About Me

Scars - "Predatory" Review


O Brasil muito se tem esforçado para trazer uma nova banda das dimensões dos Sepultura, e, apesar de este álbum ter os seus highlights, não chega ao poder que os anteriores tinham. Este é um dos principais problemas do álbum, há algumas músicas que vão aumentando em sonoridade e expectativas, mas a banda muitas vezes simplesmente não capitaliza esse crescendo, sendo as músicas “Ancient Power”, “The 72 Faces of God” e “Sad Darkness of the Soul” um exemplo disto.

Esta última é, contudo, um caso interessante, pois o seu objetivo não parece ser o de explodir numa loucura de sons, mas sim o de manter um perfil mais baixo e sinistro, lembrando, em parte, alguns dos trabalhos mais obscuros dos Megadeth.

Por outro lado, o álbum também tem pontos bastante positivos, sendo o principal deles a produção: todos os instrumentos são perfeitamente perceptíveis, sem que um se sobreponha a outro, contribuindo para uma experiência agradável.

Adicionalmente, há que destacar o grande trabalho das guitarras, especialmente quando a banda adiciona uma segunda guitarra ao riff principal, como acontece no pré-refrão da canção “Predatory” e na “Violent Show”. O duo “The Unsung Requiem”/”Ghostly Shadows" demonstra mais uma vez o virtuosismo das guitarras, trazendo uma progressão harmónica muito interessante que efetua depois a transição para aquela que, na minha opinião, é um dos momentos mais altos do álbum. Parece que toda a falta de capitalização sobrou para esta música. O inicio é devastador, com um bom shred seguido por um riff principal destruidor, capitalizado finalmente pelo refrão, que é muito forte. Há muitas mudanças de ritmo ao longo da música, que a tornam muito interessante de se ouvir, o que nos leva à próxima jóia do álbum: “Beyond the Valley of Despair”.

Esta música começa com o típico riff em encavalgamento, entrando depois num duo entre um riff melódico com o dito riff principal, subindo até ao refrão, até chegar à bridge, que é possivelmente a melhor do álbum. Mas sem dúvida a melhor parte da música é o solo que, a meu ver, é o melhor do álbum, com várias técnicas a serem expostas ao longo do mesmo.

A mesma faz transição (que apesar de não ser perfeita é aceitável) para a última música do álbum, “Violent Show”, que fecha o álbum em grande nota.

Agora, o que me deixa a indagar é o facto de a banda ter deixado duas das melhores músicas deste álbum como músicas de bónus, quando estas facilmente poderiam ter entrado no alinhamento principal, mas isso será pergunta para ser respondida numa entrevista.

Melhores músicas: “The Unsung Requiem”+”Ghostly Shadows”, “Beyond the Valley of Despair”, “Violent Show” e “Armageddon” (bonus track)

Nota: 7.1/10

Review por João Drumond