O Death Doom considera-se um daqueles sub-géneros que revelam um insigne equilíbrio entre brutalidade e morosidade, sendo que, por mais estranho que pareça, conseguem conviver de forma harmoniosa, e a prova disso é a existência de bandas como Obituary, contudo, os Konvent conseguem transpor essa lentidão para um nível ainda mais intenso e constante, podendo ainda criar um outro sub-género dentro do Death Doom, ou seja, e se chamasse-mos Death Slow Motion Metal?
Categorias e rótulos aparte, os Konvent investem no peso sem sombra de dúvida, fiéis na lentidão e na simplicidade como expressam a sua música, não evidenciamos muitas mudanças rítmicas ou texturas díspares, não tendo nenhum receio em permanecerem no mesmo compasso em todo o álbum, apostando em composições sem qualquer adorno ou barroquismo, primitivas e brutas como se pretende e cobiça-se a sonoridade mais Death, pois aqui o Doom prepondera de forma considerável e inevitável.
Todas as faixas aspiram a máxima lentidão, cobiçando uma estrutura hermética, dando aqui a sensação de que as mesmas são todas semelhantes e, por mais que queiramos analisar na profundidade cada uma delas, acaba por ser um exercício em vão, pois a similaridade é patente, podendo mesmo asseverar de que o álbum poderia-se considerar como uma única música com diversas fases ou estágios.
Louvável e meritório é a voz da vocalista Rikke, provando aqui uma guturalidade permanente e consistente, podendo também ser comparável à voz de Karl Willets dos Bolt Thrower, podendo aqui ser distinto a "Puritan Masochism" como abertura do álbum.
As influências podem não ser muitas ou até evidentes, mas se citarmos My Dying Bride em algumas alturas durante o álbum não seria de todo erróneo em admiti-lo. Complexidade inexistente, padrões inalteráveis e peso arrastado, três características no qual se fundamenta o álbum.
A sobrelevar e destacar temos as faixas siamesas " Ropes Pt. I" e "Ropes Pt. II", de uma melancolia que se transborda uma profunda prostração na sonoridade, dando aqui um ambiente soturno e pesado, sendo que as vozes carregam o gutural notório com poucas alterações. Acordes simples, ausência de solos, despretensiosos e rudimentares. A "Ropes Pt. II" conserva a mesma essência, mas sem a simplicidade acústica inicial, contudo nota-se a preservação do mesmo tipo de estrutura, no entanto, a forma de expressão vocal é ligeiramente alterada, deambulando entre um gutural e um vocal mais estridente, não desdenhando o trabalho metódico da baterista Julie Simonson, que mantém sempre o mesmo ritmo de bateria e que se afirmarmos que é lento muitas das vezes soa a eufemismo.
Não há duvida de que os Konvent personificam a máxima frouxidão na sua sonoridade, transparecendo assim, sem sombra de dúvida, na integridade do álbum. A esperança de sermos confrontados com variantes nas faixas acaba por esmorecer, sendo expectável e previsível como será o desenrolar de cada uma das músicas. Interessante aqui altercar para que lado tendem os Konvent, sendo mais para o Doom ou para o Death, uma questão em aberto, rematando no entanto que existe uma distribuição equitativa de peso e arrasto bastante inteligente em toda as faixas.
Independentemente do que foi asseverado anteriormente acerca do inclinamento da banda, "Puritan Masochism" oferece-nos uma proposta interessante em que a brutalidade no peso e a lentidão excessiva viajam lado a lado, misturando-se, conjugando-se, opondo-se um ao outro criando aqui texturas próprias e uma ambiência que nos leva a atmosferas mais carregadas de uma força mais sombria e obscura.
Remata-se assim com uma recomendação para apreciadores de sons mais lentos, taciturnos e abatidos, que almejam experiências novas, mundos dissemelhantes, em que a contrariedade entre a agressividade e o vagar combinam e complementam-se, e porque não a possibilidade de pisar em palcos Lusitanos? Pelo menos a garantia de não haver nódoas negras era certa, pois o seu som, mais uma vez, não incita a um belo moshpit, mas a uma apreciação mais introspectiva.
Nota: 8/10
Nota: 8/10
Review por Norberto Seck