Para efeitos de contextualização, “Immoto” trata-se do terceiro lançamento desta banda, depois de uma pausa de seis anos entre lançamentos e o primeiro com um novo baterista (Giulio Galati), ou melhor, o quarto lançamento se contarmos com Murder Therapy - “Symmetry of Delirium” de 2009. Dito isto, a maturidade sonora apresentada por estes músicos é evidente desde o primeiro tema, sendo de destacar que a decisão de lançar um disco duplo apresenta um desafio artístico por si só.
Ora, o primeiro tema, “Sisyphos”, abre de forma lenta, com as guitarras apenas, seguindo-se a voz e a bateria, que vão acumulando energia até se revelar na sua plenitude esquizofrénica e polirrítmica, com a voz rasgada e dramática de Sean Worrell a ganhar destaque a par da bateria de Giulio Galati, até ao breakdown do baixo distorcido de Andrea Burgio.
O tema-título, por sua vez, mantém a mesma opressão sonora, sendo seguido de “Semicherchi”, sombrio a lembrar “Vicarious Atonement” dos Mars Volta (do álbum “Amputecture”). O tema mais bem conseguido do álbum, com a voz suave acompanhada das guitarras em delay e a bateria dispersa, mas a contribuir de forma muito bem conseguida para a atmosfera do tema. O segundo disco abre com “La Casa del diavolo” que segue a mesma atmosfera do tema precedente, com 12 minutos de crescente tensão.
“L’arca” é sinistro, com a bateria apoiada nos toms (como na introdução de “Bartzabel” dos Behemoth,), e as guitarras a juntarem-se de ambos canais para aumentar a atmosfera ameaçadora. Nesse aspecto, o de criar e manter uma atmosfera, Immoto é um álbum muito bem conseguido, com cada músico a contribuir de forma criativa para a opressão musical.
No entanto, o modo de execução desta forma de doom (com traços de rock progressivo) não contém a originalidade e vontade de abrir novos caminhos, apenas seguir os já trilhados por outras bandas desta sonoridade (por exemplo, A Storm of Light ou Terra Tenebrosa). Desta forma, ao fim de uma primeira audição torna-se difícil regressar para explorar melhor os pormenores, por vezes muito bem conseguidos deste álbum.
Nota: 6/10
Review por Raúl Avelar