Os Bleed From Within Oriundos são oriundos de Glasgow e, apesar de pouco conhecidos, já contam com 15 anos de carreira. Tal se deve provavelmente ao facto de os seus primeiros dois álbuns, "Humanity" e "Empire" terem sido baseados num deathcore relativamente bem tocado mas algo um pouco interessante. No terceiro disco, o grupo já mostrou uma evolução considerável, passando de um deathcore melódico para um metalcore melódico bem poderoso e com influências do groove metal de uns Lamb of God, - banda que está no ADN do grupo - visto que os Bleed From Within se juntaram inicialmente para tocar covers do famoso coletivo americano. Depois desse bom registo discográfico, intitulado "Uprising" (2013), a banda demorou bastante tempo a editar um novo álbum, o que terá retirado os Bleed From Within do mapa do metal contemporâneo, mais tempo do que o desejável, para uma banda que pretende afirmar-se num género superpopulado e competitivo. Só em 2018 é que regressaram aos discos com "Era", que revelou-se mais um passo seguro na evolução sonora do grupo.
O quinteto parece finalmente ter encarrilhado relativamente a uma menor duração entre lançamentos, tendo editado "Fracture" a meio desde atribulado ano de 2020. Infelizmente, devido à pandemia de Covid-19, o coletivo não o vai poder - para já - apresentar "Fracture" ao vivo. Fato que esperemos que impulsione a banda para compor um novo trabalho rapidamente, tal como fizeram desta vez. Até lá podemos desfrutar de um álbum de metalcore pesadão, cuja balança não pende nada para o mais comercial do género.
A banda - quer neste álbum quer no anterior - já lançou alguns temas que contam com refrães com voz limpa, cortesia do guitarrista Steven Jones que entrou em 2017 e que auxilia nessa secção vocal, visto que o frontman de sempre, Scott Kennedy, se dedica exclusivamente às vocalizações mais agrestes, embora aqui bem mais perceptíveis que na fase deathcore do grupo. Ainda assim, a maior parte do álbum não contém refrães com voz limpa, e a banda não usa e abusa desse argumento como muitos dos seus pares, até porque Scott possui uma voz suficientemente dinâmica para dar vida aos temas e instrumentalmente, os seus colegas possuem argumentos técnicos e composicionais muito acima da média. Mas há que dizer que este novo disco conta com alguns dos temas mais catchys da carreira do grupo, e que isso deve-se em parte ao bom contributo de Steven Jones, cujas vocalizações limpas são por vezes memoráveis, mas são sóbrias e nada melosas. Ouçam os refrães de "The End of All We Know", da faixa-título do álbum, ou de "Night Crossing" e vão perceber aquilo que estou a falar. Já agora, aproveitamos para referir que este último tema que falámos, tem a participação especial de Matt Heafy dos Trivium, com um solo de guitarra. Outra das músicas fortes deste trabalho é "Into Nothing", com alguns riffs à Gojira, que encaixam muito bem e não mancham a sonoridade característica dos Bleed From Within.
Apesar de não terem reinventado a roda, os escoceses conseguem - já neste trabalho - ter a sua própria personalidade musical, pese embora o fato de terem alguns apontamentos a fazerem lembrar bandas como While She Sleeps, Lamb of God ou mesmo Parkway Drive. Qualquer fã de metal moderno pode e deve dar uma oportunidade a este álbum e aos Bleed From Within.
Nota: 8.3/10
Review por André Santos