Em 2020, a banda sueca Vampire, com o vocalista Hand of Doom, os guitarristas Black String e Sepulchral Condor, o baixista Command e o baterista Abysmal Condor, orgulhosamente apresentam o terceiro álbum "Rex". Influenciados pelos Mercyful Fate, Slayer, Dissection e Possessed, os VAMPIRE fundiram uma vasta variedade de elementos desde o primeiro dia, mas em "Rex" também foram inspirados pela grandeza dos Iron Maiden e dos Metallica e combinam guitarras acústicas com uma extrema qualidade melódica, sendo o trabalho mais ardente e feroz da banda até hoje. Com "Rex", os Vampire criaram com sucesso uma força majestosa e macabra! A Metal Imperium conversou com o guitarrista Black String para descobrir todos os detalhes interessantes sobre o terceiro álbum da banda, como o Fenriz os "afetou" e outros assuntos pertinentes. Continuem a ler…
M.I. - Por que sentiram a necessidade de criar os Vampire?
A ideia de formar os Vampire veio do nosso cantor Lars ("Hand of Doom") durante o verão de 2011, quando nos encontramos na casa dele pouco antes do concerto dos "big four" em Gotemburgo: Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax. O Lars colocou uma faixa antiga dos Necrophagia e insistiu que começássemos uma banda na mesma linha, ou seja proto-death metal de meados dos anos 80. Pouco tempo depois, pedimos ao amigo do Lars, "Command", para se juntar a nós no baixo. No começo, o Lars e eu costumávamos trocar de instrumento; nós os dois tocamos bateria por um tempo, mas tornou-se bastante óbvio que ele realmente queria tocar bateria, então eu desisti dessa posição. Por que as pessoas iniciam bandas? Depois de quase dez anos com os Vampire, eu provavelmente nem consideraria começar outra banda, mas se tentar relembrar a nossa maneira de pensar naquela altura, acho que sentimos que tínhamos algo a oferecer, algo que ainda não havia sido feito por outras bandas da nossa cidade até ao momento.
M.I. - Os Vampire são influenciados pelos Mercyful Fate, Slayer, Dissection, Possessed e inspirados pela grandeza dos Maiden e Metallica nos anos 80. Considerando a enorme variedade de influências... como criaram o som pelo qual os Vampire são conhecidos? Quão complicado é criar um som próprio?
Voltando a 2011 novamente, foi o Lars quem trouxe as primeiras ideias para o nosso som... riffs bastante primitivos, mas realmente cativantes. Naquela época, eu curtia imenso os Slayer e também escrevia coisas influenciadas pelos Mercyful Fate, portanto as minhas contribuições foram um pouco nesse sentido. A nossa demo (2012) e o primeiro álbum (gravado em 2013) foram uma mistura dos estilos do Lars e meus. Antes do nosso segundo álbum, adicionamos um segundo guitarrista ("Sepulchral Condor") e um novo baterista (o seu irmão, "Abysmal Condor") e a maioria das composições acabou na minha mesa. Comprei um amplificador antigo da Fender com um efeito de reverberação peculiar, que influenciou algumas das partes de “With Primeval Force”, em grande parte escrita em 2015 e gravada em 2016. Os nossos novos membros trouxeram muita energia renovada para o nosso som, e foi assim que evoluímos gradualmente para o estilo que temos hoje. Quando falamos sobre música na banda, raramente falamos sobre death metal, mas principalmente sobre metal clássico e o hard rock que são o nosso forte.
M.I. – O vosso logotipo é bastante simples... quem o criou? Foi assim que o imaginaram quando formaram a banda?
O nosso logotipo foi desenhado pelo Martin Gustafsson, que costumava ser o cantor dos Darkified e dos Allegiance (estes últimos eram uma ótima banda naquela época, ouve o primeiro álbum deles!). Ele é tatuador hoje em dia. Entramos em contacto com ele através dos nossos amigos da Ljudkassett! que viriam a lançar a nossa demo. Não poderíamos estar mais felizes com o nosso logotipo, está muito além das expectativas que tínhamos quando começamos a pensar num.
M.I. - Todos os membros da banda usam "personas"... é um requisito? Por que se “escondem” atrás de uma “personagem” fictícia?
Quem não adora bandas com “personas”? Quase todos os nossos ídolos da juventude eram personagens do rock de uma maneira ou de outra. Queríamos continuar essa tradição.
M.I. – O Fenriz reconheceu o vosso talento e a demo vendeu mais de 300 cópias numa semana... achas que o reconhecimento dele ajudou os Vampire de alguma forma? Como reagiram quando descobriram?
O blog do Fenriz “Band of the week” (ou o que quer que fosse) era uma grande coisa na época, e é claro que recebemos muita publicidade. Naquela altura, eu tinha estado com o Fenriz uma vez - no pub Elm Street, em Oslo, 2004, onde fiz uma entrevista ao vivo com ele através de um postal (!) com três perguntas que lhe entreguei sobre a mesa e a que ele respondeu por escrito. Uma situação realmente estranha e divertida. Por isso foi fixe que ele apreciasse o que estávamos a fazer nos Vampire oito anos depois desse encontro.
M.I. - A imprensa rotulou-vos como "a verdadeira cena" e "charme macabro". Isso colocou algum stress em vocês?
Acho que não, afinal depende de cada um ter a opinião que quiserem.
M.I. - O segundo álbum da banda "With Primeval Force" recebeu ótimas críticas e foi nomeado para os Grammys suecos. Como receberam esta notícia? Já se perguntaram como diabos conseguem ser tão bons? Qual é a fórmula secreta para o sucesso?
Ficamos felizes, é claro, mas não devemos levar esses eventos tão a sério. Sabíamos que havia pessoas no júri dos Grammys que entendiam o que estávamos a fazer. Foi muito bom sentarmo-nos ao lado dos membros dos Europe no prémio, apesar de nem o John Norum nem o Joey Tempest estarem presentes.
M.I. - As novas músicas dos Vampire são, parcialmente, uma continuação dos lados mais épicos de "With Primeval Force", mas também há muitas coisas rápidas. "Rex" é mais corajoso em referências musicais do que a produção anterior. De que maneira? O que podem os fãs esperar de "Rex"?
Não me importei com um riff ou arranjo em particular que soasse "muito harmónico" em comparação com os nossos trabalhos anteriores, onde costumava evitar o uso das partes mais suaves. Achei melhor sair da linha e fazer o que fosse mais adequado para mim no momento. Não ficaria surpreendido se alguns fãs teimosos de death metal nos virassem as costas (se ainda não o fizeram) por causa do novo álbum, mas isso não importa. As pessoas podem esperar um álbum bastante multifacetado que ainda soa como Vampire.
M.I. - As facetas da banda foram refinadas, enriquecidas e aperfeiçoadas. "Rex" tem uma abordagem muito clássica do heavy metal combinado com guitarras acústicas, sendo o trabalho mais violento e feroz da banda até hoje. Simplesmente aconteceu ou foi algo planeado?
Aconteceu de certa forma... ou é resultado da progressão natural. Não planeamos como este álbum soaria no final.
M.I. - Quais são as maiores diferenças entre "Rex", "Vampire" e "With Primeval Force"?
"Rex": representa onde estamos agora. “With Primeval Force”: foi um ponto de viragem criativo após o nosso primeiro álbum, quando estávamos incertos sobre onde ir de seguida. "Vampire": foi o primeiro surto espontâneo de um ato novo e intocado.
M.I. - O álbum será disponibilizado digitalmente a 19 de junho. Com "Rex", os Vampire criaram com sucesso uma força majestosa e macabra! Quão forte é este lançamento? Estais empolgados?
Ao terminar o álbum, estávamos todos cansados, depois de o ouvirmos inúmeras vezes para ajustar detalhes. Agora, como recebemos feedback de pessoas que tiveram a oportunidade de ouvi-lo, torna-se interessante ouvi-lo novamente. É inspirador conhecer a opinião das pessoas sobre o nosso trabalho, após dois anos de preparação.
M.I. - "Melek-Taus"... o que é que as pessoas pensam deste tema? É a última música do álbum e escolheram-na para ser o single de apresentação. Por quê?
"Melek-Taus" foi a nossa escolha uníssona para primeiro single, mas eu escrevi-a para ser a faixa final do álbum.
M.I. - Todas as faixas parecem ter nomes como títulos... nomes assustadores... este é um álbum conceptual de alguma forma?
Acertaste, "Rex" é de certa forma um álbum conceptual sobre divindades há muito esquecidas.
M.I. - “Wiru-Akka (Raw Mix)” foi lançado no Halloween como primeiro teaser do novo álbum. Inclui guitarras rítmicas esmagadoras e bateria implacável, assim como harmonias e vozes sinistras. "Wiru Akka" é um nome invocado numa das músicas do primeiro álbum. Por que decidiram trazê-lo de volta? O que vos inspirou? Qual a diferença entre esta música e a música do álbum "Wiru-Akka"?
O Lars, que escreve todas as nossas letras, gosta dessas referências aos nossos trabalhos anteriores - na verdade, há ligações como estas entre todos os nossos álbuns.
M.I. - A capa mostra o Reaper, uma figura familiar para os vossos ouvintes, a cavalo. O que é que isso diz sobre o conteúdo de "Rex"?
Queríamos que o Reaper voltasse para a terceira capa do álbum, pois de alguma forma está a fechar um círculo. Se houver um quarto álbum dos Vampire, teremos que pensar em algo completamente diferente.
M.I. - "Rex" é um triunfo sonoro muito bem capturado na impressionante obra de arte do Mitchell Nolte. O que representa no grande esquema das coisas?
Durante um tempo, tivemos outras ideias para a capa do álbum e até uma pintura finalizada de um artista sueco, mas achamos que era menos adequada para o nosso som e visão geral dos Vampire. Descobrimos a obra de arte do Mitchell Nolte num estágio bastante tardio e ficamos impressionados com a adequação de uma visão que já tínhamos esquecido. É difícil dizer o quão bem o trabalho artístico se encaixa no álbum!
M.I. - O álbum foi gravado nos Nacksving Studios, no centro de Gotemburgo, e a gravação foi dividida em duas sessões separadas por vários meses. Por que trabalham assim? É mais fácil deixar o material descansar e pegar nele mais tarde e perceberem a direção que querem seguir?
Desde 2015, trabalhamos com o nosso baterista à distância; ele mora a 300 km de nós e a última vez que o ouvi a falar de planos de se mudar para Gotemburgo foi... há cinco anos. Decidimos gravar os nossos dois últimos álbuns desta maneira, a fim de simplesmente fazer as coisas. Também é relaxante percebermos melhor a direção que devemos dar ao som, assim como estar menos tempo de uma só vez no estúdio.
M.I. - Em 2016, os Vampire juntaram-se aos Tribulation e aos Grave Pleasures para uma tournée europeia que passou por sete países. Como foi a experiência?
Divertimo-nos muito nessa tournée, que foi a única dos Vampire até agora. Naquela época, estávamos a trabalhar lentamente no “With Primeval Force”, e apesar de todos estarem um pouco cansados ao voltar para casa, acho que foi, de certa forma, uma parte importante na união da banda.
M.I. - Quais são os planos dos Vampire para o futuro próximo? Estais a preparar uma tournée?
Não há planos para nenhuma tournée neste momento, não por causa do corona, mas veremos se haverá alguma no futuro.
M.I. - O próximo ano marcará o 10.º aniversário da banda... estais a planear algo especial?
Ainda não tomamos nenhuma decisão, mas tenho uma ideia que espero conseguir concretizar. Veremos!
M.I. - 2020 é um ano completamente diferente do que imaginávamos... que danos é que um vírus como este nos pode causar pessoalmente e como sociedade? Acham que a natureza se está a vingar?
Eu acho que, de certa forma, a natureza se está a vingar - ou é assim que funciona.
M.I. - Alguma palavra final que gostariam de partilhar com os fãs dos Vampire em Portugal e os leitores da Metal Imperium?
Esperamos ir a Portugal tocar um dia!
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Entrevista por Sónia Fonseca