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Entrevista aos Feuerschwanz


Uma palavra para descrever este álbum não é suficiente, porque é épico e espetacular. “Das elfte Gebot” foi lançado no dia 26 de junho, pela Napalm Records, e tivemos o privilégio de conversar com Prinz Rhoden Herz III, responsável pelas vozes e pelos instrumentos medievais, que caracterizam o som desta banda. Uma ótima entrevista, onde ele fala sobre a história da banda, como é difícil tocar esses instrumentos, quem é o responsável pelas roupas e armas, as covers, o lançamento do álbum e muito mais. Se gostam de cenas medievais e Metal, tudo junto, este álbum é para vocês.

M.I. -  Muito obrigada por dedicares algum tempo e espero que a situação aí, na Alemanha, esteja a melhorar e tu e os teus entes queridos estejam seguros.

Sim, estamos seguros. Está tudo bem. Nós estamos saudáveis e bem.


M.I. -  Eu gostaria que apresentasses a história da banda, por favor. O nome da banda traduz-se por "cauda de fogo"... porque é que optaram por esse nome?

Os Feuerschwanz foram fundados em 2004, ou seja, há dezasseis anos. Começamos como uma banda de Comedy Folk e ficou muito mais difícil ao longo dos anos. A música está a ficar mais Metal a cada álbum. Atualmente, somos uma banda de Folk Metal, com letras em alemão. Chamamo-nos "Feuerschwanz", por causa do dragão. Temos muitos temas e letras de fantasia sobre dragões, vikings, batalhas épicas e outras coisas. Por isso, escolhemos o nome da banda, "The Fire Tail". "Feuerschwanz", uma cauda de dragão de fogo.


M.I. -  Tocas instrumentos medievais. Porque é que escolheste tocar estes instrumentos? São difíceis de tocar?

Eu escolhi-os, porque sou um grande fã de fantasia e medieval. Eu queria tocar música, que se encaixa no meu universo favorito. E este encaixa-se nas coisas históricas, medievais e de fantasia. Então, é por isso que eu queria tocar gaita de foles. Sim! É muito fácil no começo, quando aprendes, mas é difícil lidar com o ajuste. É um instrumento muito barulhento, que pode facilmente soar terrível.


M.I. -  O vosso estilo é Mittelalter-Rock, que junta medieval e rock. Quais os aspetos que vos influenciaram a tornar este género tão incrível?

Há muitas coisas de que eu realmente gosto nisto. A combinação de coisas que realmente não pertencem juntas. A música Rock e a música folclórica medieval não foram feitas para se juntarem, mas é por isso que é tão incrível e emocionante combiná-las. Podes escolher sempre elementos dos dois mundos e fazer novas combinações, que ainda não foram feitas. Há muitas oportunidades para criar músicas que antes não existiam.


M.I. -  O ano passado, em dezembro, vocês comemoraram o vosso 15º aniversário e que melhor maneira do que comemorar com um novo álbum? "Das elfte Gebot" foi lançado a 26 de junho, pela Napalm Records, e é um álbum incrível. Como descreverias o vosso crescimento, enquanto banda, desde o vosso primeiro álbum até este?

Começamos como um projeto de comédia. Foi realmente mau. Muitas músicas eram muito engraçadas, mas soavam muito mal. Ao longo dos anos, começamos a levar a música mais a sério e nós próprios também. Queríamos criar um som que funcionasse muito bem. Não é apenas: "Oh! A letra é divertida e podes sonhar, mas a música é uma merda!”. Não queríamos mais isso. Nós trabalhamos muito duro nas nossas habilidades de som e música. A letra também mudou de comédia thrash para temas mais de fantasia, épicos e coisas de fantasia.


M.I. -  Como correu o trabalho para este álbum? O que foi mais desafiante? A letra ou a música?

Eu trabalho sempre as letras e músicas simultaneamente. Tento ter uma ideia muito fixe com a letra e tento encontrar o melhor som para ela. Basicamente, para mim, com uma boa ideia para letra, posso criar facilmente uma música fixe para ela. Dependem um do outro. Acho mais difícil encontrar uma ideia fixe para a letra do que uma ideia musical.


M.I. -  O Simon Michael dos Subway To Sally (guitarrista, vocalista) trabalhou mais uma vez convosco e ajudou a obter um som que combina bem o Medieval Rock e o Heavy Metal. Que conselhos é quem ele vos deu durante a gravação deste álbum?

Aprendemos muitas coisas com ele e com a experiência com a banda dele. Aprendemos mesmo muito (risos). Basicamente, com ele, aprendi a combinar os elementos Folk com elementos Metal, também com partes orquestrais. Isso é uma coisa que aprendi. Gostei muito de trabalhar com ele no estúdio.


M.I. -  “A mensagem das nossas letras vem do fundo dos nossos corações, é extremamente importante para nós, e é por isso que elas são colocadas com muita clareza sem rodeios. Uma mensagem clara precisa de um som adequado”. Nestes tempos loucos, a esperança e o positivismo são muito importantes. Que mensagem estão a tentar enviar para os vossos fãs?

O álbum chama-se "Das elfte Gebot", que significa "Os onze mandamentos". Nós basicamente não nos importamos com os mandamentos. O que realmente pensamos é que o décimo primeiro é que é realmente importante. O nosso décimo primeiro mandamento é aproveitar a tua vida e viver a tua vida ao máximo e fazer as coisas que adoras. Aproveita o dia, como se fosse o teu último.


M.I. -  “Das elfte Gebot” tem uma inspiração: Valar Moghulis, que se traduz por "todos os homens devem morrer", em High Valyrian. Desde que a tua mãe faleceu, a mortalidade acompanhou os teus pensamentos, o que resultou nas melhores letras e melodias. Desejas partilhar algo connosco?

Nós sempre o fizemos enquanto banda. Desde há 15 anos que fazemos festas para nos inspirar a criação de letras. Achamos que há uma mensagem mais profunda, que é: "Aproveita a tua vida com os teus entes queridos!". A mortalidade tem um passado, e isso não é apenas uma palavra. É mesmo real. É fácil pensar assim, porque eu vi a morte. É por isso que é realmente importante para nós. Essa é a mensagem.


M.I. -  Este álbum tem outro significado: “organiza a vida, como se a morte estivesse amanhã à espera!”. Devemos viver a vida ao máximo, mesmo que haja uma pandemia?

Sim! Basicamente, é viver a tua vida ao máximo, sem prejudicar ninguém, claro. Ninguém deve fazer o que quiser, prejudicar as outras pessoas ou prejudicar o meio ambiente. Claro que não. Portanto, é evidente que não podes simplesmente fazer o que desejas, quando há uma pandemia e por as pessoas ao teu redor em perigo. Essa seria a mensagem errada.


M.I. -  Vocês não perderam o vosso toque mágico, o que vos ajuda a experimentar novos sons e letras e podemos ver isso numa música específica: “Lords Of Powermet”, a vossa primeira música que apresenta letras em inglês e o tema principal é sobre um grupo de fanáticos religiosos, que venera o "chifre sagrado". De onde surgiu a ideia para essa história?

Basicamente, é uma paródia à própria religião. Quando falas sobre grupos religiosos, eles têm sempre uma opinião de que apenas a mensagem deles é a certa, a filosofia deles é a certa e há tantas guerras religiosas ao longo da História. Por exemplo, a guerra dos trinta anos, aqui na Alemanha, as pessoas estavam a lutar por questões realmente pequenas. E eram religiosos. Nós queríamos trazer isso para a paródia, essas coisas apresentadas por um grupo, que tem uma filosofia obviamente estúpida por trás deles: The Lords Of Powermet. Eles estão a falar apenas da sua bebida favorita, por exemplo. Portanto, sim, é uma paródia religiosa.


M.I. -  Vamos falar sobre a capa do álbum. Podemos ver um cruzado, com um dragão amigo, que o ajuda nas suas batalhas. Gostarias de contar a história por trás disso e quem teve a ideia?

Tal como o nome da banda indica, há um dragão com a cauda de fogo e tivemos muitas capas e obras de arte com esse dragão, há muitos anos. Queríamos reinventar, apresentar um dragão real e perigoso. Os dragões das nossas capas antigas, eram dragões amigáveis, que pareciam ser de livros infantis ou histórias de banda desenhadas infantis. E o dragão agora parece muito mais perigoso. Queríamos criar um aspeto religioso. "Das elfte Gebot" é um título que sai da Bíblia de algumas maneiras. É por isso que também há um cruzado na capa do álbum. O cruzado representa a religião e guerra, e o dragão representa a nossa banda.


M.I. -  O interessante é que, com este álbum, vocês fizeram covers de 7 músicas, de artistas alemães (Rammstein, Seeed, Die Toten Hosen, Powerwolf e Deichkind) a artistas internacionais (Sabaton e Ed Sheeran), e o nome é “Die sieben Todsünden”, uma boxset especial de edição limitada. Porque é que escolheram estas músicas e artistas? Que critérios eram importantes e quais foram os temas mais difíceis de fazer a cover?

A ideia era criar os Sete Pecados Capitais, musicalmente. Os Sete Pecados Capitais para uma banda de Folk Metal poderiam ser, por exemplo, fazer uma cover de uma música Reggae, uma música de Hip Hop. É um pecado para uma banda de Metal. Por isso escolhemos, por exemplo, a música “Seeed”, que é uma música de Hip Hop. Existem outras músicas, como Rammstein, que também podes descrever como um pecado mortal, porque Rammstein são demasiado perfeitos e não podes torná-los melhor, mas nós tentamos, de qualquer maneira. Há também algum tipo de pecado mortal. Existem outras músicas, como "I See Fire" do Ed Sheeran, que é a primeira música em inglês para nós. Isso é incomum para os fãs, e também podes descrevê-la como um pecado, de forma a quebrar barreiras e passar por cima, algo que nunca tínhamos feito antes. É por isso que lhe chamamos "Os Sete Pecados Capitais". Eu escolhi músicas bastante incomuns para nós. Músicas inesperadas.


M.I. -  Quais músicas foram as mais desafiantes de fazer uma cover?

Para mim, foi muito difícil cantar em inglês a “I See Fire”. Isso foi realmente desafiador! Também para cantar partes de uma banda, como os Powerwolf, que é muito alto, muito difícil de cantar e também é muito rápido de tocar, em qualquer instrumento. Toquei, por exemplo, a flauta em "Amen & Attack". Eu toquei uma linha de guitarra muito rápida com uma flauta e é muito difícil e rápido de tocar. Isso foi desafiante para mim.


M.I. -  No vosso Facebook, vocês dizem: "O novo álbum tem dois anos de trabalho, suor e lágrimas". Porquê as lágrimas?

Porque foi difícil gravar todas estas músicas, incluindo as faixas bónus. Foi tanto trabalho que todos chegamos ao nosso limite. É por isso que também houve lágrimas, quando tens de trabalhar muito e estás no teu limite e não consegues fazer mais mas precisas de o fazer. É por isso que também há "sangue, suor e lágrimas" neste álbum. Havia letras, como “Das elfte Gebot”, uma música sobre a vida, a morte e a perda de pessoas queridas. É por isso que também há lágrimas neste álbum.


M.I. -  O hidromel era muito popular na Idade Medieval e, atualmente, as pessoas tendem a gostar. E vocês não são exceção, porque tem uma enorme importância nas vossas letras. Gostas do sabor? O que torna esta bebida tão popular que faz vocês quererem cantar sobre ela?

Sim! Com certeza! Mas existem alguns realmente terríveis, que não deves beber, que são muito doces e fazem ressacas terríveis. Deves ter cuidado (risos). Eu acho que, tecnicamente, é só por causa do gosto. Nada pode superar esse gosto, por ouvir sobre isso, durante quinze anos. É mais um símbolo para um estilo de vida. É sobre um estilo de vida, de se vestir como um cavaleiro medieval e ir a esses eventos e beber cerveja, cocktails e hidromel. Isso representa esse estilo de vida.


M.I. -  Um grande exemplo é "Metfest", o primeiro single deste novo álbum, com uma tournée esgotada, para o vosso 15º aniversário. Como foi? Que cidades visitaram? Poderias partilhar um episódio que ficará para sempre nas vossas memórias?

Foi uma tournée bastante intensa, mas não tocámos muitos concertos, contudo foi a maior tournée. Foram apenas nove, oito concertos em locais muito grandes. Foram os maiores concertos para nós, até agora. Tudo isso junto em duas semanas, três semanas, ou algo assim. Foi muito rápido e intenso, como uma música de Metal muito boa ou algo assim. A nossa cidade natal, Nuremberga, Munique, Trogen, na Suíça, Leipzig, no leste da Alemanha, Hamburgo, no norte da Alemanha, Berlim e Colónia e mais uma de que não me lembro. Nós desenvolvemos uma grande amizade com as outras bandas, que tocaram lá: Grailknights e Warkings. Fizemos muitas colaborações nessa tournée e, para mim, foi o mais fixe, quando eu subi ao palco, mascarado. Tocamos a música, que normalmente é cantada pelos Sabaton e representei o Joakim Bróden. Os fãs ficaram loucos com isso e foi fixe para mim.


M.I. -  "Das Elfte Gebot" é a faixa-título, lançada no dia 7 de abril. Nikolaj Georgiew foi o diretor e o grupo histórico, Stiber Fähnlein e.V., ajudou com o material. Rosalie Postatny também ajudou nos figurinos. Como foi trabalhar com uma equipa tão incrível? Como é que os contataram? Que ideias tiveram para os trajes e o material?

Foi muito fixe, porque são pessoas que conhecemos muito bem. A minha esposa faz os figurinos. O grupo histórico conheço muito bem, há muitos anos. Eles ofereceram-nos essas armas. São pessoas e amigos que conhecemos muito bem e que foram muito fixes. Queríamos criar para a nossa banda algum tipo de visual de fantasia viking, que não é historicamente correto, mas é mais fantástico. Não queremos apenas fazer um tipo de encenação, queremos criar o nosso próprio mundo fantástico. Para isso, usamos essas armas e materiais para criar um tipo de atmosfera no campo de batalha, que parece real, não apenas plástico falso. É por isso que usamos essas armas forjadas reais nesses locais muito especiais. A localização é um tipo de obra de arte contra a guerra. É um memorial de guerra.


M.I. -  “I See Fire”, lançado a 6 de maio, foi filmado na Inglaterra, mais propriamente no sudoeste da Inglaterra - na costa da Cornualha. Porque é que escolheram Inglaterra e não outro país?

Basicamente, queríamos ir de férias para Inglaterra (risos). Vimos que poderia correr bem se combinássemos com as filmagens. Combinamos férias com gravações de vídeo e é por isso que escolhemos essa localização.


M.I. -  “Ding” é uma música dos Seeed, uma banda alemã de hip hop, reggae e dancehall, e Melissa Bonny, cantora da banda Ad Infinitum, é a convidada especial. Porque é que escolheram esta música e a Melissa?

Foi muito interessante. Eu não diria que foi difícil, porque é uma canção muito boa e uma boa canção pode ser transformada em qualquer tipo de música. Por isso, fomos muito inspirados para o fazer. Sim! Foi um trabalho árduo, mas tivemos um bom fluxo com isso. Foi muito divertido. Era uma música muito famosa, há quinze anos. Todos a sabem de cor e todos dançamos em festas e ficamos muito bêbados ao som dela. Foi um grande sucesso, há muitos anos. Nós escolhemo-la, porque todos temos uma ligação com ela. Queríamos ter uma cantora que também pudesse gritar. Pesquisamos quem o poderia fazer e foi assim que encontramos a Melissa Bonny.


M.I. -  No dia 26 de junho, vocês deram um concerto de lançamento, com crowdfunding, no castelo Abenberg. Como correu? Como escolheram o lugar?

O castelo de Abenberg tem uma relação muito emocionante connosco e também com os nossos fãs, porque há um Folk Medieval, Metal Rock Fest anual, que é o "Festival Feuertanz", "O Festival de Dança do Fogo". Tocamos lá muitas e muitas vezes. Eu visito-o já há quinze anos, todos os anos. Há uma grande relação emocional com este festival e, este ano, não acontecerá. Por isso escolhemos este castelo especial.


M.I. -  No Facebook, vocês referem que a banda revela “Alto nível musical, anarquia textual e desinibição ao vivo - Metal, Met & Miezen for Ladies'n'Lords”. O que é que querem dizer com isso?

Met & Miezen é um jogo de palavras, em alemão, porque Mieze é basicamente um gato. Mas também podes dizer mulher (eine Mieze). Uma rapariga, pode-se dizer. É por isso que se chama "Met & Miezen". "Met & Chicks". Nos primeiros anos, as letras eram sobre bebida e sexo. Até um certo ponto, esse era o nosso lema.


M.I. -  No próximo ano, andarão em tournée com a banda Warkings, como banda de apoio e começarão em janeiro do próximo ano. Porque é que os escolheram e não outra banda? Essa tournée chegará a outros países europeus, como Portugal? Em que países gostariam de tocar?

Nós conhecemos essa banda, através da Melissa. Pensamos que seria muito fixe, se pudéssemos tocar as músicas em tournée. Então, é por isso que lhes perguntamos se eles viriam connosco e disseram: "Sim!". Adoraria tocar aí, mas até agora não planeamos nenhum concerto, porque não sei se temos muitos fãs em Portugal e Espanha. Temos de trabalhar nisso. Tivemos um concerto, creio, há dez anos, na Rússia, Moscovo, e eu adoraria repetir, porque foi muito fixe. Realmente gostaria de tocar no mundo inteiro. Há muitos lugares para ver... a Grécia, por exemplo. Amo países medievais e países do Mediterrâneo, por causa da História, da herança, do clima e do mar. Adoro estar no mar. Seria fixe tocar em todo o lado.


M.I. -  Muito obrigado por responderes às minhas perguntas. Que palavra gostarias de partilhar com os vossos fãs e os nossos leitores?

Divirtam-se, mantenham-se saudáveis, aproveitem o vosso dia, vivam a vossa vida e curtam a música.

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Entrevista por Raquel Miranda