"Premonitions" é um belo álbum em todos os sentidos (musical e liricamente falando). Mike Lamb e Emilio Crespo conversaram com a Metal Imperium sobre isso, as músicas, experiências pessoais e um videojogo. Espero que a apreciem tanto quanto nós!
M.I. - Vamos falar sobre o novo álbum: "Premonitions" que será lançado no dia 8 de maio, pela Napalm Records. Um álbum muito bonito, com um som único, no seu melhor. Como o descreveriam?
Mike L.: Obrigado por reservares um tempo para nos entrevistares! Eu descrevê-lo-ia como 'metal atmosférico'; existem elementos de melodic death, doom, black metal e influências retiradas de todos os lugares mas, o resultado final, soa a nós próprios. É o nosso trabalho mais pessoal.
M.I. - Como foi o processo de escrita para o lançamento? Permaneceu o mesmo ou aconteceu de uma maneira diferente?
Mike L.: Basicamente permaneceu o mesmo de sempre, Chloe e eu escrevemos a música e o Emilio adiciona as suas partes vocais, o Mike grava o seu baixo e o Riccardo ajusta a bateria que eu escrevo e gravo-a. Esse sistema funcionou muito bem para nós desde o início, então não nos vejo realmente a mudar.
M.I. - Este é o vosso primeiro registo, sob a alçada da Napalm. Eles deram-vos liberdade de criatividade? Musicalmente falando?
Mike L.: Sim, mantivemos o controlo criativo total sobre a música, a arte, a abordagem visual e tudo o mais. Essa foi a primeira coisa que conversei com a Napalm antes de assinarmos, certificando-nos de que não interferiríamos com nada disso, mas eles são uma discográfica incrivelmente amigável e solidária e esforçam-se para deixar-nos fazer o nosso enquanto nos apoia ao mesmo tempo.
M.I. - Ter uma formação internacional afeta o som da banda, em termos de criatividade e influências? De que maneiras? Como é que vocês se conheceram? Como são de vários países, o nome Sojourner (peregrino) é apropriado?
Emilio: O Mike e eu conhecemo-nos depois de ouvir a outra banda dele, Lysithea, e tornamo-nos fãs. Enviei-lhe uma mensagem e depois de conversar por vários meses, tivemos a ideia de formar os Sojourner. Eu acho que poderias dizer isso sobre o nome! Haha! O nome surgiu do nada um dia e encaixou muito bem devido ao som da música e também aos temas líricos, sendo tão baseados em fantasia e natureza.
Mike L.: Torna os concertos ao vivo e as amizades gerais da banda realmente divertidos, porque todos vimos de lugares diferentes. Em termos de criatividade e influências musicais, isso realmente não muda nada, porque somos nós dois que escrevemos, somos do mesmo lugar e temos muitas das mesmas influências.
M.I. - O vosso som é uma mistura de vozes agressivas e limpas e que se encaixam perfeitamente. O que influencia a vossa criatividade? Quais foram as principais influências?
Emilio: Cada um de nós possui as suas influências. Muitas podem ser as mesmas, mas há uma variedade tão grande de músicas que ouvimos nesta banda. Com as vozes, damos à música o que achamos que está a pedir. Não sentimos que precisamos seguir certas expectativas do género. Algumas músicas podem ter mais ideias límpidas e outras mais duras. As nossas influências são vastas: Borknagar, Insomnium, Draconian, Alcest... e a lista continua.
M.I. - O álbum foi misturado e masterizado por Øystein G. Brun (guitarrista de Borknagar) no Crosound Studio, na Noruega. Como foi trabalhar com um músico cuja banda tem um som semelhante ao vosso?
Mike L.: Quando entrei em contacto com o Øystein, foi porque adoro os Borknagar e percebi que ele abriu um estúdio. Sinto que ele entende a banda muito bem e entende o que queremos. Ele também é um dos tipos mais fixes de todos os tempos, por isso damo-nos muito bem!
M.I. - A arte gráfica foi feita mais uma vez pelo Sebastian Luca. Podemos ver o uso de cores, que representa muito bem a vossa música e as duas artes. Que ideias é que o Sebastian e vocês tiveram para esta capa? Contem-nos a história, por favor. Eu sei, ao ler um post no vosso Instagram, que era um tema recorrente num dos sonhos do Mike.
Mike L.: Sim, era um tema recorrente num sonho que eu tinha, apenas uma imagem estranha e arbitrária que aparecia imensas vezes. Então, conversei com Bast e mencionei que essas eram as cores que realmente queria que estivessem presentes, aquele amarelo vibrante contra um azul profundo e noturno. Ele fez isso, e ficou perfeito!
M.I. - Vamos falar sobre "The Deluge", lançado no dia 6 de março, dirigido por Oliver König. Disseste e cito: "The Deluge" representa as jornadas pessoais que os membros dos Sojourner passaram pelo último ano. Um dilúvio / inundação é um evento devastador que deixa um rasto de destruição no seu caminho e está encapsulado nas letras melancólicas, ritmo intenso e pistas empolgantes da música”. Claramente, dá ênfase a todos os pontos de vista. De que maneira? Foi difícil para vocês?
Emilio: Todos nós passamos por um difícil período pessoal, no ano passado, infelizmente. O bom de passar por tempos difíceis, é que traz o melhor das minhas letras. “The Deluge” foi escrito durante o meu pior período. Usei o elemento água como símbolo de me estar a afogar no desespero que estava a sentir naquele momento em particular. É uma música muito real e pura em todos os sentidos. As letras realmente já as tínhamos antes e depois compusemos a música em torno delas. Não é o modo como geralmente trabalhamos, mas para esta música parecia certo fazê-lo assim.
Mike L.: Sim, tal como o Emilio disse, foi um ano muito difícil para alguns de nós, na banda, por várias razões. Foi o pior ano das nossas vidas, coletivamente. Houve muita perda, arrependimento e dor incrivelmente profunda a acontecer, e acho que isso está presente no álbum em vários aspetos. Não é um momento que qualquer um de nós gostaria de reviver, mas o álbum é uma prova de sobrevivência e de que há vida, mesmo depois de batermos fundo do poço.
M.I. - "Fatal Frame" foi escrito e baseado em “Fatal Frame 2: Crimson Butterfly”, um jogo que jogas e de que és fã. É a música mais pesada e tecnicamente difícil deste álbum. Porque é que a decidiram basear no jogo?
Emilio: Eu estava a tentar escrever a letra com base no jogo há mais de 10 anos. É o meu jogo favorito de todos os tempos e a história sempre me cativou imenso. Quando o Mike me veio visitar no ano passado, jogamos o jogo e ele convenceu-me a tentar de novo. Escrevi uma parte da letra e, algum tempo depois, ele enviou-me a música completa. Fiquei impressionado com isso, pois era exatamente o tipo de música que tinha imaginado por tanto tempo. O resto da letra juntou-se sem esforço. Pessoalmente, tenho muito orgulho, pois sinto que demorou muito tempo!
Mike L.: Quando se trata de basear as músicas em jogos e coisas assim, adoramos reconhecer as coisas que nos moldam, enquanto músicos e pessoas. Os videojogos são uma dessas coisas, por isso escrevemos sobre o que adoramos.
M.I. - O Iberian Warriors Metal Fest, em Saragoça, Espanha, será nos dias 30 e 31 de outubro. O que esperam desta experiência?
Emilio: Eu morei em Espanha durante 6 anos antes de me mudar para a Suécia, portanto será muito fixe tocar em Espanha. Assisti a muitos concertos em Espanha, enquanto morava lá e o público é incrível. Esperamos receber o mesmo tipo selvagem de reação! Haha!
M.I. - Vocês tocaram no XII Milagre Metaleiro Open Air, em agosto do ano passado. Como descreveriam a experiência? Tiveram a oportunidade de ver a cidade e algumas bandas a tocar? Quais?
Emilio: Foi definitivamente uma experiência muito fixe, tocar tão longe das grandes cidades e estar nessa pequena cidade montanhosa. O festival em si foi muito amável e adoramos. A única coisa má foi que, devido a alguns atrasos durante o festival, tocamos às 4 da manhã e terminamos quase às 5:30! Mas foi uma experiência muito fixe e uma boa parte do público ficou para assistir ao nosso concerto e deu tudo de si como se ainda fossem 19h. Estávamos muito cansados logo antes do concerto, mas quando subimos ao palco, toda a nossa energia estava de volta e estávamos em total sincronia com o público. Definitivamente, uma experiência que sempre lembraremos.
M.I. - Muito obrigada pelo vosso tempo. Algumas palavras finais?
Emilio: Muito obrigada pelo teu tempo! Nós apreciamos todo o apoio que recebemos de fãs antigos e novos. É muito emocionante ver quantas pessoas gostam do que fazemos. Muito trabalho foi colocado nesta banda, mas sem apoiantes, nada disto teria acontecido na escala que tem. Então, obrigado a todos!
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Entrevista por Raquel Miranda