Tudo começou há cerca de uma década. Nesse tempo, Colosso tornou-se um nome maior no tech death nacional, lançando álbuns e EPs com alguma regularidade, mesmo quando parecia que o projeto estava a terminar. Muito irregular em termos de formação e com poucas prestações ao vivo, cedo se percebeu que tudo girava à volta de Max Tomé, guitarrista, compositor, muitas vezes produtor. Foi com este músico que a Metal Imperium falou para saber mais sobre este "Hateworlds".
M.I. - Neste novo disco, volta a redefinir o som do grupo. Insatisfação? Necessidade de evoluir?
É algo que me dá algum gozo fazer: redefinir, reconstruir e apostar em sonoridades um pouco diferentes do que vou fazendo até ao momento em que começo a escrever o registo. Vejo isso como experimentação e não como evolução ou insatisfação, pois gosto de todos os registos que tenho feito com este projeto.
M.I. - Olhando para a discografia de Colosso, onde inseres o «Hateworlds»?
Se falarmos em termos de gosto pessoal na discografia de Colosso, acho que está a par daquilo que sinto pelo primeiro registo "Abrasive Peace", com o qual sempre me identifiquei mais até agora. Vejo este álbum como um novo começo do projecto e sinto que este é o tipo de som que melhor representa aquilo que quero fazer no futuro.
M.I. - A «Hatred», é uma das faixas mais interessantes. Como surge a ideia?
Também é uma das minhas preferidas! Se bem me lembro começou com o riff principal, cavalgado, e uma tentativa de emular o feeling dos temas mais pesados do "Roots" e "Chaos AD" de Sepultura, com aqueles leads de guitarra super simples, mas estimulantes. Creio que, apesar de não ter nenhum blast beat, é o, ou dos, temas mais pesados de sempre de Colosso.
Foram surgindo naturalmente e espontaneamente.
Como precisava de um solo de guitarra interessante para o tema "Faceless" contactei o Marco Silva, que é um guitarrista de topo e alguém com quem ambicionava colaborar há algum tempo. Quanto ao tema "Despised", mal o terminei, vi logo que tinha que convidar o Miguel Inglês para fazer as vozes na secção final do tema. Também já queria ter colaborado com ele há bastante tempo e acabou por ser neste álbum.
A participação do Dirk acabou por ser uma escolha natural, para recriar o ciclo do primeiro álbum.
M.I. - Como acontece o regresso do Dirk Verbeuren?
Aconteceu porque senti a necessidade de “voltar ao início”, onde o primeiro álbum também contou com a participação do Dirk. Tão simples quanto isso.
M.I. - Antes do "Hateworlds", tiveste o "Apocalypse", um trabalho algo fora da caixa para aquilo que Colosso tinha habituado. Uma vez que tens vários projetos, não passou pela cabeça, criar um apenas para esse disco?
Fazer um EP no formato do "Apocalypse" estava na minha mente desde que saiu o primeiro álbum «Abrasive Peace». No entanto, acho que a altura certa foi aquela em que foi lançado. E não, nem me ocorreu fazer novo projeto.
M.I. - Em tudo isto, mesmo num grupo como Colosso, sente-se a falta de concertos ao vivo, de atuações onde se possa assistir à música que criaste. Isso está pensado?
Sim, estava planeado existirem concertos para promover o disco. No entanto, e dadas as circunstâncias, isso ficou adiado. Com este cenário do COVID, infelizmente nem sequer temos tido agenda para tirar umas fotos e formalizar o projeto como banda novamente… Mas está na calha, sim!
M.I. - Em cerca de um ano, editas quatro títulos, dois deles com Colosso. O que se pode esperar para os restantes onze meses de 2021?
Não te sei dizer. O objetivo principal era mesmo tocar estes temas novos ao vivo. Tenho já alguns temas para um EP ou LP novo, mas não sei se será lançado para breve.
Gostava de fazer as coisas de forma diferente novamente. Não propriamente a nível de estilo, mas desta vez a nível de captação e arranjos em estúdio, com a colaboração dos restantes membros.
Mas sinceramente não sei se a altura certa para gravar ou no máximo lançar algo novo será ainda este ano.
Entrevista por Emanuel Ferreira