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Nightwish - "Hvman. :||: Natvre" Review


Aparentemente os Nightwish (leia-se Tuomas Holopainen) estão a chegar a uma altura na carreira em que não sabem o que querem. Já não basta ter passado 5 anos desde "Endless Forms of Infinity", agora Hvman. :||: Natvre enche os fãs de dúvidas sobre aquilo que significa Nightwish, na cena metal, hoje em dia.

Vamos por partes, desde logo "Hvman. :||: Natvre" não é assim tão mau álbum como muita gente no nosso mundo metálico quer fazer passar. É sim um trabalho bastante ambicioso, de certa forma algo megalómano também e, acima de tudo, um conjunto muito interessante de várias influências, num disco que mostra cada vez mais, o quão variada é a música dos Nightwish, hoje em dia. Dividido em duas partes, "Human" é o resultado da soma daquilo que os Nightwish hoje em dia valem como banda, enquanto "Natvre" nos remete a uma composição sinfónica, como se de uma banda sonora tratasse. 

Mas comecemos com "Hvman", onde muita coisa acontece e que mais não é que uma continuação daquilo que já vinha a acontecer em "Imaginaerum" e especialmente "Endless Forms Most Beautiful". Ou seja, uns Nightwish cada vez mais atmosféricos, sinfónicos e com uma já descarada costela folk a manifestar-se gradualmente em temas como "Harvest" ou "How’s the Heart?", cortesia de Troy Donockley. De fato o multi-instrumentista inglês acabou por trazer uma pletora de opções aos Nightwish que se saúda e fazem destes, hoje em dia, uma banda cada vez mais única e interessante.

É também irrepreensível a forma como os temas, não evoluindo de todo numa toada progressiva, acabam por ter uma complexidade, que nos faz descobrir sempre algo de novo a cada audição, sendo "Pan" e "Procession" os exemplos mais paradigmáticos disso mesmo. "Hvman" mostra também uma Floor Jansen cada vez mais entrosada e cuja diversidade e poderio vocal, a torna na vocalista certa para os Nightwish do passado, presente e futuro.

Quanto a "Natvre", pouco há a dizer. Uma interessante sinfonia, muito ao estilo de Danny Elfman ou James Horner, a trazer de volta a ambiência quase Disney que Tuomas Holopainen já tinha explorado em "Music Inspired by the Life and Times of Scrooge". Não sendo de todo uma obra magnânima, existem momentos que provam que há potencial que pode ser explorado para quiçá um dia, o músico se tornar efetivamente um compositor clássico de renome.

O que nos leva às dúvidas aludidas na primeira parte desta review e que muita celeuma têm vindo a causar. Será legítimo considerar hoje em dia os Nightwish uma banda de metal? A verdade é que apenas "Noise", e até certo ponto também "Tribal" e "Endlessness" capturam o espirito mais metálico desta banda.

A influência de Troy Donockley é progressivamente maior, contrastando não só com as gradualmente mais tímidas guitarras de Emppu" Vuorinen, mas também com o cada vez mais óbvio ocaso vocal de Marco Hietala. Por outro lado tanto o referido álbum de Scrooge como até mesmo Auri, ambos trabalhos mais interessantes no seu todo que "Endless Forms Most Beautiful", provaram o quão confortável o músico finlandês se sente com este tipo de sonoridades.

Ou seja, a grande questão é, será que esta “mínima” costela metaleira faz realmente sentido naquilo que Tuomas Holopainen quer para a sua música ou existe apenas a incapacidade de cortar de vez com o mundo da “distorção”, que para todos os efeitos ainda é quem su$tenta esta banda? Dúvidas a serem esclarecidas, provavelmente, daqui a 4 ou 5 anos.

Nota: 8/10

Review por António Salazar Antunes