Quem se meter na loucura de ouvir este álbum vai pensar em desistir dele, com base nas duas primeiras músicas: os instrumentais são básicos e não puxam de todo ao ouvido, apesar de se notar talento por parte dos dois guitarristas da banda, Colin Ryley e David Kupisz. O maior problema nessas duas músicas, contudo, é a vocalista… Eu sei que no thrash metal não é preciso ter uma voz bonita para singrarmos no género, mas a voz da Marlee faz-me desejar autoflagelar-me, de tão esganiçada que é nas duas primeiras músicas.
Mas antes de desistirem do álbum, deixem-me avisar-vos que este tem algumas gemas escondidas, nomeadamente entre a terceira música e a sexta música, onde se encontram sem dúvida as melhores músicas do álbum.
O duo “Unleash the Pigs” e “Nullified” aterra como um murro no estômago, fazendo a transição entre o lado thrash e o lado black metal da banda, respetivamente. “Unleash the Pigs” é, a meu ver, a melhor música do álbum, com um break excelente que evolui para um solo memorável, que entra num último refrão poderoso, antes de entrar no mundo de “Nullified”, que tem um ritmo mais rápido e caótico. E finalmente parece que a voz de Marlee encontra o seu lugar de conforto, entre um tom mais grave e o seu growl, mostrando que a sua voz é, afinal, adequada para o trabalho para o qual a requisitaram.
Depois destas duas boas músicas, segue-se “Fish Creek Frenzy”, onde tudo se resume ao grande trabalho de Colin e David nas guitarras, que conduzem a música num ritmo alucinante, culminando numa entoação em coro do título da música.
Por esta altura, pensamos que o álbum tem potencial, mas eis que Marlee decide abusar das suas cordas vocais de novo, a um ponto em que realmente parece que estamos num sanatório. Peço desculpa à vocalista por insistir tanto nisto, mas quando a banda assassina o solo da “The Scratches on the Wall”, ao pôr a Marlee a entoar notas que claramente são demasiado altas para ela, não há como não criticar.
O desafio de fazer o primeiro é dos maiores que qualquer banda tem de enfrentar, e o facto de o fazerem já é, só por si, louvável, e claramente os Hyperia têm em si muito talento por onde trabalhar. Deixem a Marlee encontrar a sua zona de conforto e as guitarras continuarem o seu bom trabalho, e ainda ouviremos muito dos Hyperia.
Melhores músicas: “Unleash the Pigs”, “Nullified” e “Fish Creek Frenzy”.
Nota: 5.5/10
Review por João Drumond