a mim e conhecerem os meus amigos Viking neste documentário que contém o seu estilo de vida Viking, a história “viva”, a mitologia nórdica e a música dos Leaves' Eyes. Estou também a participar na maior batalha Viking dos nossos dias em Wolin (Jomsborg), na Polónia. Também há eslavos, bizantinos e outros recreadores de todo o mundo no campo de batalha. 800 guerreiros em pelo combate em estilo Eastern, também há guerreiros da Rússia! A propósito, a banda sonora “Viking Spirit” conta com mais 10 músicas que fizemos em conjunto com o compositor Jonah Weingarten e também está incluída na edição limitada do Artbook de “The Last Viking“.
M.I. - Qual o conceito por trás da capa do álbum e de quem foi a ideia?
Alex: A capa maravilhosa que foi feita pelo Stefan Heilemann, mostra o momento do rei caído Harald Hardara ser levado do campo de batalha para Valhalla por uma mística Valquíria. Esta é a nossa homenagem ao rei nórdico Hardarda e à cultura Viking, e eu tinha esta ideia em mente desde o início. A Elina também gostou da ideia e também gostou de assumir o papel de Valquíria na capa. A saga de Hardrada faz parte da mitologia nórdica e dos antecedentes das crenças nórdicas antigas, embora em termos históricos, Harald Hardrada já tenha anteriormente instalado igrejas e bispos na Noruega - provavelmente por razões políticas pois o seu comportamento não era muito cristão. Portanto, as sagas contam-nos também que Harald era casado com duas mulheres ao mesmo tempo. Além da sua primeira esposa Ellisif, a rainha russa, ele casou-se também com Tora, a sua segunda esposa.
Elina: Como banda e pessoas, nós mantivemo-nos juntos e tiramos o melhor da situação. As gravações foram feitas durante o primeiro confinamento e a programação foi mantida quase perfeitamente até ao lançamento. O maior desafio foi, claro, não ter festivais ou espetáculos e não podermos ir em digressão. As entregas do álbum também foram gravemente afetadas, o que foi uma grande pena após um fluxo tão bom até ao lançamento.
M.I. - Quando estão a atuar em palco, qual é a vossa altura preferida ou momento preferido?
Elina: Não há nenhum momento que seja favorito. É a beleza de atuar e em que tudo pode acontecer, é a interação com a multidão que traz esses grandes momentos o tempo todo. Dito isso, é sempre um momento especial quando começamos a ouvir a música de introdução, a adrenalina começa a subir e a expectativa de subir no palco começa a aumentar.
M.I. - Qual das vossas músicas consideram a melhor?
Elina: Acho que existem muitas músicas boas e talvez por razões diferentes. Por exemplo, “The Last Viking” é uma composição monstruosa e complexa, longa e épica com muitas atmosferas musicais diferentes. Por exemplo, temos a música “Sign of the Dragonhead”, que é mais direta, cativante e fácil para as pessoas cantarem connosco.
M.I. - Que músicas tocaram mais vezes ao vivo?
Alex: Esta é uma pergunta interessante, (risos)! Tenho certeza que desde o álbum “King of Kings” a música “Blazing Waters” é um ótimo final de cada concerto dos Leaves' Eyes!
M.I. - Qual a história mais engraçada que vos aconteceu em tour?
Elina: Há centenas de memórias engraçadas das digressões, mas infelizmente, a maioria são piadas internas. Lembro-me de uma vez na nossa tour norte-americana em que eu estava no autocarro a preparar-me e estava quase na hora de subir ao palco. Estava com um pouco de pressa e ao fechar o fecho da minha blusa, este “rasgou-se”. Pânico!! O nosso colega do som veio até ao autocarro e ficamos a lutar durante algum tempo com o fecho. Felizmente, ele lá conseguiu abri-lo e fechá-lo novamente. Maior sorte foi o fecho não se ter “rasgado” novamente em palco!
M.I. - Por favor partilhem uma mensagem com os leitores da Metal Imperium e com os vossos fãs.
Elina: Obrigada por esta entrevista! Eu gostaria de enviar um grande obrigada a todos os leitores e fãs por nos apoiarem! Espero que estejam a gostar do álbum “The Last Viking”, mal posso esperar para vos ver a todos num concerto assim que seja possível!
Alex: Obrigado pelo grande apoio! Espero ver-vos a todos na estrada novamente. Desfrutem de “O Último Viking” e sintam o Espírito Viking!
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Entrevista por Tatiana Andersen