É de se lhe tirar o
chapéu. Trinta e um anos de carreira, dezoito álbuns de originais assinalados
com o lançamento deste “Sign of the Times”, no passado dia oito de maio, tornam
este guitar hero um caso sério de longevidade, sempre com trabalhos
interessantes. Mas não é apenas isso que deve ser realçado. A qualidade dos
músicos que o rodeiam, tanto agora, como já há trinta anos atrás, é também ela
sinal de que este não é, nem nunca foi, apenas um projeto musical nascido da
carolice de um guitarrista virtuoso.
“Sign of the Times” pode
não ter a força de trabalhos anteriores, mas não lhe faltam aquelas músicas dentro
daquele estilo heavy rock que sempre caracterizou Axel Rudi Pell. Muitas
delas podem ser mesmo apelidadas de boas malhas, pois têm qualidade suficiente
para isso. Elas são variadas dentro do que o género permite: Iniciando com um intro
“The Black Serenade” instrumental, seguem-se baladas como “As Blind as a Fool
Can Be”; mais musculadas como “Gunfire”, primeiro single retirado deste álbum e
até aqueles temas mais orelhudos como “Bad Reputation”.
“Wings of the Storm”,
(segundo single) já na segunda metade do álbum, pretende ser uma homenagem à
fase Coverdale/Hughes que coabitou nos Deep Purple durante alguns anos e temos
até direito a um “cheirinho” a reggae com o tema “Living in a Dream”. As letras
das músicas afastam-se daquilo a que Axel Rudi Pell nos tinha habituado. A
fantasia e tudo o que a envolve foi deixado de lado neste trabalho, sendo agora
mais sóbrias, abordando temas atuais, relacionamentos e preocupações que
deveriam ser de todos nós, como o ambiente.
Já referi a qualidade dos
músicos que acompanham este guitarrista alemão em mais este trabalho, falta
referir o vocalista Johnny Gioeli, detentor de uma voz fantástica, muito
característica e que encaixa na perfeição em todos os temas, escutem “Waiting
for Your Call” e confirmem a minha opinião.
Se dividirmos este
trabalho em duas metades, verificamos que a primeira é manifestamente melhor, é
onde os melhores temas estão concentrados. Na segunda temos menos melodia e as
composições são menos inspiradas. Ao longo de todo o disco não notamos que os
temas tenham sido criados em volta do guitarrista, ou para fazer realçar o seu
instrumento, essa não parece ter sido uma preocupação durante o processo de
composição. “Sign of the Times” é um bom álbum, apenas não se conseguiu
aproximar do antecessor, “Knights Call”, de 2018.
Nota: 8.1/10
Review por António Rodrigues