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Reportagem: The Dirty Coal Train, Thee O.B´s, The Ema Thomas e Casal Ventoso @ Sabotage Club, Lisboa - 28/02/2020


Quem visitou o Sabotage nesta noite não pôde deixar de reparar na alteração da decoração da sala. Tudo feito com muito gosto, só possível a quem viva a música de forma única como é costume nesta casa e com as bandas que a visitam. O objetivo era claro. Tornar esta noite ainda mais especial. Quatro nomes compunham o cartaz e a coisa prometia, se bem que, não eram propriamente quatro bandas. Já lá vamos.


Os ´Thee O.B´s iniciaram a sua atuação às 23h20 com o tema “Here You Go” e logo se viu que esta seria uma noite carregada de boa disposição. Rock simples, sem truques, tudo muito direto para que nada se perca na relação entre quem toca e quem ouve, assim é a música deste trio que até prescindiu de um baixo em quase todo o set. “Isto está muito bommm”, referiu o vocalista que é também um dos guitarristas da banda logo que terminaram de interpretar o primeiro tema. Seguiu-se “Angie” e ninguém tirou o pé do acelerador, nem em cima, nem fora do palco. A Sabotage estava quase cheio e toda a gente dançava ao som do “rock de garagem” feito pelos Thee O.B´s. “Some Say You Do” foi uma música muito bem recebida pela audiência e para o último tema foi pedida a participação de Pedro Enguiça para que se encarregasse do baixo naquele que foi o último da noite.

Seguiram-se as The Ema Thomas e embora não seja fácil, vou tentar explicar o que se passou. Duas jovens mascaradas de enfermeiras sexys, apresentaram-se no palco para interagirem com o público o mais possível. Sempre ao som de bandas punk que se faziam ouvir, tal como Vulpess, Dead Kennedys e outros mais. 
Pistolas de água, confettis em forma de falos, notas de dez euros com pénis impressos, fruta e cerveja pelo ar enquanto se ouvia “Too Drunk To Fuck”, a loucura instalou-se no Sabotage durante dez minutos.

Os The Dirty Coal Train têm uma já vasta discografia e não se ficaram pelo seu último trabalho Primitive. Embora tenham iniciado o seu concerto com “Lazercunt/Dildocop”, os planos para esta noite fizeram com que a setlist incluísse também temas dos seus álbuns mais antigos. Uma retrospetiva, em jeito de best of, para este trio que tem muito por onde escolher. O que se percebe na atuação dos The Dirty Coal Train é a sua paixão pela música. Temas rápidos, curtos e crus, de forma a que quando nos estamos a habituar a uma música, ela termina e logo se inicia outra. Não há tempo a perder no mundo do rock n´roll, punk, ou pós-punk, mais a mais quando ele se inspira no imaginário fértil dos filmes de terror chamados série-B. Beatriz e Ricardo, os dois guitarristas e vocalistas da banda, deram um concerto de arrasar, juntamente com o baterista Pedro. Apenas uma pausa e essa justificava-se pois era necessário falar sobre a situação do Sabotage, por o dedo na ferida, como se costuma dizer.
Depois de um tema dedicado a Ricardo (afinal o rapaz fazia anos), que ainda não tinha sido sequer ensaiado e que tinha tudo para correr mal, mas correu bem, Beatriz largou a sua guitarra e veio para o meio do público cantar. Era mesmo dia de festa e o palco era como se não existisse. Isso ficou ainda mais evidente no último tema da noite, “I Wanna Be Your Dog”, mítico tema de Iggy Pop & The Stooges que foi cantado pelo público que se apropriou dos microfones. Concerto eletrizante dos The Dirty Coal Train nesta noite.

Faltavam ainda os Casal Ventoso, que são isso mesmo, um casal. 
A sua atuação limitou-se a uns passos de dança em cima do palco ao som de algo semelhante a techno. 
Pouco cantaram e embora a sua música não se enquadre naquilo que é a Metal Imperium, conseguiram divertir o público que ainda se encontrava no Sabotage.



Texto por António Rodrigues
Fotografias por Vasco Rodrigues
Agradecimentos: Sabotage Club