Os Disbelief possuem um daqueles nomes com que me esbarrei vezes sem conta. Vi-o em capas de álbuns, em revistas e em cartazes de festivais durante anos e, por alguma razão que desconheço, nunca o pesquisei nas habituais plataformas e matei a curiosidade. Mesmo nunca tendo ouvido uma nota que fosse, os Disbelief incutem seriedade - são muitos álbuns lançados, muita consistência, muitas críticas positivas e, consequentemente, respeito na cena.
Alguns passeios dados pela vasta discografia dos Disbelief, com especial ênfase neste último trabalho, a banda, cujo som produzido é habitualmente caracterizado como uma mistura entre death/thrash e sludge, em “The Ground Collapses”, o seu décimo primeiro álbum (!), transporta menos podridão pessoal do sludge e, em vez disso, tenta criar atmosferas apocalípticas com técnicas mais comuns no death/black metal, mantendo o seu compasso característico carregado de balanço. O trabalho de produção é talvez o maior responsável pela intensidade do material surgindo, a seguir, a voz de Karsten "Jagger" Jäger, como maior foco de interesse, dando à banda alguma personalidade.
A banda caminha entre grooves megalíticos e atmosfera. A tecnicidade do material é meramente marginal. As estruturas são simples e diretas. A relevância e inovação poderão ser discutíveis na medida em que a junção de alguns dos elementos que fazem os Disbelief os Disbelief, lhes conferem alguma personalidade, mas acorde a acorde, não existe nada que não possamos já ter ouvido de Nevermore, The Haunted e até Machine Head.
“The Ground Collapses” contém onze canções fatalistas e confesso que me eriçaram os pelos face ao mórbido destino vislumbrado nas paisagens descritas. A audição deste trabalho entretém pelo peso acudido pela produção potente, mas quanto mais tempo dentro, a atenção é desafiada pelo compasso a meio tempo demasiado constante, estruturas pouco interessantes e evidente falta de inovação.
Com quase 30 anos de carreira, os Disbelief soam fortes, a voz de Jagger continua a ser o principal foco de interesse e de personalidade da banda e, por si só, vale a pena a audição de “The Ground Collapses”. Continua a ser plausível o criticismo e, em simultâneo, o bem-dizer pela simplicidade, demasiada confiança na produção e utilização de riffs e grooves rechonchudos. Para os fãs, é mais um disco do mais sólido que há. Recomendo este álbum aos sedentos por algo direto, pesado, com balanço a rodos (à Machine Head) e produção perfeita. Eu consegui tirar bastante deste “The Ground Collapses”, mesmo admitindo que não rodará muitas mais vezes do que as necessárias para escrever este texto – que foram bastantes. Talvez vocês também consigam.
Nota: 7/10
Review por David Silva