Noruega profunda. Desolação gelada e inerte…a moldura perfeita para mais uma incubação nefasta do mais puro Black Metal nórdico… "Styggdom" vai-nos ser apresentado como uma “abominação” aos nossos sentidos mais crus e selvagens… sente-se uma iluminação dos grandes mestres na sua invocação e materialização.
Para os amantes do saudosismo e da mais vincada profanação, neste segundo longa duração vão encontrar alguns pormenores muito interessantes…o grito inicial da malha "Slakt dem, der de loeper hodeloese rundt baalet" vai rasgar-nos a imaginação, a delicadeza melódica é de imediato o transbordo para o clássico black metal enraizado nas cinzas, ainda fumegantes, de uma qualquer igreja de uma qualquer época… a religião é aqui, talvez, o epicentro intemporal.
A produção dos vocais e da impiedosa secção rítmica é realmente assombrosa… é esta cultura nórdica que mais me impressiona. Tudo o resto pode apenas arder e ser esquecido, mas toda esta capacidade de obter “aquela” sonoridade diabólica essa sim é inata a esta gente!!! Por isso mesmo o mais clássico Black Metal é simplesmente fabuloso na sua poesia estrutural e musical. Aqui a simplicidade é mais perturbadora ainda, sem querer saltar a ordem natural do álbum, ouça-se "Heksebrann". Perceba-se a originalidade de querer criar sentimento… para mim isto é sentido.
Agora sim, e voltando atrás na estrutura original, "Skoddeskot" vai nos romper as fronteiras do antigamente… sem dúvida os Emperor reinam na nossa imaginação. A intenção de alterar o ADN é notória, mas, ainda assim haveria todo o tempo do mundo para mais alguma corrosão e personalidade.
"Gatelangs i land og rike" e "Hedninger av en svart verden", são simplesmente demolição bélica de uma beleza rítmica impressionante…as duas perpetuam-se na mais simples forma de arte.
A destacar por último, "Guds djevelske nærvær" vai-nos deixar a pensar que tudo o que ouvimos não foi mais que uma interpretação de algo concreto e intencional. Momentos que nos transportaram para as raízes de um local mágico, macabro e maquiavélico.
"Styggdom" foi certamente ouvido e vivido em várias outras ocasiões, mas o que torna este álbum diferente é a sua prepotência a tudo isso. Não é certamente “mais do mesmo” o que aqui se passou. Como num poema, o mesmo só faz sentido se nas entrelinhas não fizer sentido.
Nota: 7.5/10
Nota: 7.5/10