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Porta Nigra - "Schöpfungswut" Review


A intrepidez pode ser vista como uma heresia para os mais convencionais ou uma oportunidadade de criar algo de novo, independente das influências, que por si têm como base, falando aqui especificamente na questão musical. Cada vez mais os sub-géneros do metal se ramificam em outros e assim se desenvolve para outras expressividades e cada vez mais é evidente bandas a quererem provar que é possivel fazer algo em relação a isso. 

Um som moderno e uma produção arrojada associado a uma sonoridade limpa, ou seja, sem aquela impuridade que agrada aos mais conservadores do Black Metal, fazem desta banda um desafio ou mesmo uma incitação para o desconhecido, para aqueles que pretendem manter o carácter mais obscuro e negro de que é caracteristico deste género. 

Assim sendo e sem mais demoras, estamos desta forma a falar dos Porta Negra, oriundos da Alemanha, mostrando aqui um Avant Garde Black Metal, melódico, bem trabalhado sem sombra de dúvida. Se perscrutarmos pela sonoridade que a velha escola nórdica sempre nos mostrou, é mais plausível de que esta banda se considere como uma afronta. Contudo, deixando à parte por vezes os nossos preconceitos e visões herméticas de como deveria ser ou não a sonoridade de uma banda, damos aos nossos ouvidos um ensejo  de nos deixar levar diferentes ambientes que a própria música nos envolve. Sedutor e absorvente no modo como esta banda nos apresenta, de mãos dadas com um equilibrio inteligente entre agressividade e melodia, ritmos encadiados. Os vocais alcançam um patamar em que se sobressaiem na maioria das músicas, inabaláveis e poderosos, do rasgado ao gutural, havendo como "sombra " vozes limpas. Evidente é a inexistencia da marca da velha escola nórdica, se estivermos a falar de um som mais tosco e rude. 

Guitarras constantes, com próprias tonalidades e diversificadas, ritmo constante na bateria e que marca o tempo, fazendo com que as guitarras a acompanhem de forma permanente. Arrojado e determinado a não seguir a velha linha estrutural do qual se conhece no black metal. A produção não demonstra quaisquer dúvidas de que se destaca , o que de certa forma contraria a essência rude e tosca de tocar da velha escola do Black Metal. De modo algum sentimos um som arrastado ou mesmo vagaroso e, até por contrário, pouco são os momento em que a bateria repousa. Veemente na forma e no modo como se vincula a modernidade e, por mais que tetentemos evidenciar influências, o mais próximo que podemos mencionar é Belphegor. 

Cantar na língua de origem é sempre um desafio e ainda por cima em alemão, fazendo tudo se tornar uma incógnita, essencialmente quando queremos perceber a sua mensagem e a sua componente lírica. 

Enceta-se e com toda a potencialidade do qual lhe é digna, temos a "Dies Kosmiker", coesa na sua estrutura, constante com alterações equilibradas de bateria, totalmente não ortodoxo se formos remeter a forma como era tocada nos anos 90, mais precisamente no caso da vaga do Black Metal Norueguês. A "Unser Weg Nach Elysium" não se distingue muitos das demais faixas, contudo notamos um uso mais acentuado de duplo pedal e blast beats e o mesmo se passa com a "Die Augen des Basiliken", que, no entanto, nota-se um primor nas guitarras, um solo de guitarra um tanto acanhado com pouca expressividade, pois assim que se inicia a mesma termina. A "Das Rad des Ixion" remete logo à vista uns vocais que se assemelham a Till Lindemann dos Rammstein e que por sua vez nada se confina ao tipico Black Metal, sendo uma oposição estrutural totalmente fora do que é suposto e premeditado. 

Apesar do álbum não possuir muitas faixas, abordaram-se aqui as que mais se destacavam, fazendo desta forma uma avaliação justa chegando a conclusão de que estamos perante um trabalho eclético e  que não segue a linha conservadora do Black Metal. Genuíno e enérgico, isento de uma carga ou ambiência tenebrosa, a sonoridade destaca-se pela limpídez. Moderno e temerário para os que pretendem ouvir para abrir novos horizontes, ou então uma afronta, ou até mesmo uma injúria, para os mais ortodoxos ouvintes do Black Metal.

Por: 7/10

Review por Norberto Seck