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Entrevista aos Vëlla


Estivemos recentemente à conversa com Oz, guitarrista dos Vëlla, para vos darmos a conhecer um pouco melhor este projeto, falarmos sobre o momento atual e saber o que esperar do concerto de dia 6 de dezembro. Ficámos com a certeza daquilo que já desconfiávamos: naquela banda impera uma paixão muito grande pela música e existe uma forte amizade entre todos os elementos. Ah… e que o passado é isso mesmo… passado. Este é o momento dos  Vëlla.

M.I. - Obrigado desde já pela vossa disponibilidade em nos concederem esta entrevista. Para aqueles que ainda possam não vos conhecer, falem um pouco sobre os  Vëlla, como nasceu a banda e de onde é oriunda.

Oz - Antes de mais obrigado à Metal Imperium pela oportunidade de podermos falar sobre o nosso trabalho.
Os VËLLA nasceram em 2019 e, um pouco como todas as bandas, germinou de um grupo de amigos que já tinham tocado juntos em outros projetos e decidiram dar um novo rumo artístico às suas carreiras. Somos todos da grande Lisboa e rapidamente metemos mãos à obra para escrever alguns temas que deram origem ao nosso álbum de estreia “COMA”.


M.I. – De onde surgiu a ideia para o nome da banda e qual o seu significado.

Oz - O nome da banda surgiu da ideia de querermos representar a nossa união e amizade.  Vëlla quer dizer irmãos em albanês. Queríamos um nome curto e simples que possa ser dito em vários idiomas sem qualquer dificuldade, mas que para nós tivesse um significado profundo e representasse aquilo que somos. Na verdade, somos verdadeiros irmãos e é nessa união que reside a nossa força. Isso reflete-se no ambiente entre os membros banda, um ambiente de permanente galhofa e onde todos podem dar a sua opinião livremente. Acho que isso também acaba por se espelhar também nas diferentes paletas sonoras da banda. Não vivemos trancados dentro de um subgénero dentro do metal e gostamos de explorar muita coisa diferente.


M.I. – É notório que vocês sabem que têm um bom álbum em mãos. Estão a apostar nele e tinham um até um concerto de apresentação marcado para dia 14 de março, que acabou por ter de ser cancelado. Como é que foi ter sido apanhado pelo turbilhão Covid19? Muitas bandas foram afetadas, mas vocês estiveram mesmo no “olho do furacão”.

Oz - Sentimos de alguma forma que nos “tiraram o tapete dos pés”. Tínhamos investido muito para que o nosso disco ao vivo fosse uma experiência inesquecível para os espectadores. Investimos tempo e dinheiro e a três dias do concerto o governo decidiu confinar o país. Embora este revés nos tenha atingido concordamos com as medidas que foram tomadas na altura, pois antes de tudo está a saúde de todos e não queremos tocar ao vivo num clima de insegurança e em que as pessoas não possam desfrutar em pleno do que temos para lhes oferecer. Mas como o Caesar diz, se fossemos uma pequena empresa tínhamos aberto falência. Restou-nos redefinir a nossa estratégia de promoção do disco, apostando essencialmente nas plataformas digitais e redes sociais. Queríamos muito ter feito as datas que tínhamos agendadas e as que estavam a ser fechadas, mas infelizmente não foi possível. Talvez em 2021 consigamos levar o disco para a estrada e celebrar com o público uma obra que nos diz muito.


M.I. – Embora se trate de um projeto novo, quatro de vocês já tocam juntos há muito tempo. Como é que o Pedro Lopes chega à banda?

Oz - Nós os quatro (eu, Caesar, Mário e Paulo) conhecemo-nos bem enquanto músicos e enquanto pessoas e foi isso que nos levou a querer continuar a tocar em conjunto. O Pedro aparece através de um contacto de uma pessoa amiga que nos disse que ele poderia encaixar no que tínhamos pensado em termos vocais para VËLLA. O Caesar falou com ele e o Pedro veio fazer uma audição connosco. Depois de o ouvirmos ficou a certeza que o Pedro seria a voz deste projeto, pois é um músico talentoso, muito criativo e reúne várias características singulares, desde o cantar limpo até ao berro mais agonizante, e acima de tudo é uma pessoa impecável e sem vedetismos, o que para nós é uma condição essencial.  


M.I. – Para além dos diversos convidados que participam no vosso álbum “Coma”, encontramos nele música muito variada. É assim que vocês se definem, arrojados, sem medo de arriscar noutras sonoridades?

Oz - Não gostamos de viver trancados num só tipo de musicalidade. Isso seria limitar a nossa criatividade e os inputs que todos nós podemos trazer quando estamos a compor. Apesar de assentarmos as nossas raízes no metal todos nós temos gostos diferentes, podendo ir de Cradle Of Filth a Carlos Paredes ou Madredeus e tudo o que puderes encontrar pelo meio.
Não temos pretensão de sermos diferentes só porque sim, ou porque é cool ser diferente pois nem sequer pensamos nisso. Basicamente quando criamos os temas não pensamos se é diferente ou é igual. O nosso foco é sobretudo fazermos temas que nos soem bem e que conjuguem as melhores características e capacidades de cada um. Como somos todos pessoas diferentes e com gostos diferentes talvez o nosso som acabe por refletir isso mesmo.


M.I. – De qual destes senhores sentem mais falta? Kurt Cobain; Chris Cornell; Layne Staley ou scott weiland?

Oz - De todos eles sem exceção e de muitos outros, dentro e fora do metal, que já não nos podem brindar com a sua arte. Infelizmente por uma razão ou outra o mundo da música tem, nos últimos anos, perdido muitos dos seus ícones, como é o caso recente do Eddie Van Halen, um monstro da guitarra que se tornou uma influência para muitos.


M.I. – Que podemos esperar do concerto de 6 de dezembro? Iremos escutar algum tema de Legacy of Cynthia?

Oz - Podemos garantir que estamos a preparar um espetáculo que represente da melhor maneira o nosso trabalho e vamos tentar que alguns dos convidados que fazem parte do disco possam também ajudar-nos a abrilhantar a nossa atuação.
Os Legacy of Cynthia fazem parte do passado de alguns de nós, no qual temos imenso orgulho, mas agora não é altura para revivalismos desse tipo. Temos um álbum fresco e cativante e que ainda não foi tocado ao vivo. Estamos absolutamente concentrados em fazer crescer os temas do “COMA” em cima do palco e em tentar reproduzir da melhor forma o que gravámos.


M.I. – Muito obrigado mais uma vez pelo vosso tempo. Querem aproveitar para deixar uma mensagem aos nossos leitores?

Oz - Mais uma vez obrigado à Metal Imperium pela oportunidade de falarmos sobre o nosso trabalho. A quem estiver a ler esta entrevista pedimos que se puderem reservem o vosso lugar para o concerto de dia 6 de dezembro do Theatro Club no Cacém. Vamos ter connosco os nossos irmãos Downfall of Mankind que são uma banda excecional, e o concerto vai ser realizado com as normas de segurança da DGS. 
Aproveito ainda para dizer a todos que mais que nunca é altura de apoiarem a música nacional. Que dentro das vossas possibilidades comprem discos e merchandise das bandas nacionais. Todas as bandas estão a sofrer com esta pandemia e só o apoio do público poderá fazer com que as perdas sejam minimizadas.

Entrevista por António Rodrigues