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Reportagem: Dream Theater @ Campo Pequeno, Lisboa - 02/02/2020


Adorados por muitos, incompreendidos por alguns. Este é o fado que tem acompanhado os Dream Theater praticamente desde os seus primeiros álbuns, já lá vão quase trinta anos. O que é indesmentível é que eles são hoje sinónimo do chamado metal progressivo e têm uma vasta legião de fãs. Alguns dos seus trabalhos, lançados na sua já longa carreira, são verdadeiras obras primas do género. Arrisco-me a nomear dois, mas poderiam ser mais: "Images and Words" de 1992 e "Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory" de 1999, este último um dos motivos desta gigantesca tournée. 

É verdade. Este álbum com cerca de vinte anos, é um dos responsáveis desta tour e consegue até retirar algum protagonismo a "Distance Over Time", que foi lançado no passado ano e que é também motivo desta digressão. Assim sendo, o público presente, que quase encheu o Campo Pequeno, teve o privilégio de assistir a um espetáculo dividido em duas partes. A primeira serviu para promover o novíssimo "Distance Over Time" e a segunda para celebrar os vinte anos de "Metropolis Pt. 2" e que melhor maneira de o fazer senão tocando-o na integra? 
Foi exatamente isso que aconteceu, num concerto que teve quase três horas de duração. Nada que assuste estes meninos conhecidos por já terem dado espetáculos de cinco horas. Sem banda de suporte, os Dream Theater iniciaram a sua atuação pelas 20h00 com o tema “Untethered Angel” e logo se confirmou que este concerto é uma grande produção. Todo o aparato em palco, jogos de luzes e um filme constantemente a passar por trás da banda, aumentaram substancialmente a qualidade do espetáculo.

Vários temas de "Distance Over Time" foram tocados, apenas interrompidos para curtas visitas a outros dos seus álbuns, que foram feitas com as músicas “A Nightmare to Remember” (com James LaBrie no final a gabar o nosso país, onde tudo é fantástico, inclusive o vinho) e “In the Presence of Enemies, Part 1”, nada de muito antigo, portanto. A componente instrumental desta banda é assinalável e permite que James LaBrie se ausente do palco por diversas vezes, sempre por largos minutos, deixando o espetáculo entregue aos seus colegas. Foi assim durante todo o concerto. 

Após um intervalo de vinte minutos a banda regressou para interpretar "Metropolis Pt.2" e assim que a introdução se fez ouvir, confirmou-se que a expetativa do público residia mais nesta segunda parte do concerto. O som estava perfeito e os temas foram interpretados respeitando escrupulosamente a disposição do álbum. 

A bateria de Mike Mangini é enorme, parece até que tem rés-do-chão e primeiro andar, mas este exímio baterista, a quem coube a difícil tarefa de substituir o mítico Portnoy, provou que nada do que ali está é decorativo, fazendo questão de usar todos os elementos que compõe o seu kit. Jordan Rudess por diversas vezes usou o seu teclado que se assemelha a uma guitarra e com ele preso por uma alça dirigiu-se para a frente do palco, para aí fazer os seus solos, provando que o elemento mais estático dos Dream Theater é mesmo John Myung.  Tudo isto enquanto assistíamos a um filme de banda desenhada que nos ajudava a perceber todo o conceito deste álbum. Nesse mesmo filme, pudemos assistir a uma homenagem, da banda, a alguns músicos já falecidos, tais como Bowie, Mercury, Zappa, Burton, Vaughn e outros mais. Para o tema “Home”, LaBrie pediu a ajuda do público e teve-a, mas o momento alto da noite foi seguramente dividido entre as músicas “One Last Time” e “The Spirit Carries On”, com a guitarra de Petrucci a maravilhar os presentes com cada nota por ela produzida. Simplesmente arrepiante. Depois de Gondomar, também Lisboa desta vez teve oportunidade presenciar um magnifico concerto dos Dream Theater, daqueles que ficam para a história. Depois de “Finally Free”, todos os elementos da banda deixaram o palco, tal como prometido Metropolis Pt. 2 tinha sido tocado por inteiro e tinha terminado, mas o público não arredou pé e a banda voltou para se despedir ao som de “At Wit´s End”, mais um tema de "Distance Over Time".


Texto por António Rodrigues
Fotografia por Diana F. Rodrigues
Agradecimentos: Everything Is New