Quem visitou o Sabotage nesta noite não pôde deixar de reparar na alteração da decoração da sala. Tudo feito com muito gosto, só possível a quem viva a música de forma única como é costume nesta casa e com as bandas que a visitam. O objetivo era claro. Tornar esta noite ainda mais especial. Quatro nomes compunham o cartaz e a coisa prometia, se bem que, não eram propriamente quatro bandas. Já lá vamos.
Os ´Thee O.B´s iniciaram a sua atuação às 23h20 com o tema “Here You Go” e logo se viu que esta seria uma noite carregada de boa disposição. Rock simples, sem truques, tudo muito direto para que nada se perca na relação entre quem toca e quem ouve, assim é a música deste trio que até prescindiu de um baixo em quase todo o set. “Isto está muito bommm”, referiu o vocalista que é também um dos guitarristas da banda logo que terminaram de interpretar o primeiro tema. Seguiu-se “Angie” e ninguém tirou o pé do acelerador, nem em cima, nem fora do palco. A Sabotage estava quase cheio e toda a gente dançava ao som do “rock de garagem” feito pelos Thee O.B´s. “Some Say You Do” foi uma música muito bem recebida pela audiência e para o último tema foi pedida a participação de Pedro Enguiça para que se encarregasse do baixo naquele que foi o último da noite.
Seguiram-se as The Ema Thomas e embora não seja fácil, vou tentar explicar o que se passou. Duas jovens mascaradas de enfermeiras sexys, apresentaram-se no palco para interagirem com o público o mais possível. Sempre ao som de bandas punk que se faziam ouvir, tal como Vulpess, Dead Kennedys e outros mais.
Pistolas de água, confettis em forma de falos, notas de dez euros com pénis impressos, fruta e cerveja pelo ar enquanto se ouvia “Too Drunk To Fuck”, a loucura instalou-se no Sabotage durante dez minutos.
Os The Dirty Coal Train têm uma já vasta discografia e não se ficaram pelo seu último trabalho Primitive. Embora tenham iniciado o seu concerto com “Lazercunt/Dildocop”, os planos para esta noite fizeram com que a setlist incluísse também temas dos seus álbuns mais antigos. Uma retrospetiva, em jeito de best of, para este trio que tem muito por onde escolher. O que se percebe na atuação dos The Dirty Coal Train é a sua paixão pela música. Temas rápidos, curtos e crus, de forma a que quando nos estamos a habituar a uma música, ela termina e logo se inicia outra. Não há tempo a perder no mundo do rock n´roll, punk, ou pós-punk, mais a mais quando ele se inspira no imaginário fértil dos filmes de terror chamados série-B. Beatriz e Ricardo, os dois guitarristas e vocalistas da banda, deram um concerto de arrasar, juntamente com o baterista Pedro. Apenas uma pausa e essa justificava-se pois era necessário falar sobre a situação do Sabotage, por o dedo na ferida, como se costuma dizer.
Depois de um tema dedicado a Ricardo (afinal o rapaz fazia anos), que ainda não tinha sido sequer ensaiado e que tinha tudo para correr mal, mas correu bem, Beatriz largou a sua guitarra e veio para o meio do público cantar. Era mesmo dia de festa e o palco era como se não existisse. Isso ficou ainda mais evidente no último tema da noite, “I Wanna Be Your Dog”, mítico tema de Iggy Pop & The Stooges que foi cantado pelo público que se apropriou dos microfones. Concerto eletrizante dos The Dirty Coal Train nesta noite.
A sua atuação limitou-se a uns passos de dança em cima do palco ao som de algo semelhante a techno.
Pouco cantaram e embora a sua música não se enquadre naquilo que é a Metal Imperium, conseguiram divertir o público que ainda se encontrava no Sabotage.
Texto por António Rodrigues
Fotografias por Vasco Rodrigues
Agradecimentos: Sabotage Club