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Entrevista aos Lilith´s Revenge


Ao percorrermos a lista de artistas convidados que participam no novo álbum dos Waterland, deparámo-nos com alguns pesos pesados do nosso underground. Para além desses, podemos ainda encontrar um ou outro nome menos conhecido. Certos da inegável qualidade dos mesmos (caso contrário não figurariam no álbum), fomos pesquisar o nome de Paula Teles e a nossa investigação levou-nos aos Lilith´s Revenge, banda onde é vocalista. Quisemos saber mais sobre este novo projeto.

M.I. – Obrigado desde já por terem aceitado o nosso convite. Falem-nos um pouco sobre a banda. Quem são os Lilith´s Revenge? 

Paula - Muito obrigada por nos terem feito o convite, valorizamos muito o trabalho de quem se dedica a divulgar as bandas nacionais em início de carreira.
A realidade "Lilith's Revenge", é bastante vasta e abrangente; não se foca só nos 5 músicos que compõe a banda (Paula, Paulo, Edu, Joe e Bruno), engloba também todos os que dão o seu contributo para que este projeto tenha pernas para andar: o nosso produtor, Jorge Lopes, a nossa família, os nossos amigos e todas as pessoas que têm mostrado interesse pelo trabalho que fazemos.
Estamos a contar que o grupo cresça.


M.I. - De que zona do país é a banda oriunda e como nasceu a ideia de formar os Lilith´s Revenge?

Paula - Eu sou de Lousada e os restantes membros são oriundos de Paredes.
A história da origem dos Lilith's Revenge..... dava para muito texto, mas vou tentar resumir. Venho da música erudita e, apesar de grande fã de rock/metal, só me aventurei no género há um ano atrás. As coisas não correram como era esperado e pensei que o melhor seria parar: voltar a investir na formação vocal para trabalhar novas técnicas com os meus alunos, mas nada mais do que isso. No entanto, os meus amigos são mais teimosos do que eu e não me deixaram descansar. Por sugestão do João Fitas e com o apoio incondicional do Hugo Pinto e do Vitor Ferreira (dois músicos incríveis), decidi colocar toda a minha identidade num projeto que, no seu início, seria em nome próprio, com músicos contratados para o efeito. Mas não me sentia totalmente satisfeita porque queria recuperar o espírito de banda, trabalhar em conjunto, partilhar com alguém a minha visão.
Num dia em que o sol brilhava e os pássaros cantavam hinos de louvor e assim, o Paulo, meu aluno de canto, mostra-me um áudio da sua banda a tocar. Não foi preciso mais, surgiram os Lilith's Revenge!


M.I. – Gostávamos de vos dar os parabéns pelo nome da banda, achamos fantástico, de quem foi a ideia?

Paula - Obrigada! A ideia foi minha, achei que esta seria a altura e a maneira certas de vingar a Lilith que existe em alguns de nós. No fundo, é uma homenagem a todas as pessoas, mulheres em particular, que recusam ceder à hipocrisia moralista que nos é incutida desde que nascemos.


M.I. – Onde vão buscar inspiração para os vossos temas? Que bandas/músicos nacionais e internacionais vocês admiram? Podem desenvolver esta resposta sem medo, nós temos mesmo curiosidade.

Paula - Nos últimos meses tenho trabalhado num projeto educativo ligado à igualdade de género e a maior pesquisa sobre o tema, levou-me a conhecer realidades impensáveis e inaceitáveis em pleno século XXI!  Daqui surge a necessidade de abordar alguns conteúdos que achamos urgentes: os nossos temas falam de violência psicológica, de discriminação, de revolta, por um lado; por outro falam de superação, de esperança, de cura. Construímos estes temas, muitas vezes, recorrendo a analogias inspiradas na história de Lilith.
Do ponto de vista musical, sou influenciada por estilos e músicos diversos e mesmo divergentes. Não consigo, nem quero, deixar de lado a música erudita que me acompanha há muitos anos; continuo a ouvir Verdi, Falla, Schubert. Junto a isso aquelas bandas que me foram apresentadas na infância: Guns N Roses, D.A.D., Aerosmith, Black Sabbath, Led Zeppelin. Num determinado momento da minha vida conheci Jethro Tull, Jefferson Airplane, Fleetwood Mac; gosto imenso de Nightwish, Fleshgod Apocalypse, Therion. E tenho um lugar especial no meu coração para aquelas bandas recentes mas com uma sonoridade totalmente 80's, como os H.E.A.T., os Reckless Love, os The Night Flight Orchestra.
Contudo, há aquela banda que acompanhamos desde sempre e à qual somos totalmente devotos, no meu caso são os Europe ( Calma! Ouçam primeiro o álbum War of Kings e depois podem chamar-me azeiteira à vontade). É muito provável que alguns temas de Lilith's Revenge tenham referências musicais "Europianas".
Bandas portuguesas, tenho mesmo de falar dos Cinemuerte não só pela imensa qualidade musical que apresentam nos seus trabalhos, mas também pelo facto de gostar muito da voz da vocalista (Sophia Vieira).
E não posso deixar passar os Darewolf! Acho incrível aquele espírito de se fazer o que se gosta, sem se ser pretensioso e snobe e, ainda por cima, divertirem-se com isso.
Paulo - Pessoalmente, sou grande fã de Metallica, Black Sabbath, Dio, Iron Maiden, Alter Bridge…. E acabo por ter influências desses mesmos artistas.
Edu - As minhas influências musicais vão desde o rock até ao metal mais clássico: Dio, Rainbow, Black Sabbath, Megadeth, Metallica, Iron Maiden e Tool. Também passam por estilos mais alternativos, como Red Hot Chili Peppers, Muse ou Royal Blood.
Como baixista, há três influências que tenho de destacar: Cliff Burton, Steve Harris e David Ellefson.


M.I. – Todos os elementos estão a 100% nos Lilith´s Revenge ou existem projetos paralelos?

Paula - O Paulo, o Joe, o Bruno e o Edu têm uma banda (excelente) chamada String in Veins.
Eu, vou colaborando com projetos que me convidam para dar voz a alguns temas e.....tenho um segredo para vos contar, não pode é ser agora!


M.I. – Pelo que podemos observar na vossa página de Facebook, o primeiro single do vosso trabalho está quase, quase a sair. Quando pensam disponibilizar o álbum?

Paula - Somos uma banda nova, ninguém conhece o nosso produto, a nossa sonoridade, por isso optamos por gravar cada tema de forma individual, ou seja, vamos gravando e vamos disponibilizando o resultado. Todos os temas vão ser acompanhados por um vídeo, vão estar disponíveis nas plataformas de streaming e, no fim de todo este processo, teremos o nosso trabalho em formato físico para quem achar que vale o investimento.
Paulo - A situação pandémica interfere imenso com prazos e planos, mas contamos ter o álbum todo alinhado, em formato físico, no próximo ano.


M.I. – Como definem a vossa música?

Paula - É uma espécie de cocktail em que misturamos rock clássico, metal, hard rock e uma voz que, por muito que tente, não consegue esconder a sua cor lírica. Pode parecer uma mistura estranha mas posso garantir que sabe bem.
As pessoas que já ouviram o primeiro tema foram fazendo as suas comparações mas a verdade é que  Lilith’s Revenge soa a…Lilith’s Revenge, é isso que pretendemos.
Paulo - A nossa música recebe influências de classic rock e, inevitavelmente, metal. Já nos disseram que o nosso primeiro tema soa a Dio, o que me deixou muito orgulhoso.


M.I. – Qual o publico que vocês pensam alcançar com a vossa música? Quem é que vocês entendem que se possa identificar com os Lilith´s Revenge? 

Paula - O nosso objectivo é chegar a toda a gente. A música deve ter como finalidade unir as pessoas, despertar algum sentimento em quem a ouve. É isso que queremos que aconteça, que quem nos ouve sinta o que nós sentimos quando estamos a tocar. No fim do dia, música é arte, e a arte é para todos.
Paulo - A música tem um enorme poder terapêutico, por isso queremos chegar às pessoas que estão a passar por situações complicadas, para que elas encontrem algum conforto.


M.I. – A composição dos temas é feita de que forma e por quem?

Paula - Eu vou escrevendo as letras, dependendo do estado de espírito. A música é composta por todos, reunimo-nos uma vez por semana para estimular o processo criativo. Funciona? Nem sempre, mas saímos de lá bem dispostos (não mete álcool, juro).


M.I. – O momento que todos nós estamos a atravessar (Covid19) também vos afetou?

Paula - Inevitavelmente. Por um lado, fez-nos ver que tudo pode mudar de um momento para o outro e que nem sempre podemos controlar os catalisadores dessa mudança. Sendo assim, mais vale viver sem medo, arriscar, fazer o que se gosta. Por outro lado, temos de trabalhar de forma mais lenta, atrasando o que seria o percurso natural das coisas.
Paulo - Imenso, e continua a afectar, é inevitável. Toda a nossa indústria está a sofrer com isto, desde músicos, pessoal dos estúdios, venues...


M.I. – Certamente gostavam de poder fazer uma apresentação ao vivo do vosso álbum?

Paula - Todos os elementos desta banda têm espírito de estrada, ou seja, gostamos imenso de estar em estúdio, mas é o palco que nos acelera a pulsação. Quando nos for possível, é isso que pretendemos: tocar num palco, onde nos deixarem, onde nos for possível.


M.I. – Se estivessem num avião com a Tarja Turunen, Bruce Dickinson, David Coverdale e James Hetfield, ele estivesse a cair e só pudessem despender um para-quedas, a quem o entregariam?

Paula - Não me façam isso! Eu não posso deixar a Tarja falecer! Nem o Coverdale! Bom, fazemos assim, dava o pára-quedas à Tarja. O Coverdale, como já cá anda há muitos anos e conhece os truques da vida, agarrava-se às pernas da Tarja. Pronto, fãs de Whitesnake não precisam de me agradecer.
Paulo - Teria de ser o James! Meu artista favorito, moldou imenso aquilo que sou enquanto artista
Edu- Para mim é difícil escolher entre o James e o Bruce! Mas daria o para-quedas ao James visto que o Bruce sabe pilotar aviões e por isso, provavelmente, conseguia safar-se.


M.I. – Para finalizar, temos de fazer esta pergunta à Paula. Como foi participar no próximo álbum dos Waterland ao lado de todos aqueles nomes?

Paula - Antes de mais, foi uma surpresa. Não estava à espera de ser convidada, sou um nome completamente desconhecido no panorama do rock/metal nacional. Estar numa lista de convidados, com nomes como Rute Fevereiro, Artur Almeida, é uma honra enorme.
Já agora, aproveito para agradecer aos Waterland, são excelentes músicos e pessoas fantásticas.


M.I. – Querem deixar alguma mensagem aos nossos leitores?

Paula - Queremos pois! A todos os que já nos seguem, obrigada por todo o apoio. Aos que ainda não nos conhecem, visitem as nossas páginas (Facebook, Instagram) e estejam atentos ao que por aí vem. Se gostarem, óptimo! Se não gostarem, vamos verter uma lágrima, mas ficamos amigos na mesma.


M.I. – Muito obrigado pela vossa disponibilidade. Desejamos-vos muito sucesso.

Paula - Muito obrigada! Rock on!

Entrevista por António Rodrigues