Os Foxy Rocket são a banda sensação de momento. Estes músicos não baixaram os braços e, mesmo em tempos de pandemia, estiveram bastante ativos, para mostrarem o que valem! Esta persistência e empenho fizeram deles o centro das atenções do mundo rock no panorama nacional. Apesar de ainda estarem a preparar o seu álbum de estreia, os Foxy Rocket já divulgaram alguns temas que deixaram os fãs do género ansiosos por mais. Para aguçar ainda mais a curiosidade dos rockeiros, a Metal Imperium teve o prazer de entrevistar a Evie (vocalista) e o Miguel (guitarrista), que nos deram a conhecer melhor o mundo “espacial” dos Foxy Rocket. Fica aqui o registo da conversa...
M.I. - Olá! É um prazer poder entrevistar-vos! Será que podem fazer uma breve apresentação dos membros da banda?
Evie: Olá! O prazer é todo nosso, muito obrigada! Eu diria que qualquer um dos membros dos Foxy Rocket pode ser descrito como alguém que não consegue ficar parado e com uma vontade gigante de fazer o mundo mexer com as suas canções. Todos nós acreditamos que a música fala mais alto e que a sua mensagem merece ser ouvida. Decidimos embarcar numa viagem “espacial” para espalhar a mensagem de que o Rock está bem vivo e relembrar toda a emoção e honestidade que este género musical traz consigo. É este sentimento que nos fez iniciar este projeto, um quarteto composto por voz, guitarra, baixo e bateria.
M.I. - Como surgiu a ideia de criar os Foxy Rocket?
Evie: A criação deste projeto foi o resultado natural da ligação musical entre mim e o Miguel quando nos conhecemos, nos inícios de 2018. Inicialmente seguimos caminhos separados, mas poucos meses depois de termos descoberto essa simbiose, chegámos à conclusão que tínhamos que ir para estúdio e trabalhar naquilo que acabaria por se tornar nos Foxy Rocket.
Miguel: Passei uma longa temporada em Londres onde estive embrenhado no meio musical. Durante esse tempo, fui criando riffs, ideias e conceitos, os quais fui aprimorando. A visão do projeto já vem daí; era algo muito claro, não só a nível geral mas, particularmente, ao nível de como queria que a guitarra soasse. Muitas das sementes das canções que trabalhamos (incluindo as duas lançadas) já tinham nascido em terras londrinas, foram lá criadas já sabendo que iria voltar para Portugal em breve. Depois foi só chegar a Lisboa com essas ideias, e procurar as pessoas certas para arrancar com o que hoje conhecemos como Foxy Rocket.
M.I. - Quem teve a ideia deste nome para a banda?
Miguel: Nós, já tendo um som muito claro em mente, o projeto encarrilhado, começámos a procurar um nome que fosse igualmente nosso, que soasse a nós. Mal as pessoas o diriam, sabiam o estilo de som que fazemos. Quando estivemos a experimentar vários nomes, a nossa preocupação era ter uma sonoridade bem definida - daí o uso do ‘x’ e do ‘k’, por exemplo - e também fácil de encontrar na internet. Queríamos facilitar o caminho para que as pessoas se juntassem a nós nesta aventura. “Foxy Rocket” surgiu e achámos que está mesmo muito ligado ao nosso som.
M.I. - Ao contrário de muitas outras bandas, pode dizer-se que 2020 foi um bom ano para os Foxy Rocket, e toda a atenção que têm recebido parece ser um privilégio no meio desta pandemia. Como se sentem com tanta atenção? Porque acham que tal aconteceu?
Evie: Digo mesmo que é um enorme privilégio estarmos a ser alvo desta atenção e sermos convidados para entrevistas como esta. É muito bom saber que as pessoas querem conhecer-nos um pouco melhor, tendo em conta todas as mil e uma condicionantes de hoje em dia. Mas admitimos que parte desta atenção é só possível porque estamos rodeados de pessoas fantásticas que levam a nossa música mais longe e a apoiar incondicionalmente o projeto. Destaco, pessoalmente, nomes como a Kai Rocha, o José Carlos Garcia, o Tiago Abreu e o Francisco Bernardo. São, de facto, elementos-chave que têm tido um papel crucial para fazer esta nave espacial descolar. Nós estamos, sem dúvida, agradecidos e não podíamos estar mais felizes, porque, sem eles, não seria possível “furar” por entre tanta coisa que está a acontecer e fazer-nos destacar um pouquinho por entre tantos fantásticos artistas que por aí andam.
Miguel: Hoje em dia o que temos mostrado dos Foxy Rocket é apenas a ponta do iceberg. Temos cerca de dois anos de trabalho constante no nosso bolso que serve de preparação para o que já lançámos, mas também para o que ainda aí vem. Achamos importante manter o espírito positivo e seguir em frente, mesmo diante da adversidade, particularmente uma que se vê global. Eu tive a oportunidade e o privilégio de ter passado algum tempo com nomes sonantes da indústria, o que me ensinou bastante sobre a mentalidade de trabalhar a longo prazo, criar um projeto musical de forma sustentável. Não escondemos que é um trabalho muito intenso, de ritmo acelerado: muito suor, sangue e lágrimas, arriscando o cliché da expressão. A verdade é que, como a Evie mencionou, temos um grupo fantástico de pessoas à nossa volta que torna a coisa muito mais fácil de tolerar e persistir.
M.I. - Sentem-se preparados para a fama e mediatismo? Já têm alguma história engraçada para nos contar?
Evie: (Risos) Não sei se fama e mediatismo é algo que vá acontecer assim tão cedo, mas, se assim for, magnífico! Ainda não temos histórias engraçadas enquanto Foxy Rocket. Desconfio que o Miguel possa contar uma ou outra história engraçada de um projeto passado dele, no Reino Unido, nomeadamente uma que envolve uma stalker que até perucas usava para se fazer passar por outras pessoas...
Miguel: (Risos) Foi de facto caricato. Encontrámos essa pessoa escondida debaixo da cama do nosso vocalista. Algo que, olhando para trás, dá para rir...
M.I. - Apesar de estarmos a viver uma época horrível, vocês nunca baixaram os braços e continuaram a lutar pelo vosso sucesso. Acham que o segredo é esse ou também houve alguma “sorte” aliada ao vosso trabalho?
Miguel: Tendo estado inserido num ambiente Americano e Britânico, onde são “mil cães a um osso”, uma coisa é clara: não podes só apostar no talento para te destacares. É preciso aliar uma ética de trabalho elevadíssima, e uma vontade de aprendizagem constante para que se consiga continuar a subir. Este ano foi repleto de contratempos para todos, mas considero que a nossa capacidade rápida de adaptação, por estarmos preparados para uma indústria que se continua a reinventar, foi uma mais valia. Somos apologistas da citação de Hemingway: “You make your own luck.” Esperamos que o nosso exemplo seja visto como algo que inspire os outros. É essa a nossa missão, afinal.
M.I. - Quais/quem são as vossas inspirações musicais?
Evie: Pergunta muito difícil... São mesmo muitas e acabo por me socorrer das mesmas, distintas para cada tema, porque cada canção tem uma identidade própria. Em geral, diria, claro, Led Zeppelin, mas também, especificamente a nível de referências femininas, um mix entre Joan Jett, Shirley Manson e Cher (sim, uma mistura muito peculiar, mas faz-me todo o sentido).
Miguel: As minhas raízes vêm muito do Rock e Blues. A pessoa que mais influência teve na forma como hoje toco guitarra foi o Gary Moore (com os Thin Lizzy e durante a sua carreira a solo), que me mostrou como moldava o seu som à base de dinâmicas ou ajuste do volume na guitarra com um amplificador sempre a escaldar - ainda hoje guardo com muito carinho uma Les Paul que tenho assinada por ele.
Como a Evie, os Led Zeppelin são uma grande inspiração, sem dúvida - adoro a maneira destemida como o Jimmy Page explorava a guitarra. Também sou grande fã da forma como o Mike McCready (dos Pearl Jam) introduz texturas nas músicas e as eleva com a sua guitarra. Da mesma época, os Alice in Chains, que para mim se destacam pelo que nós chamamos de “andar do gigante”, um ritmo cadenciado e com tal peso que mexe qualquer um.
M.I. - A vossa página do Facebook descreve-vos como “a dirty rock band”... o que pretendem dizer com esta descrição? Dirty porquê?
Miguel: Estamos numa altura em que tudo é asséptico, muito "limpinho''. Provém do digital, dos sons trabalhados eletronicamente, o que tem o seu crédito, mas não era a ideia que queríamos passar enquanto projeto musical. O próprio Spotify até nos convida a “getting down and dirty” com “bluesy rock songs” e era isso mesmo: um Dirty Rock que traz consigo a velha alma Rock’n’Roll baseado nos Blues, mas com o nosso twist, dar um toque moderno e algo selvagem ao clássico.
M.I. - Quando perceberam que o rock era o caminho a seguir?
Evie: Descobri que deveria ser cantora Rock e não Metal - o género que eu cantava na altura -, provavelmente apenas pelo ano de 2012, quando fui fazer uma “jam” na garagem de um amigo que tocava Rock. Algo aconteceu naquele momento e eu descobri uma faceta minha que, pelos vistos, estava adormecida e, do nada, despertou. Lembro-me de ficar a pensar naquela “jam session” durante muito tempo, de como tudo surgiu de forma tão natural e tão intensa ao mesmo tempo. Foi muito estranho para mim, mas, sem dúvida, trouxe-me até aqui!
Miguel: Esse caminho foi bem claro para mim desde cedo. Desde que recebi a minha primeira guitarra aos 14 anos, mergulhei fundo: fiquei completamente absorvido pelo instrumento, a tentar aprender a tocar o que ouvia nos CDs.
M.I. - Estais a preparar o vosso álbum... contém só originais? Já tem título?
Evie: Sim, o álbum terá apenas temas originais. Quanto ao título, confesso que ainda não pensámos muito no assunto. De certa forma, faz-nos sentido que seja um álbum “self-titled”, até por se tratar do álbum de estreia e que vai representar a origem e a essência dos Foxy Rocket.
M.I. - Já começaram a gravar? Têm data marcada/prevista para o lançamento?
Miguel: O nosso plano é começar 2021 com o pé direito a gravar mais temas. Vamos continuar a seguir o nosso formato: lançamos as canções individualmente, até que o álbum fique completo. Na Primavera o foguetão será lançado novamente. Até lá, esperem por um Especial acústico para dar um quentinho de inverno!
M.I. - Quem é o autor das letras? E das melodias? Todos participam? As letras são autobiográficas?
Evie: Da parte vocal, incluindo letras, tenho-me encarregado eu, apesar de estar a tentar puxar para que os rapazes também cantem. As minhas letras não são autobiográficas e cada uma conta uma história. Claro, certos aspetos são indissociáveis de quem eu sou e daquilo que quero fazer valer e transmitir através dos Foxy Rocket.
M.I. - A receção aos vossos temas “Damage me” e “Remember to Forget” tem sido fenomenal... acham que o confinamento também contribuiu para que o pessoal passasse a ter mais tempo para se dedicar a ouvir música?
Evie: Eu diria que a recepção dos temas não está diretamente relacionada com o confinamento. Se tanto, muitos perderam a rotina que tinham para ouvir música nova, a caminho do trabalho, no carro ou nos transportes, por exemplo. Por outro lado, mesmo que algumas pessoas possam ter mais tempo para se dedicarem a ouvir música, não é por terem esse tempo adicional que passam a aceitar mais um determinado artista. Provavelmente, se eu não gostava de uma determinada banda antes da pandemia, não é por ter mais tempo livre para ouvi-la que vou passar a gostar. Diria que talvez exista mais tempo e oportunidade para perceber melhor as canções de certos músicos e que isso pode levar a que os ouvintes descubram que, afinal, até existe “algo mais” naquele artista que, antes, não teriam percebido.
No entanto, dentro dos possíveis, acredito que quem tem mais tempo para se dedicar a ouvir música - ainda que não nos moldes que o fazia anteriormente -, que o tenha feito, até porque a música tem desempenhado um papel fulcral no nosso equilíbrio, no meio de tudo o que se está a passar.
Miguel: O confinamento abriu muito o apetite para que outras coisas se pudessem fazer dentro de casa, entre elas descobrir e ouvir novas músicas. Afinal a música também pode ser um pouco um escape e forma de ajudar a lidar com tudo o que se vai passando nas nossas vidas, seja a tocar ou a ouvir.
Segundo nos consta, o interesse em instrumentos musicais também subiu em flecha agora que as pessoas ficaram obrigadas a ficar em casa e precisaram de encontrar novas formas de se entreterem, ou até encontraram no confinamento uma razão para finalmente se sentarem e dedicarem-se àquele instrumento que sempre queriam tocar. Esperamos, por isso, que surja uma onda de novos artistas, ou pelo menos uma maior conscientização da música e dos seus artistas.
M.I. - Já pensaram em fazer alguma cover? Há alguma música em especial que gostarias de fazer cover?
Evie: Na vertente de gravar algum cover, não. Talvez em actuações ao vivo possamos vir a introduzir um cover ou outro. Até agora, a “Whole Lotta Love” dos Led Zeppelin está em primeiro lugar nas nossas apostas para covers.
Miguel: Hoje em dia fazemos ensaios presenciais, sendo que temos muita preocupação em ter todo o cuidado possível. Todos os membros da banda usam máscara, à exceção da Evie que canta dentro da régie e nos vê através da janela. Pode parecer uma seca, mas tornamos os ensaios animados: a régie tem uma cortina que a Evie pode fechar quando a malta manda piadas parvas, e é sempre um momento engraçado quando isso acontece.
M.I. - Recentemente, tocaram o tema “Damage Me” ao vivo... como correu? É uma experiência que estão ansiosos por repetir?
Evie: Foi fenomenal! Foi uma oportunidade gigante que não temos como agradecer, especialmente considerando tudo o que está a acontecer à nossa volta, em Portugal e no Mundo. A “Damage Me” e outras canções no nosso portfólio, fizeram parte de uma pequena apresentação, precisamente no meu aniversário, num local secreto, uma excelente sala de espetáculos. Somos, mesmo, uns sortudos!
Miguel: Sem dúvida! Foi fantástico e estamos ansiosos para poder fazê-lo novamente. O Rock tem um impacto completamente diferente enquanto experienciado ao vivo. Esperamos partilhar essa experiência com todos uma vez mais, muito em breve.
M.I. - Se os Foxy Rocket tivessem a oportunidade de tocar em festivais do mundo, qual seria o vosso top 3 de preferências?
Miguel: Tenho três grandes referências a nível de festivais, e o primeiro teria que ser de origem Britânica: o Download Festival é uma das maiores referências de um festival Rock na Europa. Para mim, pisar o palco no Download seria o fim de um ciclo, de tão significativo que seria. Também, em solo americano, o SXSW: South by Southwest, um grande símbolo para o Foguetão saltar sobre o Oceano Atlântico para a realidade americana. Bem mais perto, não posso deixar de referir o NOS Alive, um dos maiores palcos nacionais e partilhar um final de tarde à beira rio, a jogar em casa.
M.I. - E se pudessem escolher bandas para vos acompanharem em tournée, que bandas (nacionais/internacionais) escolheriam e porquê?
Evie: Mais uma pergunta difícil! Ora, bandas internacionais e assumindo que é suposto indicarmos duas, diria Royal Blood e Rival Sons. Foram ambas muito importantes na criação do conceito dos Foxy Rocket.
Quanto a músicos nacionais, diria que os The Fuzz Dogz e os Mundo Cão, porque, apesar de serem bandas bastante diferentes, são artistas que eu aprecio bastante e acho que, juntos, faríamos uma tournée deveras interessante.
Miguel: Royal Blood e Rival Sons seriam as escolhas mais óbvias, como a Evie disse. Tiveram muita influência no nosso processo de criação. Os The Last Internationale são também uma dupla que gostaríamos de acompanhar. Eles tanto inspiram como dupla poderosa, como também foi assistir um concerto dos TLI em conjunto que nos convenceu que era tempo de voltar ao estúdio e trabalhar no que viria a ser Foxy Rocket. Tocar com eles seria como o fecho de um ciclo, de certa forma.
M.I. - Com o sucesso que têm tido nas redes sociais, não seria de admirar que já alguma editora tivesse manifestado o interesse em assinar contrato com os Foxy Rocket. Já aconteceu? Se sim, querem contar-nos mais pormenores?
Evie: Isso já seria prendinha do Pai Natal (risos). Não, ainda não fomos abordados e, nesta fase, não é algo que estejamos a ver acontecer. Sabemos muito bem que, atualmente, o contexto e papel de uma editora é bem distinto do que sucedia, por exemplo, nos anos 90. É uma indústria que, agora, aposta muito na capacidade de trabalho dos artistas. Temos que trabalhar nós mesmos e sermos independentes e auto-suficientes para fazer a máquina mexer; temos que ser nós, com uma boa “tripulação” à nossa volta, a meter o combustível nesta nossa nave espacial.
Miguel: Até agora isso não aconteceu, mas por agora também não é uma prioridade para nós. Estamos focados em criar a nossa música tal como a imaginamos e garantir o balanço nesta rampa de lançamento de forma independente. Mas o futuro, esse, ninguém adivinha.
M.I. - Qual o álbum que mais vos marcou ao longo da vossa vida? Porquê?
Evie: Sei que isto pode parecer estranho, mas foi sem dúvida o “Hybrid Theory” dos Linkin Park. Lembro-me perfeitamente de me terem dado esse álbum pirateado, num cd branco e escrito com caneta de acetato verde. Ainda hoje o tenho. Esse álbum salvou-me e fez-me perceber quem eu era realmente (não seria, seguramente, quem a sociedade ou a família queria que eu fosse). Foi aí que começou a minha transformação, o caminho para me tornar quem eu verdadeiramente queria ser e que, até lá, estava escondida, devido a pressões alheias, estereótipos e preconceitos. De notar que, quando o “Hybrid Theory” foi lançado, eu tinha uns 10 anos, portanto acreditem que todo este processo foi mesmo bastante intenso e confuso para uma criança que vivia na Ilha da Madeira (risos).
Miguel: “Ten”, Pearl Jam. É um álbum que me marcou cedo e que me acompanhou muito na fase inicial do meu percurso de guitarra. Entretanto já o revisitei em várias fases diferentes da minha vida e encontrei em cada momento um significado novo.
M.I. - Evie, sendo tu a vocalista da banda, gostarias de fazer dueto com quem? Nomeia o artista (nacional ou estrangeiro) com quem gostarias de cantar uma música!
Evie: Adoraria cantar com imensos artistas que, infelizmente, já partiram. Confesso que tenho um particular desejo de um dia poder cantar com o M. Shadows, vocalista dos Avenged Sevenfold, sendo que existe um tema específico de Foxy Rocket no qual imagino perfeitamente a voz e interpretação dele e ficaria, sem dúvida, extraordinário!
M.I. - Evie, há quantos anos te dedicas ao canto? Tiveste aulas? Quem são a(o)s tua(eu)s vocalistas preferida(o)s?
Evie: Eu sou a típico cliché de vocalista que canta desde pequenina aqui e ali. Acabei por aprender mesmo muita coisa sozinha e por tentativa e erro. Muitos desses erros chegaram, mesmo, a causar-me nódulos nas cordas vocais, algo bem assustador. Tive algumas aulas de canto com coaches que me ajudaram a perceber o que estava a fazer e o porquê de um método em prole de outro, a importância de aquecer a voz, etc. A minha vocalista favorita é, já há muitos anos, a Floor Jansen, actual vocalista dos Nightwish: canta tudo e tudo o que canta, fá-lo inacreditavelmente bem! No entanto, também adoro outras vozes, por exemplo, a do inigualável Meat Loaf e a do super versátil Corey Taylor.
M.I. - Os artistas em Portugal nunca tiveram grande apoio, e agora as coisas pioraram. Que medidas poderiam ser tomadas para que o público aderisse melhor à cultura? Porque temos de ser realistas e perceber que o ordenado mínimo mal chega para pagar as contas! O que poderia o nosso governo fazer para mudar o estado da cultura? E os artistas que poderiam fazer também?
Evie: Todas estas questões são preocupantes. Acho que, infelizmente, não existe uma fórmula mágica. Diria que o apoio a iniciativas culturais é fundamental e poderia ser alcançado através de medidas como a eliminação do IVA nos bilhetes de eventos, alternativas à imposição da redução da capacidade das salas de espetáculo para 50%, ou forma de compensação aos outros 50%. Tudo para assegurar a subsistência de profissionais audiovisuais e artistas. A cultura é fundamental para a nossa cidadania, ainda para mais em tempos de pandemia, em que os métodos ou plataformas de divulgação terão sido obrigadas a mudar, mas cujo consumo subiu em flecha. É um ponto que julgo ser claro para todos a nível de retorno. Alimentar o receio no que respeita à assistência/frequência de espetáculos entristece-me. As salas de espetáculo sofrem muitas imposições que, depois, não se vê noutros estabelecimentos, como os restaurantes. Não digo que a restauração não tenha as suas próprias restrições, mas a imposição de mais noutros tipos de serviços cujo funcionamento já é mais rigoroso nas medidas de higienização e segurança, parece-me injusta. Nos poucos eventos que consegui frequentar ao longo da pandemia não me senti minimamente em perigo, devido ao afinco dos seus trabalhadores e, mesmo, do cuidado de quem assistia.
Acredito, genuinamente, que se deixarmos os profissionais das artes do espetáculo desempenharem as suas funções, poderemos confiar que serão bem executadas e ninguém ficará comprometido. Por vezes, parece que as instituições e os líderes governamentais já quase nem sequer deixam espaço de manobra para que estes profissionais possam demonstrar que a cultura é segura! Compete a cada um de nós delimitar as nossas barreiras e as liberdades com que nos sentimos confortáveis, mas trata-se de liderança: se aqueles que nos guiam não demonstram suficiente segurança e à vontade para que as salas de espetáculo continuem a funcionar e para que os artistas continuem a mostrar a sua arte, então é natural que a população possa não sentir essa segurança.
Quanto aos artistas, infelizmente, eu diria que grande parte da classe artística é muito pouco unida. Acredito que o primeiro passo deveria começar pelos próprios artistas, apoiando-se mutuamente, incentivando os fãs e público a conhecerem outros artistas, partilhando e divulgando. Fazer valer a velha máxima de que “a união faz a força”, em vez de ser um bocadinho o “cada um por si”, que acaba por ser muito mais frequente do que, por vezes, nos apercebemos.
Miguel: É preciso ter em conta que a indústria musical é dura, dura em todo lado, e está em constante mudança. Acho que a nível de panorama pós-covid, temos de fazer o máximo para usufruir do que temos enquanto público e artistas. Penso que existem muitos obstáculos que estão para ficar, mas isso não significa que não possam ser contornados. A necessidade leva ao engenho, e os artistas são o melhor exemplo disso. Há que pensar que a cultura se transforma, é multifacetada, cada vez mais existem novas formas alternativas, como o streaming e o uso de plataformas “pay per view” online, de nos conectarmos com o público e o público com os artistas.
Uma ideia que pensamos pertinente seria a criação de um núcleo musical de artistas, em que a entreajuda é a palavra de ordem, particularmente no mundo do Rock. Um sítio onde nasçam colaborações, troca de ideias, coletivos com outras bandas; uma espécie de ecossistema que depois fomenta o aparecimento do novo talento local. Afinal, essa é a nossa grande missão enquanto Foxy Rocket”: inspirar a próxima geração a rockar.
M.I. - O que pretendem a longo prazo para os Foxy Rocket? Sucesso mundial?
Miguel: A longo prazo temos uma simples missão: continuar a criar música que nos deixa felizes, orgulhosos e partilhá-la com o resto do mundo. Queremos inspirar e ajudar novos artistas nacionais a encontrarem o seu caminho e ajudar-nos a reerguer a cena do Rock em Portugal, até porque o nosso país tem uma herança de gosto por este estilo musical. Queremos visitar os quatro cantos do país e trazer a nossa música connosco, mas claro que temos os palcos internacionais debaixo de olho.
M.I. - Muito obrigada pelo vosso tempo. Desejo-vos todo o sucesso do mundo! Partilhem uma mensagem com os leitores da Metal Imperium, por favor.
Evie: Um super-obrigada a todos os que dispensaram um pouco do seu tempo a ler esta entrevista! Esperamos que, em breve, possamos conhecer-vos após um concerto dos Foxy Rocket e trocar impressões sobre tudo e mais alguma coisa: mal podemos esperar! Continuem a apoiar os artistas locais, façam valer que a cultura é essencial para o nosso equilíbrio enquanto seres humanos e não baixem os braços!
Miguel: Não queremos deixar de agradecer a vocês, pela oportunidade de partilharmos um bocadinho a nossa história e origem, e a todos os que ficaram a ler até aqui! Um grande obrigado para todos os leitores, esperamos que vos tenha inspirado a juntarem-se a esta nossa aventura espacial, entrar em contacto connosco, não só ao vivo, mas também nas redes sociais. Como a Evie disse, é com o vosso apoio que continuamos a ter combustível para quebrar a estratosfera. Até já!
Entrevista por Sónia Fonseca