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Entrevista a Hellripper



Hellripper é o projeto do “homem-banda” James McBrain, um escocês de Aberdeen, cuja música rápida e riffs memoráveis, podem fazer de The Affair of the Poisons, um dos melhores álbuns de black/speed metal de 2020.Com 5 anos de existência como Hellripper (embora tenha outros projetos, sempre a solo), McBain lança o segundo longa-duração, depois de Coagulation, de 2017.
Gravando tudo sozinho na sua casa, é uma pessoa com uma abordagem DIY, cujo resultados são guitarras destrutivas e canções viscerais, que colocaram Hellripper como um dos mais excitantes nomes do underground britânico.
James concordou em responder às nossas questões, sobre o novo álbum, sobre ele e as suas inspirações ecléticas.

M.I. - Olá! Como estás? Obrigado por responderes às nossas questões!

Oi! Estou bem, muito obrigado!

 
M.I. - Por que decidiste criar uma banda de “um homem só”? Querias controlo total de tua música?

Originalmente, Hellripper foi formado como uma banda de um homem simplesmente porque não consegui encontrar outros músicos que estivessem dispostos a tocar este estilo de música! Logo aprendi que prefiro muito mais escrever músicas e trabalhar sozinho, por vários motivos! Permite-me ter controlo total sobre a música e a direção da banda, o que é uma grande vantagem, mas também significa que não tenho prazos e posso fazer tudo ao meu ritmo, sempre que me apetece, em casa!

 
M.I. - Como é que apareceu o nome Hellripper?

Foi apenas algo que me veio à cabeça! Achei que soava bem e que se encaixava no estilo de música que queria tocar. Então decidi usá-lo!
 

M.I. – Também fizeste o mesmo com outros projetos (Lord Rot, Lock Howl). E todos eles pertencem a um género diferente. É uma forma de expressares o teu ecleticismo musical?

Sim, gosto de muitos estilos diferentes de música e é claro que seria parvo lançar um álbum pós-punk como Hellripper, por exemplo. Se tiver um material muito diferente, prefiro lançá-lo com um nome diferente.
 

M.I. - Com gostos tão variados, quais são as tuas principais influências musicais? Quais te inspiram para a música de Hellripper?

Sou inspirado por todos os tipos de música embora, geralmente, mude para a música baseada na guitarra, de alguma forma. Hellripper é influenciado, principalmente, por uma mistura de thrash, speed, tradicional e black metal, assim como, punk e um pouco de hard rock.
 

M.I. - Quais são os principais desafios de “estar sozinho” numa banda? Além de teres de ir buscar outras pessoas para os concertos, é claro.

Acho que o principal desafio é encontrar tempo para fazer tudo. Gosto de manter a banda o mais DIY possível e há muito que fazer! Especialmente, durante os períodos de maior movimento, como quando um novo álbum é lançado.


M.I. - Agora falando sobre o novo álbum… Como tem sido a receção de “The Affair of the Poisons”?

Parece ter sido bastante positivo até agora e estou muito grato por isso! Estou muito satisfeito com o resultado do álbum. Estou feliz que os outros também gostem.
 

M.I. - Sobre o que é o álbum? Quais são os temas?

As letras do álbum giram, principalmente, em torno de temas de bruxaria e ocultismo. Algumas das canções são baseadas em eventos verdadeiros ou lendas e outras são apenas histórias fictícias que criei fortemente influenciadas por antigos filmes B de terror.
Tanto “The Affair of the Poisons” e “Beyond the Convent Walls” são baseados em eventos reais separados, envolvendo possessão e feitiçaria, ocorridos em França, no século XVII.
“Vampire’s Grave” é baseado no verdadeiro conto do “Gorbals Vampire”. Na década de 1950, centenas de crianças foram caçar essa criatura, pois acreditavam que ela havia comido alguns alunos da escola local. Dizia-se que o vampiro vagueava pela Necrópole de Glasgow e matava e devorava crianças com as suas grandes presas de ferro.

 
M.I. - Neste momento de pandemia e sem a possibilidade de concertos ao vivo, como tens promovido o álbum?

Estou sempre ativo nas contas de social media da banda e esse sempre foi o meu principal meio de promoção. Claro, a Peaceville Records também tem feito muito em termos de promoção, e por isso, tem sido ótimo!
 

M.I. - Lançaste o teu primeiro álbum como independente. Agora, associaste-te a uma editora. Foi necessário? Para teres mais suporte? Alcançar mais pessoas?

Sim, embora sempre tenha lançado as minhas músicas de forma independente, várias editoras, ao longo dos anos, lançaram edições físicas minhas e todas fizeram um ótimo trabalho! A Peaceville Records é a primeira editora com a qual “assinei oficialmente” e está a correr bem! Uma grande razão da minha assinatura com a Peaceville é, claro, a capacidade de alcançar mais pessoas com a minha música e há coisas que uma grande editora pode fazer que eu mesmo não posso. Há muita distribuição mundial, por exemplo, o que tem sido ótimo!


M.I. - Coagulating Darkness teve mais sucesso do que esperavas. Até porque é um ótimo álbum! Achas que conseguiste manter o mesmo nível com The Affair of the Poisons? Ou, quem sabe, até superar o primeiro álbum?

Obrigado! Recebeu muito mais atenção do que esperava inicialmente, o que foi ótimo! No entanto, acho que The Affair of the Poisons é um álbum melhor, no geral. Acho que as músicas são mais cativantes e acredito que o álbum é mais coeso, no geral, do que os meus lançamentos anteriores. Desta vez, a produção / som é bastante diferente e prefiro muito mais assim.
 

M.I. - Falando sobre o futuro… Hellripper é um projeto que queres continuar sozinho ou planeias incluir outros membros permanentemente?

Por enquanto, pretendo manter Hellripper como um projeto solo. Adoro trabalhar sozinho e é um hobby meu. As coisas estão a correr bem e estou muito satisfeito com a música que faço, por isso, não vejo razão para mudar.
No entanto, no passado, eu disse que se parasse de gostar do processo de criação da música de Hellripper ou se sentisse que a qualidade da música estava a começar a sofrer, consideraria trazer outras pessoas ou mudar as coisas de alguma forma a fim de renovar as coisas.
 

M.I. - Conta-nos mais sobre ti. Quando não estás a compor ou a gravar, o que fazes?

Na maior parte do tempo, a compor ou a gravar! É meu principal hobby, por isso, é o que mais gosto de fazer. Fora isso, sou fã de futebol e vejo bastante televisão.
 

M.I. - Se pudesses voltar ao passado e assistir a três concertos que nunca viste ao vivo, quais seriam?

Metallica no final dos anos 80 / início dos anos 90. AC / DC com Bon Scott no final dos anos 70. Iron Maiden durante a era Powerslave.
 

M.I. - Como é o teu processo de escrita? Pensas primeiro nas letras ou nas melodias? Dás mais  destaque a um instrumento em detrimento de outro?

O processo de composição geralmente começa com um riff de guitarra. Vou brincar na guitarra por um tempo e anotar tudo que soar utilizável. Mantenho uma pasta de ideias de riffs e partes de músicas e, ocasionalmente, vou ouvi-los novamente e tentar expandi-los até que uma música completa seja escrita instrumentalmente. As letras, na sua maioria, são escritas quando o resto da faixa está totalmente gravada, pois isso, permite-me ter uma ideia melhor onde os vocais funcionarão melhor numa música e quais melodias e ritmos se encaixarão em pontos específicos da canção.


M.I. – Qual o instrumento que mais gostas de tocar? E menos?

Adoro tocar guitarra e estou sempre a brincar em casa. Acho que o que menos gosto são os vocais, especialmente, durante a gravação. Ter de gravar várias músicas e fazer vários takes de cada parte para ter certeza de que as coisas estão a soar tão bem quanto possível, tem o seu preço, passado algum tempo!
 

M.I. - Como é a cena do metal underground escocês? Que bandas recomendas?

A cena escocesa tem crescido nos últimos anos e eu aconselharia qualquer pessoa a explorá-la! Ouçam bandas como Disposable, Thrashist Regime, Vuil, Wound, Boak, Dog Tired e Tommy Concrete! Há muitas mais, mas estas podem ser um bom ponto de partida, já que essa pequena lista cobre alguns géneros diferentes.
 

M.I. - Planos para os próximos anos?

Apenas continuar a criar música e aproveitá-la! E espero, quando as coisas voltarem a um estado normal, possamos sair e dar concertos novamente!

 
M.I. - Quase a terminar… Conheces alguma banda portuguesa de metal?

Conheço algumas! Alcoholocaust, Vectis e Toxikull só assim de repente! Provavelmente, há mais algumas que me estão a escapar de momento!
 

M.I. – Últimas palavras para os nossos leitores?

Oiçam o último álbum de Hellripper, The Affair of the Poisons, agora disponível na Peaceville Records e vejam Hellripper em todas as plataformas online usuais!
 

M.I. - Mais uma vez, obrigado pelo teu tempo, continua a tocar esse metal incrível e fica seguro!

Obrigado pelo teu tempo! Felicidades!

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Entrevista por Ivan Santos