Quem acompanha os Secrets of
the Moon sabe que o coletivo germânico tem andado a pender para o lado mais
melódico nos últimos lançamentos e “SUN”, de 2015, foi o auge do experimentalismo
e das melodias, pelo que se esperava um disco na mesma leva ou até mesmo mais
melódico.
Mas “Black House” não era de
todo o esperado. O “Black” do título nada terá a ver com Black Metal porque a
banda resolveu pôr de parte todo o black metal musculado e orelhudo com que
solidificaram a sua identidade e servir um disco de rock gótico que os atira
para a mesma casa onde governam nomes como Nine Inch Nails ou Type O Negative,
atirando também um banho de água gelada a todos os que gostavam da sonoridade a
que os SOTM os habituaram em cerca de 20 anos de carreira.
Os refrões semi-punk de temas
como “Veronica’s Room” ou “Earth Hour”, as negras, mas muito acessíveis baladas
que se ouvem no tema-título ou em “He Is Here” abrem os Secrets of the Moon a
uma audiência muito mais vasta e muito diferente àquela a que estavam
habituados.
Mudanças drásticas de
sonoridade como esta não é algo que possa ser considerado chocante nos anos que
correm, sendo que existem exemplos muito semelhantes de bandas que passaram
grande parte da carreira a praticar com coesão um género musical para depois
alterarem radicalmente a sua sonoridade. Um dos casos que há de estar a vir à
mente de muita gente ao ler isto há de ser o dos Opeth (apesar de ter sido uma
mudança muito mais subtil do que esta), mas que são casos que nos lembram duas
coisas: a primeira que uma banda faz aquilo que sente que deve fazer e não
aquilo que os fãs acham que a mesma deve fazer, a segunda que por mais radicais
que as mudanças sejam, não significa que as mesmas sejam más. Sim, não há aqui
uma réstia do que se ouvia em “Antithesis” ou até mesmo mais recentemente em
“Seven Bells” e quem gosta dos SOTM desses tempos não os vai encontrar aqui,
mas isso não faz de “Black House” um mau álbum. É harmonioso, suave e vibrante,
conseguindo ainda ser sombrio onde precisa, apesar de se poder considerar quase
radio-friendly. Encaremo-lo como
aquilo que é: um novo capítulo e uma ruptura com o passado que irá pôr estes
alemães no radar do Goth Rock.
Nota: 7/10
Review por Tiago Neves