Meia casa no RCA Club nesta noite para assistir a três bandas nacionais, com diferentes registos sonoros. Os Centopeia, novo projeto que já teve o privilégio de partilhar recentemente o palco com os Trinta & Um; os My Master the Sun que lançaram um brilhante novo álbum no final do passado ano e os Shivers, que com o seu punk rock provam não ser necessário muita gente em cima do palco para entreter o público.
Os Centopeia foram os primeiros a atuar nesta noite. Esta ainda jovem banda é, no entanto, formada por músicos experientes com ligações a grupos como Grankapo, Dr. Bifes e Jackie D. Neste projeto, o som que procuram explorar é o stoner punk e este concerto, apesar de ser apenas o seu segundo, mostrou toda a irreverência deste quarteto que quer levar a sua música a mais palcos e a mais pessoas. Habituados a vê-lo noutras funções, Rui Correia nesta banda encarrega-se da bateria, não sendo por isso que deixou de ajudar nas vocais como pudemos comprovar logo ao segundo tema “Bad Day”. Tiago Rato, que é aqui o vocalista, agradeceu a presença de todos os presentes e dedicou o tema “October 7th” a Sérgio Curto. A atuação dos Centopeia encerrou com “Danger” e deixou muito boa impressão e visivelmente satisfeitos todos quantos a ela assistiram.
Seguiram-se os My Master the Sun que se têm mostrado incansáveis na promoção do mais recente trabalho 1000 Ogivas de Fel Cairão Sobre Ti. Nome fantástico, para um álbum também ele fantástico e para comprovar isso mesmo eles interpretaram-no quase na integra. Apresentando-se em palco com cinco elementos, algo que veio para ficar, pudemos então ouvir o tema “TV”, do álbum A Arte da Desobediência, para de seguida entrarem a fundo em 1000 Ógivas… O próprio alinhamento do disco foi respeitado e o terceiro tema, que dá o nome ao álbum, foi bastante aplaudido. Os My Master the Sun oferecem poesia em português, não declamada, mas gritada aos nossos ouvidos para que faça sentido com a sua música. O seu sludge/stoner foi bastante apreciado e o tema “Apneia” foi o mais aplaudido da sua atuação que encerrou, tal como abriu, com nova visita a A Arte da Desobediência.
Já passava das 01h10 quando os Shivers subiram ao palco do RCA. A sugestiva capa de Azeite com Distorção, nome do álbum de 2018, estava numa lona por trás do palco e logo pelo seu grafismo se podia perceber que a atuação dos Shivers iria ser sinónimo de divertimento. Se dúvidas houvesse, elas dissiparam-se com os confettis lançados logo ao primeiro tema. A indumentária usada pelos dois músicos era também ela engraçada e reduzida, no caso do baterista João Arroja. Embora este projeto tenha começado em 2001, esta era a primeira vez que atuavam no RCA, a casa do rock, segundo Igor Azougado que não escondeu a sua satisfação. O concerto deste duo foi um autêntico desfilar de temas rock (do popular, segundo eles), sempre intercalado por anedotas, piadas e guitarras partidas. Todos os temas são cantados em português e possuem nomes engraçados como: “Pintelho na Manteiga”, “Revolta dos Kebabs” ou “A Maluca do Terceiro”. O ritmo dos seus temas permitiu um mosh pit e até um stage diving. Houve ainda tempo de convidar o conhecidíssimo David Pais ao palco para ajudar a cantar um tema e mais à frente, também um ilustre desconhecido, que pelo simples facto de ter dito que sabia tocar guitarra, foi convidado a subir ao palco para o fazer. Mais umas músicas intercaladas por outras tantas piadas e os Shivers terminaram a sua atuação, encerrando a noite num clima de boa disposição quando o relógio do RCA já marcava as 02h00.
Texto por António Rodrigues
Fotografia por Sofia Monteiro
Agradecimentos: My Master The Sun Management