Formados em 2016, “Thunder in the
Mountains” é o 3.º álbum desta banda de Boston. Depois de receberem belíssimas
críticas nos trabalhos anteriores, este ano apresentam-nos novo álbum, desta
vez baseado no poema épico de Henry Wadsworth Longfellow, “O Canto de
Hiawatha”.
Este álbum – e a banda que o concebeu –
são um caso deveras interessante no entorno Black Metal. Por norma o Black
Metal rege-se por clichés, enraizados no mesmo há décadas. Há aqueles que,
indiferentes a chavões ou regras estabelecidas, adaptam o género às suas
visões, ao invés de seguirem um caminho inúmeras vezes caminhado. Com isto, não
assumam que a banda é totalmente original. Saor, Wintersun, Panopticon, um
pouco de Progressivo, Folk, são algumas das “palavras-chaves” que nos vêm à
mente aquando de uma audição mais atenta.
Contam, nas suas fileiras, com uma
vocalista que dá à música uma expressão mais, não diria operática, mas
fantástica! Em que sentido? "Bal-Sagothian". Ainda que não “encaixe”, totalmente,
no mesmo imaginário musical, o feeling está lá, até certo ponto, já que depois
o Folk entra em cena e essa imagem fantástica perde-se, levando-nos para um
cenário mais arraigado na Natureza e em tempos passados. Há uma dinâmica
interessante, em muito sustentada pelo trabalho de violino e por uma secção
rítmica viva, uplifting e vigorosa. No
geral o som da banda é “enorme”, cheio, seguindo a linha de Saor ou mesmo
Summoning, em que cada tema se assemelha a mais uma viagem épica por terras
assoladas por criaturas terroríficas – ainda que neste caso específico falemos
de pessoas, de carne e osso, que outrora povoaram o imenso território norte-americano. Arrisco dizer que há aqui alguns “pós” de Dungeon-Synth,
especialmente no modo como os synths são inseridos nas músicas, tal como as
linhas de piano. Há toda uma aura imersa em fantasia. Aqueles violinos,
soberbos! Ao colocarem a voz, e os demais instrumentos, criaram uma realidade
melódica e, em momentos, doce. Mantém, ainda assim, a sua estrutura Black
Metal. Destaque para a produção, límpida, por assim dizer, que acompanha o álbum
de início a fim.
Aconselhado a todos aqueles que apreciam
Black Metal, especialmente aquele de contornos épicos, no qual quase se sente o
toque da História e do Passado.
Nota: 8/10
Review por Daniel Pinheiro