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Entrevista aos Carach Angren


Entre a confusão criada pelo surto de COVID-19, conseguimos falar com Clemens “Ardek” Wijers, dos Carach Angren. O novo álbum “Franckensteina Strataemontanus” criado pela banda oriunda dos Países Baixos, está prestes a ser lançado e foi precisamente este tópico, bem como tantos outros, que abordámos com Ardek. Com uma reputação já sólida no mundo do Metal, os Carach Angren esperam que tudo fique resolvido em breve para poder voltar a espalhar o terror por onde passam…Portugal incluído. Eis o que nos disse Ardek.

M.I. - Desde Portugal, a equipa da Metal Imperium envia-vos os melhores cumprimentos! Esperamos que esta entrevista vos encontre bem e sãos e salvos. Como é que os Carach Angren estão a lidar com este surto de COVID-19 até agora?

Olá e obrigado pelo convite! Bem, o mundo está basicamente em quarentena e tal implica muito menos atividade, principalmente na indústria da música. No entanto, a saúde vem em primeiro lugar e é a coisa mais importante neste momento, por isso estou feliz pelo facto de que vários países estão a tentar de uma forma eficaz e humana proteger todos aqueles que estão mais vulneráveis entre nós. Depois disso, calculamos os danos na economia e noutras áreas e seguimos em frente. É assim que vejo as coisas. A um nível pessoal estamos bem, estamos focados na música e na promoção do álbum atuamente.


M.I. – Portanto, “Franckensteina Strataemontanus” tem o lançamento planeado para junho deste ano. Na tua opinião, este surto irá afetar o lançamento no que diz respeito a datas, tours, etc.?

Claro, é este também o motivo pelo qual tivemos de o adiar por um mês. Várias bandas adiaram os seus lançamentos por muito mais tempo, mas já tínhamos concluído a gravação e a mistura, além de que toda a promoção começou ainda antes de tudo isto ter acontecido, pelo que decidimos continuar da melhor forma possível. Além disso, pode dar algo pelo qual as pessoas podem ansiar no meio de tudo isto e esperamos que também possa oferecer alguma forma de conforto. Estamos extremamente empolgados em relação ao álbum e estamos prontos para o apresentar ao mundo.
Da mesma forma, todo o mundo está a lidar com este problema... é o que é. Mas mais uma vez, a saúde é muito importante, é o mais importante neste momento, portanto esperemos que fique tudo sob controlo em breve.


M.I. – Este será o 6.º álbum de estúdio da banda até agora e os Carach Angren já são conhecidos há algum tempo devido às letras relacionadas com lendas e mitos, entrando no campo das histórias de terror. Este álbum não parece ser diferente. Conta-nos, o que é que te inspira nestas lendas?

Bem, a criação de álbuns concetuais tem crescido connosco desde o início. Lembro-me de que quando começámos os Carach Angren disse “E se combinássemos todas as músicas numa só história? Seria tudo muito mais fácil relativamente a toda a composição e produção em geral”. E assim foi e, na minha perspetiva, fiquei sempre com a sensação de termos conseguido criar um filme porque, a um nível músical e sonoro, temos conseguido abordar o assunto em questão. Além disso, é a base para a inspiração de capas de álbuns, vídeos, fotografias e todos os outros aspetos na banda. O que nos inspira é, antes de tudo o resto, o terror, o mistério e o incrível nestas lendas. São de outro mundo, repletas de fantasia e apelam às nossas emoções e à nossa imaginação. Precisamos disso. Precisamos de algo que nos motive e que nos incentive para podermos começar a criar um álbum.


M.I. – No início deste ano, em fevereiro, Namtar deixou a banda, tendo emitido um comunicado onde afirma que já não se sente satisfeito com o rumo das coisas na indústria da música, principalmente em relação aos eventos ao vivo. Pouco depois, em março, outro comunicado foi emitido pela banda, dando as boas-vindas a Michiel van der Plicht como novo baterista ao vivo. Consideras que isto é o fim de uma era, uma vez que o Namtar já se encontrava nos Carach Angren há tanto tempo? Há planos para que o Michiel se torne num substituto a tempo inteiro do Namtar?

Foi triste que ele tenha tomado essa decisão, mas em última instância não havia outro caminho. Tal como ele afirmou: já não estava satisfeito. Para mim e para o Seregor, a banda só tem crescido e, com este álbum principalmente, estamos extremamente empolgados. Trabalhámos nele de forma extremamente intensa, pelo que para nós é apenas a continuação do que já existia. Quando o Namtar nos informou da sua decisão, começámos imediatamente à procura de alguém que assumisse as tarefas na bateria e, felizmente, encontrámos o Michiel que estava disposto a nos ajudar no 70.000 Tons of Metal. Sentimos que foi uma excelente colaboração e decidimos dar-lhe continuidade. Ao mesmo tempo, eu e o Seregor estávamos a pensar em como continuar. Desde o início que, de certa forma, este tem sido o nosso projeto, pelo que ao nível da música e ao nível criativo não existe propriamente uma vaga. Se decidíssemos adicionar novos membros na banda de forma oficial, isso significaria a criação de uma banda totalmente nova e nesse caso teríamos de nos questionar se essa banda ainda seria os Carach Angren. Assim, decidimos que a banda seria composta por dois elementos e continuar a tocar com outros músicos em estúdio/eventos ao vivo de forma regular.


M.I. –Depois da saída do Namtar, “Franckensteina Strataemontanus” já se encontrava em produção. Tendo em conta que ele certamente teve um papel importante a desempenhar neste processo, que impacto é que isto teve no álbum e como é que afetou o processo de gravação?

Bem, olhando para trás, a sua motivação já não existia há algum tempo, mas no final conseguiu realizar as suas partes no álbum de forma satisfatória. Pouco depois disso, surgiram as propostas para as tours e foi nesse momento que ele nos comunicou que já não queria continuar. Isto aconteceu já em novembro. Tivemos algumas conversas entre os três para tentar ver o que poderia ser feito, mas a sua decisão era já definitiva. Portanto, basicamente a partir desse momento, eu e o Seregor tratámos de toda a promoção e de tudo o resto juntamente com a gestão, com a editora e com outras pessoas a ajudar-nos. Concordámos em aguardar um pouco antes de apresentar esta mudança ao mundo exterior, porque havia ainda algumas coisas a tratar.


M.I. – O vídeo de “Monster” foi também recentemente lançado. Fala-nos sobre as reações até agora. Existem planos para o lançamento de mais vídeos em breve? 

Sim, a resposta tem sido verdadeiramente positiva, além da resposta nas conferências de imprensa em Paris, Darmstadt e Nijmegen. “Monster” é uma música muito especial e foi uma amostra para o que se avizinha. Na sexta-feira, dia 24 de abril, lançámos uma nova música juntamente com um vídeo acompanhado pelas letras com o nome “Franckensteina Strataemontanus”. E depois disso, mais virão!


M.I. – Com uma presença em palco bastante impressionante, os planos para a tour que poderia acompanhar este novo álbum serão provavelmente afetados, infelizmente. Existem datas já planeadas para esta tour? Podemos esperar uma visita também a Portugal?

Penso que tudo irá acontecer no próximo ano, uma vez que vejo a situação atual a estender-se por muito tempo, infelizmente. Portanto, esperamos voltar a Portugal mais uma vez por essa altura! Adoramos visitar-vos e temos fãs incríveis que conhecemos na tour europeia do ano passado e nos festivais onde estivemos. 


M.I. –Entre “Lammendam” e “Franckentstaina Strataemontanus” existe uma diferença de 12 anos. Fala-nos sobre o progresso da banda desde o “Lammendam”. Que diferenças podemos ver ou ouvir desde 2008 até 2020?

Boa pergunta. Penso que connosco sempre houve um crescimento estável. Várias coisas não se alteraram em relação à música ou ao visual, apenas se desenvolveram cada vez mais. O que se passa connosco é que muitas coisas, se não todas, acontecem de forma intuitiva. Por vezes perguntam-nos quem está responsável pela coreografia em palco e pelo resto, mas nem sequer pensamos nisso. É algo que se desenvolve naturalmente durante os espetáculos. Acontece o mesmo com o processo de criação musical: assim que surge uma ideia, começamos a navegar nessa direção, prestando atenção ao assunto em questão e fazendo experiências. No final, as coisas simplesmente acontecem. Da mesma forma, houve um grande crescimento natural. Ao olhar para as minhas capacidades de composição e produção, verifico que cresceram imenso e tenho grande orgulho nisso. O Seregor desenvolveu também as suas competências de forma incrível. Se olhares para as suas atuações de agora, as máscaras que cria...está tudo num outro nível (risos).


M.I. –Por falar em progresso ao longo da vossa carreira, pelo caminho tiveram de lidar com a controvérsia quando um grupo local cristão vos rotulou (bem como a outras bandas que iriam atuar na véspera de Natal) de malignos e vos viu como um perigo para todos. Como se lida com isso e em que medida é que isso afetou o nome da banda na área?

Bem, esta tem sido a melhor publicidade de sempre. Foi uma benção (para usar um termo religioso [risos])! A sério, já se passaram quase cinco anos e é algo que continua a ser falado. Quando isso aconteceu, marcámos presença nas rádios nacionais, em notícias da TV nacional e todos nos defenderam, além de que conseguimos atuar perante uma audiência bem composta. Portanto, obrigado grupo cristão!


M.I. – Tendo em conta que isto não é algo de novo na indústria do Heavy Metal, com tantas outras bandas a passarem pela mesma experiência no passado, isto é algo que esperam ter de enfrentar novamente no futuro? O que é que, na tua opinião, gerou esta tensão do grupo local? Foram as letras, o som em geral, a vossa atuação em palco…?

É engraçado que tivemos bastantes atuações por todo mundo durante esse ano e logo o país onde menos esperávamos que tal acontecesse era o nosso próprio país tão liberal. Por outro lado, foi apenas um pequeno grupo local cristão, mas essa notícia espalhou-se rapidamente através dos meios de comunicação como uma história muito cativante. Penso que o que gerou essa tensão foi o facto de a atuação estar marcada para o dia 24 de dezembro, algo que eles e muitas pessoas veem como a celebração oficial do Natal. O que é algo perfeitamente compreensível! Além disso, o concerto foi promovido com uma das nossas imagens mais incríveis a dizer “Libertamos as forças demoníacas sobre Amstelveen”, se bem me lembro. Para mim era tudo francamente muito inocente, mas mais uma vez: grande publicidade.


M.I. – Olhando em frente, quais são os planos para o futuro e o que podemos esperar dos Carach Angren depois de estar confusão com o surto de COVID-19 ter terminado?

Queremos realizar a tour assim que possível depois de tudo e isto e apresentar o nosso novo álbum ao vivo!


M.I. – Há algo que queiram dizer aos nossos fãs em Portugal que esperam ansiosamente pelo vosso regresso?

Aguentem, nós adoramo-vos. Mantenham-se em segurança até que possamos espalhar o Terror novamente!

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