Quem conheceu os Névoa, aquando da estreia da dupla portuense em 2015 com “The Absence of Void”, um disco com um black metal atmosférico muito na onda de uns Wolves In The Throne Room, dificilmente imaginaria que a banda evoluiria para uma sonoridade como a que é apresentada neste “Towards Belief”.
Na verdade, esta transição deu-se gradualmente e quem tem acompanhado a banda no período compreendido entre estes dois trabalhos, reparará com certeza que neles figuram um post-black metal com algum doom de “Re Un” e o experimentalismo do single “Pale and Frail, He Stands”. Não vai ficar, portanto, surpreso com o post-metal psicadélico, com elementos de Jazz e atmosferas nocturnas que “Towards Belief” apresenta. Aliás, são estes elementos não-metal que conferem maior impacto dentro deste álbum, sendo que a maioria dos temas estão construídos num crescendo, querendo terminar explosivamente numa derrocada de riffs arrastados a que se juntam berros furiosos, fazendo lembrar um pouco Process of Guilt ou os sludgers franceses Crown nesses momentos. Porém – e aqui está o único ponto negativo deste álbum – a intensidade não é assim “tão intensa”, perdoem a redundância. Apesar dos temas fluírem muito bem do início ao fim, nota-se que a banda está a tentar criar um final memorável e devastador, mas acaba apenas por ser agressivo e não épico.
Por outro lado, temos dois temas que se sobressaem claramente. São eles: “Thrice I Breathe” que combina os elementos atmosféricos e melódicos que se têm ouvido até então e fazem um tema hipnótico e altamente contemplativo; e “With Devotional Pace”, que consegue fundir o melhor dos mundos que os Névoa pretendem combinar neste álbum, sendo minimalista e agreste quando deve ser e ricamente elaborado nos momentos certos, brilhando ainda mais quando conseguem juntar tudo numa poderosa composição de música.
Ao terminar este terceiro longa-duração com uma aproximação ao black metal de “Re Un” em “Unending”, chega-se a constatar que os Névoa são realmente uma entidade misteriosa, que muda de forma em cada lançamento, mas que têm sempre conseguido gravar álbuns fortes, daqueles que deixam os ouvintes na curiosidade de ouvir o que se seguirá.
Nota: 7.5/10
Review por Tiago Neves