A banda sensação Gaerea está a causar furor e o novo lançamento “Limbo” é, simplesmente, fenomenal... mas não se iludam, porque tudo o que foi alcançado, advém de muito trabalho árduo... quem disse que trabalhar não compensa?! Agora assinados pela Season of Mist, a banda portuense regressa mais forte e intensa do que nunca! Tal como nos dizem nestes dias de pandemia... consuma produto nacional, porque o que é nacional é bom... aliás, é muito bom mesmo! Aqui fica o registo de uma longa e interessante conversa com o membro fundador.
M.I. - Antes de mais, agradeço a vossa disponibilidade e quero agradecer-vos ainda pela excelente música que têm criado. O novo álbum é fenomenal! Os Gaerea são a nova coqueluche do metal nacional e são uma das bandas de momento a nível mundial. Qual a sensação?
Não nos considero nenhuma espécie de coqueluche nem muito menos um produto que funciona em 2020 mas que passará de data nos próximos tempos. Por muito que isso custe ler ou ouvir, estou a falar a mais crua verdade sobre o trabalho envolvente nesta banda representa para o presente e o futuro. Trabalhamos muito para chegar até aqui. E os nossos seguidores portugueses que nos conhecem desde o início sabem do que falo. Não houve atalhos, acessos facilitados aos patamares que fomos alcançando e isso é o que mais me enche de orgulho.
M.I. - Com tantas bandas hoje em dia, o que têm os Gaerea de especial para estarem a causar tanto furor? O underground nacional estava a necessitar de uma banda como Gaerea?
Sem querer de todo descorar o trabalho de muitos dos nossos colegas, creio que a consistência, persistência e constante aprendizagem do que se passa à nossa volta, nos verdadeiros sentidos destas três palavras, são o que será capaz de nos colocar num patamar um pouco mais afastado de outras bandas em Portugal. Não posso ser demasiado modesto e negar que merecemos tudo o que temos conseguido alcançar. Novamente, trabalhamos muito, sacrificamos muito para isto. E ainda só estamos a começar. Há muito para fazer. Não sei se o underground precisava de uma banda como nós. Contudo, o underground português precisa de pessoas com foco. E se nós podermos ser um exemplo disso, que assim seja.
M.I. - Como surgiu a palavra Gaerea? Qual a sua origem e significado?
Gaerea significou e significa apenas uma coisa: aquilo que sentimos quando tocamos estes temas como uma unidade, um só. Não pode ser explicado porque creio ser uma experiência inigualável na minha vida, mas pode ter um nome: Gaerea.
M.I. - Os Gaerea foram ideia de um único membro que, com o passar do tempo, teve de encontrar os músicos adequados para o acompanharem... como as identidades estão ocultas, a banda já sofreu mudanças de lineup? Como é a química entre os elementos da banda?
Hoje em dia posso com toda a certeza afirmar que tenho comigo a melhor formação que este projeto já alguma vez viu. Nunca me fiz acompanhar por pessoas tão sérias e determinadas num objetivo comum ao que tudo isto representa para todos nós. E sim, claro, Gaerea já sofreu várias mudanças de formação. Em todas elas, sempre para o bem e para evolução da banda.
M.I. - Qual a principal característica para se ser um membro de Gaerea?
Se fores capaz de abandonar tudo na tua vida para abraçar este conceito e, se não sofreres de déficit de atenção e aceitação do teu ego, isso já é um bom começo.
M.I. - Hoje em dia já não é novidade a existência de bandas com identidade oculta e a imagem é fundamental. A ênfase deve estar na música, daí a identidade oculta... acham que esta decisão acrescentou mais misticismo aos Gaerea? Porque optaram por não revelar as vossas identidades?
Todos nós vivemos mascarados e escondidos da realidade de uma forma ou de outra. Nunca eu poderia chegar ao teu verdadeiro EU sem tropeçar numa série de máscaras sociais que tens ao teu dispor com o único propósito de proteger quem realmente és. Todos nós usamos máscaras no nosso dia-a-dia. A única pessoa capaz de “tocar” nos seus pensamentos mais profundos és tu. Não somos de maneira alguma diferentes dos elementos da plateia que nos observa. Apenas temos a coragem de aceitar a nossa condição, abraçá-la e evoluir a partir daí.
M.I. - Até que ponto é que a tecnologia e redes sociais ajudaram os Gaerea a atingir o estatuto que atualmente detêm?
A nossa presença no mundo digital é uma das chaves para grande parte das nossas conquistas, porque sabemos usá-la em prol da nossa evolução física, nunca deteriorando o que realmente interessa: a presença ao vivo, a música e o conceito. Se reparares bem, somos uma banda que tem algo novo para anunciar ou falar diariamente nas nossas redes. Tem sido assim há já algum tempo e vai permanecer. Tudo isto obriga-me a programar tudo o que se passa nesta banda ao pormenor, ao mais pequeno detalhe. Desde toda a estética visual, as publicações, entrevistas, gerir a loja online, comunicar diariamente com a editora, o management, etc. O estatuto que temos será sempre visto por quem está de fora e será para sempre discutível. Para mim, somos uma banda ciente das suas forças e fraquezas e que sabe bem como lidar com ambas numa balança bastante equilibrada.
M.I. - Sendo a banda a ideia de um único membro, como funcionam em termos de decisões... é algo democrático ou o fundador tem sempre a última palavra?
Existem decisões que são tomadas em conjunto e existem decisões que são feitas por mim. Não porque fui o membro formador mas porque sou eu que lido com praticamente tudo o que se passa nesta banda. Por estranho que pareça, tudo isto leva a um espírito bastante saudável e democrático dentro da banda. As pessoas confiam em mim, nas minhas ideias, nas minhas decisões e, quando há algo a debater, debatemos com toda a transparência necessária numa banda que tem que lidar com as várias pressões necessárias de um projeto emergente.
M.I. - O que nos podem revelar sobre “Limbo”? Porquê “Limbo”?
O vasto e tão abstrato Limbo entre a realidade e a ficção. A morte e o desejo de morrer. A vida enquanto matéria prima de algo superior. A agonia e a libertação. O mero reflexo daquilo que realmente sentimos naquele preciso momento. “Nada será como dantes” talvez seja aquilo que tenho aprendido com este álbum que, para todos os efeitos, já está escrito há mais de um ano, mas continua a surpreender-me e ainda aprendo bastante com ele e com o seu significado. É a representação lírica de todo o conceito espontâneo deste disco, também ele exposto dentro do talvez mais interessante Booklet que temos.
M.I. - A banda costuma lidar com temas como desespero, autodestruição... porquê o interesse nestes temas?
Não são esses os principais temas e pontos que nos tornam humanos e seres vivos num mundo que apenas existe para nos testar vendo-nos nascer, aprender, alcançar e depois morrer para dar lugar a outro novo ser? Isto desespera-me e, consequentemente, destrói-me. Viver e sofrer.
M.I. - O desespero está visível na expressão facial da personagem na arte da capa. Quem é o responsável por ela?
Eliran Kantor, alguém que sempre respeitei e um artista com quem sempre quis trabalhar para uma arte de GAEREA. Chegada finalmente a oportunidade de o conseguir, a capa de LIMBO é uma das artes mais agoniantes que já alguma vez presenciei. É uma honra poder ter a marca do Eliran no meu trabalho.
M.I. - Quem é o autor das letras? Usa o inglês para alcançar mais audiência ou por se sentir mais à vontade a exprimir-se nessa língua?
As letras são co-escritas por mim e pela pessoa que as interpreta. Não faz qualquer sentido eu tomar todos os encargos líricos do disco quando não vou ser eu que vou representar e interpretar a sua escrita, por muito que o conceito seja totalmente idealizado por mim. Nesse aspeto, somos uma equipa que funciona e age em prol do que realmente importa: a mensagem que o Vazio quer transmitir ao ouvinte, ao público. Usamos o inglês simplesmente por ser uma língua bela, uma língua que todos compreendem e a língua que representa a sociedade do vortex. Quem sabe se a língua portuguesa poderá ser usada em Gaerea um dia… Talvez.
M.I. - No dia 20 de julho, o álbum esteve em live streaming... como é que o público reagiu? Muito pessoal online a ouvir e a interagir com a banda?
Tivemos que o fazer. Não era este o nosso plano, mas circunstâncias que nos ultrapassam obrigaram-nos a tomar esta decisão, coisa que me agradou. Foram 53 minutos muito bem passados online com quem presenciou a premiere e quis participar no live chat. Ainda é cedo para perceber se as pessoas estão a gostar e a perceber este disco, contudo sei que estamos a escrever e a traçar um caminho bastante único e que cada vez mais se unifica com o carinho e apoio que temos recebido da nossa fanbase.
M.I. - 2020 está a ser um ano medonho para todos nós... que esperam os Gaerea de “Limbo”? Ponderaram retardar o seu lançamento por causa da situação atual?
Não. Mas sei que fomos das únicas bandas na SOM que não sofreram grandes atrasos no lançamento do disco e, por isso, agradeço à nossa editora por nos ter tido tanto apreço e acreditar neste disco a esse nível. Felizmente, conseguimos provar que tal esforço não foi em vão. Tem sido um lançamento cheio de coisas boas para todas as partes envolvidas.
M.I. - As críticas a “Limbo” têm sido fenomenais. Como se sentem quando leem criticas a valorizar o vosso trabalho? As críticas menos construtivas costumam afetar-vos?
Ainda não tive tempo de ler todas, mas grande parte das que já tive tempo para ler são boas e acima de tudo, são críticas que vão muito para além da estética musical. Gosto quando as pessoas investem algum do seu tempo em arte, compreendendo-a, e não apenas comentando e julgando toda a pintura pela simples cor do quadro. Ler críticas negativas também é bom, se forem construtivas e nunca tingidas com ódio ou o clássico “não gosto”. Contudo, são nas boas críticas negativas ao teu trabalho que encontras parte dos elementos chave para o progresso.
M.I. - O segundo álbum costuma ser a prova de fogo da maioria das bandas... sentiram pressão para superar o primeiro álbum?
A partir do momento que percebi que LIMBO iria sempre ser uma evolução orgânica na minha escrita e no desenvolvimento de toda a banda, deixei de sentir qualquer tipo de pressão em tentar superar o “Unsettling Whispers”. O UW está inserido num tempo específico deste projeto e pertence a essa timeline. LIMBO não é melhor ou pior do que o primeiro disco. É uma evolução. E isso por si já é o superar de uma era antiga para algo novo, fresco. Se nem no desporto de alta competição se pode categorizar as equipas como melhores ou piores, como poderia a arte o ser? Existem momentos de ascensão, momentos em que tudo parece brilhante e intocável e depois existem episódios onde a queda parece interminável.
M.I. - O vídeo oficial de “Conspiranoia” foi filmado no Porto e mostra alguns dos seus ex-libris. Este tema junta as palavras “Conspiracy” e “Paranoia”... está relacionado com o quê? Com a obsessão com a quantidade de teorias de conspiração que existem? Acham que a sociedade vive obcecada com isso?
Presos, perdidos e socialmente distantes num mundo que supostamente seria nosso, contudo tudo parece vazio, podre e inútil. Uma eterna Conspiração contra o incansável individualista, uma eterna Paranoia desenvolvida, fomentada e consciente da destruição do seu criador.
M.I. - Dos novos temas, na vossa opinião, qual é o mais marcante e forte?
Nunca poderia tomar partidos ou simplesmente escolher um tema favorito. São todos importantes na conceção deste disco. Contudo, são temas como a TO AIN e a MARE que abarcam grande parte daquilo que LIMBO representa na sua essência.
M.I. - O vosso Ep “Gaerea” foi lançado pela Everlasting Spew Records, “Unsettling whispers” pela Transcending Obscurity Records e “Limbo” pela Season of Mist. Quais as principais diferenças entre estas três editoras?
As diferenças são bastante óbvias, contudo sei que trabalhamos com 3 das melhores editoras da atualidade. Vimos a Everlasting Spew Records crescer com o lançamento do nosso EP (fomos o primeiro lançamento da editora em 2016) e a tornarem-se num ponto de referência mundial para um estilo que, apesar de já não ser propriamente o nosso, determina muita da frescura que se ouve dentro do Death Metal e Doom Metal de hoje em dia. A Transcending Obscurity Records trouxe-nos novos formatos de lançamento, uma excelente promoção na web e alargou os nossos horizontes. Contudo, sentimo-nos finalmente em casa com a Season of Mist. Toda esta relação que temos criado com esta gente tem sido incrível, criativa, intensa e já repleta de bons momentos para recordar. Estamos a conseguir fazer e a pôr em prática todas as nossas ideias e sempre com total apoio da nossa nova “casa”.
M.I. - A Season of Mist tem um bom estatuto e há imensas bandas extraordinárias no seu catálogo... como reagiram quando assinaram contrato com eles? Como surgiu a oportunidade?
Com muito, muito trabalho. A verdade é que nós vivemos para isto. Ao longo deste último ano na estrada todos nos apercebemos que a nossa vida apenas faz sentido em torno deste conceito. Trabalhamos arduamente diariamente para tudo o que conseguimos alcançar. Nunca fomos a banda que caiu nas graças de alguma editora, promotor ou revista. Tivemos que arranhar para conseguir todas as pequenas coisas que alcançamos e nada me enche mais de orgulho do que saber que tudo o que temos é fruto de muitas lágrimas, quilómetros, várias noites em branco repletas de crises de existencialismo e todo o sacrifício que tivemos que suportar, seja ele mental, físico e familiar. Sabíamos que a SOM já poderia estar “de olho” em nós quando anunciamos a tour europeia com Numenorean, banda também ela assinada com a SOM, e para nós foi-nos bastante natural abordá-los quando tínhamos o disco praticamente pronto. Tudo se desenrolou naturalmente a partir daí.
M.I. - Vocês tiveram duas sessões de audição do álbum, uma na Bunker Store no Porto e outra na Glamorama Rockshop em Lisboa. Estas sessões costumam influenciar as vendas? Porque as fazem?
São uma excelente forma de conseguirmos ganhar diretamente com as vendas físicas dos discos e vinis e a melhor forma possível de conseguirmos ter input direto com as pessoas que nos seguem. E, acima de tudo, são a única forma de podermos estar juntos com essas pessoas nestes tempos difíceis. Se nada disto tivesse acontecido, estaríamos a apresentar o disco num Festival na Eslováquia. Os tempos e circunstâncias mudaram, o amor e a dedicação permanecerão para sempre. Foram duas tardes bastante especiais, com música, merchandise, pessoas, boas conversas e um constituir de memórias que ficarão para sempre cravadas na nossa história.
M.I. - Os Gaerea são a imagem de capa da lista “Black and Dark Metal” do Spotify. Como é que é feita a seleção? Aleatória ou por qualidade?
Por Qualidade apenas. Não me estou a gabar de todo, mas se o lançamento for bom e com um bom pitch, certamente chegará as playlists que conseguimos chegar nas mais variadas plataformas digitais. São escolhas feitas a dedo pelas pessoas competentes e em cargo dessas Playlists no Spotify.
M.I. - A tour “Wandering Limbo Across Europa” começa em outubro… quais as expectativas? Tendo em consideração que se prevê que o covid ainda esteja aí em força... já ponderam a hipótese de terem de adiar?
Espero que possamos fazer todas estas datas. Já perdemos o suficiente com toda esta situação e tudo indica que, de uma forma ou de outra, todos estes concertos terão pernas para andar. mas enfim, se tivermos que adiar, não morremos por isso. Estamos apenas a ser confiantes e otimistas. O Mundo poderia ser um pouco mais otimista. Talvez as coisas não estivessem como estão atualmente.
M.I. - Com a pandemia, as bandas têm de repensar alternativas de promoção... acham que entrevistas, programas de rádio e “listening sessions” funcionam tão bem como meio de promoção como os concertos?
É o que temos! E, felizmente, temos dado bastantes entrevistas escritas, em programas de rádio, em podcasts, etc. Tem sido a única maneira de conseguirmos um contacto mais direto com as pessoas e tem sabido bem fazer tudo isto, por muito cansativo que possa ser. No entanto, não existe nada como a energia e organicidade de um concerto ao vivo. Nada, na minha opinião, poderia alguma vez substituir isso. Tenho saudades disso.
M.I. - No dia 9 de outubro vão apresentar “Limbo” pela primeira vez em solo português e estarão acompanhados pelos Oak. Porque os escolheram? Consideram que é importante haver companheirismo e amizade entre bandas do mesmo país?
Oak são a nossa banda irmã. Formados por parte da força motriz de Gaerea, Oak têm sido regulares companheiros de sala, de estrada e de boas memórias. Contudo, não são a única banda que estará conosco nestes concertos de apresentação do novo disco. Uma nova, excelente e gigantesca confirmação de um outro projeto está a caminho nos próximos dias. As pessoas vão adorar isto.
M.I. - Numa entrevista à revista Sábado, vocês disseram que o público português não é propriamente fácil de agradar. Porquê?
Porque somos Portugueses e nenhuma banda portuguesa tem acesso direto ao coração dos portugueses só porque são da mesma nacionalidade. Nada funciona assim com o nosso povo. Para o bem e para o mal. Tivemos que “arranhar” muito em outros países até termos algum tipo de aceitação genuína no nosso país. Não me estou de todo a queixar. Talvez até tenha sido essa necessidade que nos fez sermos mais fortes, mais resilientes e, hoje em dia, uma banda que conseguiu finalmente algum respeito ou consideração pelas pessoas deste Portugal que também nos pertence e que amamos profundamente.
M.I. - O estilo dos Gaerea é algo que não vos importa, contudo nota-se uma inclinação para Black Metal. Quando se deu o vosso primeiro contacto com música mais pesado? Qual o álbum que mais vos marcou?
Para mim pessoalmente acontece tudo em 2011 quando me junto à minha primeira banda que era uma banda de Black Metal. Tudo muda drasticamente para mim nessa altura. Os gostos musicais, as influências, as composições, a forma de estar e a forma de absorver música. “The Wild Hunt” será sem dúvida o álbum que define o meu ser nos últimos tempos. Contudo o álbum que me mostrou toda uma nova palete com novas essências conceptuais e que me lançou numa descoberta interior até hoje foi sem dúvida “A Year with no Summer”.
M.I. - Depois de terem tocado em solo asiático para apresentar o primeiro álbum, onde pretendem chegar com “Limbo”?
Queremos voltar a Ásia, desta vez numa escala muito maior. Queremos voltar a fazer pelo menos duas tours por ano na Europa. Queremos ir à América do Sul e, finalmente, tocar nos Estados Unidos. Todas as pessoas que constantemente nos apoiam nesses países merecem o nosso esforço e dedicação para lá chegarmos e lhes apresentarmos algo avassalador.
M.I. - Como é que cinco membros de uma banda ainda em ascensão encararam o facto de ir à China apresentar-se e ter o prazer de tocar com os Sigh? Esperavam este tipo de reconhecimento tão cedo, principalmente por serem uma banda de um país que não tem tanta tradição de BM como os países escandinavos?
Confesso que nenhum de nós sabia da existência dos Sigh até privarmos diretamente com eles no festival em que tocamos juntos. Muito boa gente e lembro-me de grande parte do seu Soundcheck ser uma pura brincadeira com as filhas do casal a correrem para todos os instrumentos em palco. Um ambiente familiar que muitos sonham mas não podem ter! E não, não estávamos à espera de fazer uma Headlining Tour na China com apenas 3 anos de existência. Foi algo que nos mudou como pessoas, como músicos. Não existe maior influência para o Limbo do que toda a experiência devastadora, agressiva e enriquecedora que tivemos na China. Que pessoas majestosas, que mundo incrível.
M.I. - As vossas máscaras são uma alusão às máscaras que a sociedade usa diariamente para poder vingar neste mundo cruel. O que mais vos irrita na nossa sociedade?
O facto de estarmos tão loucamente apaixonados por ela. E isso faz-nos odiá-la cada vez mais. Amor/Ódio. Eterno.
M.I. - Há algo mais que queiram dizer aos fãs e leitores da Metal Imperium?
LIMBO está oficialmente Cá fora. Num Mundo onde o caos, a amargura e o ódio Imperam, deixemos que a música seja novamente uma cura e nunca um pretexto.
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Entrevista por Sónia Fonseca