About Me

Entrevista aos Conception



Os Conception tiveram início em 1989 através do guitarrista Tore Østby. A banda ficou completa com Arve Heimdal na bateria, Ingar Amlien no baixo e Roy Khan na voz. Em 1991 criaram a sua própria editora e gravaram o seu primeiro álbum “The Last Sunset”.
Em 1993, foram descobertos pela editora Noise Records e lançaram o seu segundo álbum “Parallel Minds” nesse mesmo ano. Em 1995 lançaram o álbum “In Your Multitude” e o álbum “Flow” em 1997. Em 1998, Roy Khan foi convidado a juntar-se aos Kamelot como o seu novo vocalista e os Conception separaram-se. ‎Tore Østby focou-se no seu outro projeto, ARK, e  Ingar Amlien formou a banda de Black/Death Metal, Crest of Darkness. 
Em 2018, voltaram a reunir-se e lançaram o EP “My Dark Symphony” e, este ano, lançaram o seu novo álbum “State of Deception”. Estivemos à conversa com o Roy e o Tore para nos falarem um pouco mais sobre este novo álbum.

M.I. -  Para quem não conhece os Conception, os que nos podem dizer sobre vocês?

Roy: Há muito a dizer sobre os Conception se não conhecerem a banda. Começámos nos anos 90 e fizemos um longo intervalo depois do álbum “Flow”. Neste momento estamos a lançar o nosso “State of Deception”. A minha melhor dica para conhecer rapidamente a banda é: ouvir o novo álbum! 
Tore: A música dos Conception é muito baseada no hard rock e o metal dos anos 70 para a frente. Sempre introduzimos influências de outros géneros e misturámos alguns sons mais pesados com musicalidade emocional e técnica. E para aqueles que querem saber mais, visitem o nosso website www.conceptionmusic.com.


M.I. -  Lançaram o vosso novo álbum “State of Deception” em abril de 2020. Podem falar-nos um pouco mais sobre o álbum?

Roy: As músicas para o álbum foram escritas em conjunto com as músicas do EP que saiu em 2018, mas foram agrupadas para cada lançamento. 80% do material foi escrito no período entre 2016 e 2019. 
Tore: É uma viagem musical baseada na nossa música e experiências e é uma reflexão sobre o mundo durante estes últimos anos. É um álbum dinâmico, uma variedade de músicas com histórias e expressões diferentes.


M.I. -  O que inspirou o nome do álbum?

Roy: “State of Deception” é uma tentativa de refletir a sociedade e a nossa confusão interna. Vivemos num tempo em que a raça humana, e até mesmo a humanidade em si, está a ser colocada à prova a vários níveis.


M.I. -  Como foi o processo de composição para este álbum?

Roy: Foi bastante divertido e foi um trabalho árduo. Escrevemos sempre do fundo da nossa alma e coração, inspirados pela vida e pelos eventos que nos rodeiam. É sempre importante expressar o que sentimos no momento em que escrevemos. As músicas têm diferentes histórias, umas escritas num curto espaço de tempo, outras num período mais longo. Por exemplo, o Tore e eu começámos a improvisar algumas partes da música “Waywardly Broken” quando partilhávamos uma casa nos anos 2000, enquanto ele estava nos ARK e eu nos Kamelot. 
Depois escrevemos mais algumas em 2017 e completámos em 2019. “She Dragoon” tem origem nas improvisações do Tore e do Arve antigamente, enquanto que músicas como «By The Blues» e «The Mansion» foram escritas quando nos isolámos para umas sessões musicais numa cabana, nas montanhas norueguesas. Penso que o Tore escreveu a música de base para a «Feather Moves» enquanto estava a viver em França. 
Tore: Eu escrevi a música base para «Anybody Out There» quando estava de férias com a minha família e amigos, em Silves, Algarve. A música começou a surgir quando descobrimos uma casa abandonada, não muito longe da casa que tínhamos alugado. As paredes estavam cheias de palavras e, quando as traduzimos, percebemos que tinham sido escritas por alguém muito solitário e perturbado, que dizia que algo muito grave tinha acontecido. 
Eu acho que a solidão e o desespero desse homem louco chegaram especialmente até mim e, quando esta música veio até mim, simplesmente tive que passar uma parte das minhas férias a fazer algumas orquestrações básicas no meu computador.
Até tive de deixar um jantar de amigos a meio para poder escrever algumas partes conforme elas me apareciam. Vamos a Portugal todos os anos e descobri que esta casa foi vendida e foi totalmente renovada. Mas até aquelas frases nas paredes, que estão agora cobertas com tinta, ainda sobrevivem através desta música. 
Por isso, não temos nenhuma "receita" sobre como escrevemos, mas o normal é primeiro a música base e depois adicionar as linhas vocais. E depois o Roy completa as letras conforme vai gravando. As letras e as composições nunca estão completas até fazermos a gravação. 


M.I. -  O vosso primeiro single foi “Waywardly Broken”. Do que fala a música?

Roy: Esta música conta uma história de vitória que veio através do sacrifício. A vida a partir da morte. Novas formas de ver o mundo e a nós próprios. Esta música, mais do que ninguém, está repleta de esperança e crença. 


M.I. -  “By the Blues” foi o vosso segundo single. Do que trata?

Roy: «By the Blues» é uma música sobre viver em negação, tornando-a numa forma de sobrevivência. Adoro a letra desta música.


M.I. -  Qual tem sido a reação do público ao novo álbum?

Roy: Tem sido incrível! Estamos por felizes por isso! As críticas também têm sido muito boas.
Tore: Tem sido incrível e muito recompensador perceber o que a nossa música significa para tanta gente!


M.I. -  Qual o significado da capa do álbum? Quem pensou no design? 

Roy: Seth Siro Anton fez um trabalho excelente no EP “My Dark Symphony” e queríamos que ele fizesse o LP também. Ele apareceu com algumas ideias que ligaram perfeitamente com o que sentíamos que a nossa música devia transparecer. 


M.I. -  Vocês têm o álbum disponível na vossa página oficial do YouTube. Acham que as novas tecnologias são uma boa forma de chegarem a mais pessoas? Qual a vossa opinião sobre as novas tecnologias? 

Roy: Definitivamente tens a possibilidade de chegar a mais pessoas com a tecnologia que existe hoje. Tudo se resume a quão bem tu lidas com todas estas novas ferramentas combinado com o talento que entregas em forma da tua arte. No nosso caso, temos de ter as pessoas certas na nossa organização para tratar de assuntos relacionados com as parcerias. As novas tecnologias permitem-nos trabalhar com boas pessoas por todo o mundo. 


M.I. -  Vocês seguiram caminhos diferentes em 1998 e voltaram a reunir-se em 2018 com o lineup inicial. Como foi voltarem a tocar juntos uma vez que todos tiveram diferentes experiências ao longo destes anos? 

Roy: Foi muito natural. Mantivemos o contacto ao longo destes anos e, ocasionalmente, tocávamos juntos só na brincadeira. 
Tore: As fundações que construímos nos anos 90 sempre estiveram aqui. É incrível como sentimos que estávamos apenas a continuar a partir do que construímos no início. 


M.I. -  Como é que os fãs reagiram a esta reunião? 

Roy: Estávamos todos empolgados com isto, tanto a banda como os fãs. E as boas vindas foram maravilhosas.
Tore: É bastante esmagador receber tanto amor! O amor é mútuo!


M.I. -  Como é que este tempo de afastamento e as diferentes experiências contribuíram para este álbum? 

Roy: Nós crescemos e amadurecemos enquanto músicos, compositores e como seres humanos. Combinar isso com a experiência acumulada por nós os quatro representa e resulta no que saiu como “State of Deception”.
Tore: Todos nós tivemos experiências bastante diferentes e passámos por diferentes desafios. A necessidade de expressarmos diferentes emoções e pensamentos já vem crescendo há algum tempo.


M.I. -  Devido à situação atual que vivemos mundialmente, vocês tiveram de adiar as datas da tour. Qual a vossa opinião sobre o que estamos a passar atualmente? 

Roy: O que interessa agora é tentarmos regressar ao normal o mais rápido possível e de maneira segura. Temo mais o desastre financeiro que possa advir daqui mais do que o vírus em si e há pessoas a morrer e a perder os seus empregos. Penso que há sítios piores para estar agora do que numa banda de rock. Espero apenas que isto não dure muito tempo. Neste negócio estamos bastante dependentes de podermos tocar ao vivo. Num mundo perfeito deveríamos estar agora em tournée com o novo álbum, mas vamos fazer figas. Saibam mais sobre as novas datas em conceptionmusic.com 
Tore: São tempos difíceis para muitas pessoas. Alguns estão doentes, outros preocupados com os entes queridos, há mortes trágicas. As pessoas estão a perder os seus empregos ou preocupadas com o que o futuro irá trazer. É muito importante ser paciente agora e cuidarmos uns dos outros. Espero também que o mundo perceba que estamos nisto juntos, não interessa de onde somos, qual a nossa religião, orientação política ou sexual... Vamos esperar que isto faça com que haja mais tolerância, solidariedade e espero que tenha um efeito positivo e duradouro nas alterações climáticas.


M.I. -  Têm planeada uma data para tocar em Portugal em 2021. Quais as vossas expectativas para este concerto e para a tour? 

Roy: Espero que até lá as pessoas tenham descoberto o “State of Deception”. Do que me lembro podemos esperar um público muito intenso e que adora música, com respeito pela banda, equipa e outros companheiros de concertos. Estou desejoso de fazer a tour depois de tudo isto.
Tore: Tivemos uma excelente experiência quando regressámos aos palcos para os concertos de 2019. Há sempre uma energia especial entre o palco e o público quando tocamos e mal posso esperar para experimentar isso novamente!


M.I. -  Querem deixar alguma mensagem especial aos vossos fãs em Portugal? 

Roy: Obrigada por lerem esta entrevista e obrigada por todo o amor e apoio! Vemo-nos em Lisboa, no dia 10 de abril de 2021! 
Tore: A única vez que toquei em Portugal foi no casamento de uns amigos em Sintra. Agora mal posso esperar por estar em palco em Lisboa! Espero ver-vos a todos no concerto! Até lá, cuidem bem de vocês e dos outros!


For English version, click here

Entrevista por Isabel Martins