O solo de bateria quase “jazzístico” que abre o tema inicial do novo disco dos Defeated Sanity apanha o ouvinte completamente desprevenido. Só depois, de forma natural, entra então a voz, acompanhada das guitarras e de um baixo frenéticos. Assim arranca The Sanguinery Impetus, com “Photodigestion”, seguindo para um tema slam mais tradicional, “Imposed Corporeal Inhabitation”.
A forma como todos os instrumentos se encontram audíveis e presentes na mistura final deste disco é incrível. Tendo em consideração que muitas vezes, alguns instrumentos se perdem, no som final de um disco deste género musical; o papel de Colin Marston, multi-instrumentista com assinatura em trabalhos de bandas clássicas como os Gorguts, pode ser um dos fatores mais importantes a contribuir para isso.
Em termos de sonoridade, estamos perante um disco que se divide entre a agressividade dos Suffocation e Analepsy, e o groove dos Decapitated (no álbum “The Negation”, mais precisamente). “Conceived through Savagery” e “Entity Dissolving Entity” são temas que equilibram diversos espectros do death metal, abrangendo as referências supra mencionadas.
A voz de Josh Welshman não faz prisioneiros e encontra um parceiro perfeito em termos de agressividade e na bateria de Lille Gruber. Os riffs que preenchem cada tema são contagiosos, “Arboreously Transfixed” é um excelente exemplo do frenesim que é transversal a todos os temas, sem ser cansativo.
“Propelled into Sacrilege” é um tema que se destaca pela forma como o baixo de Jacob Schimdt e os “pinch harmonics” da guitarra são executados de forma exímia, mas sem abdicar da musicalidade. Ao deixar os temas mais longos para o final (“Drivelling Putrefaction” e “Dislimbing the Ostracized”), a dinâmica brutal e frenética do álbum não é sacrificada, sendo que ambos temas são os que mais variam em termos de melodias e solos (lembram Cynic na fase pré-“Focus”).
A execução de cada instrumentista, incluindo os guitarristas convidados, torna Thee Sanguinery Impetus num disco bem conseguido que abrange vários sub-géneros de death metal e que se recomenda, quer pela qualidade dos seus temas, quer pelo prazer de descobrir novos pormenores a cada nova audição (como o baixo aos três minutos e meio de “Dislimbing the Ostracized”). A verdade é que mal acaba, a vontade é de voltar ao início e ouvir de novo.
Nota: 8/10
Review por Raúl Avelar